Paranja – Wikipédia, a enciclopédia livre

Mulher sarte a usar um paranja, Samarcanda, Império Russo (actual Usbequistão), c. 1910
Exemplo dum paranja em Bucara c. 1998

Paranja[1] (ou Paranji) de فرنجية (Паранджа)[2] é uma toga tradicional da Ásia Central usada por mulheres e meninas, que, quando usada tapava o corpo e a cara.[1][3] É também conhecido por "burqa" noutras línguas. É similar no estilo básico e na função em relação a outros estilos regionais como o chadari afegão. A paranja era usada pelas mulheres para cobrirem-se totalmente nas cidades da Ásia Central.[4]

Nas áreas sedentárias muçulmanas da Ásia Central (os actuais Usbequistão[5] e Tajiquistão), as mulheres usavam estas veste para tapar a cara inteira. Esta roupa era usada nesta região antes da invasão comunista, tendo sida baneada pelos Comunistas Soviéticos.[6][7][8] O presidente do Taquijistão Emomali tem proclamado que os burcas não são parte da cultura tajique.[9] Esta veste foi atacada pelo governo de Atambaiev, os presidente do Quirguistão.[10]

A parte que cobria a cara, conhecida como o chachvan (ou chachvon), era muito pesada e feita de pelos de cavalo. Era especialmente popular entre as mulheres e raparigas urbanas usbeques e tajiques. O paranja era usado na Corásmia.[11][12] Também foi usado durante o domínio da dinastia xaibânida.[13]

Na década de 1800 há registo da mulheres estarem obrigadas a levar o paranja quando estavam fora de casa.[14] O paranja e o chachvon eram por 1917 comuns entre as mulheres urbanas das bacia dos rios meridionais. Era menos frequente nas zonas rurais e quase nunca usado pelos nómadas da estepe.[15]

A política de banimento do burca feita pelos soviéticos era chamada "hujum" na RSS do Usbequistão.[16]

Devido ao facto das mulheres tajiques e usbeques usarem paranjas, Lord Curzon na sua viagem por estas paragens em 1886 não conseguiu ver o rosto de nenhuma mulher.[17]

A Revolução de Outubro russa encorajou a emancipação da mulher e desencorajou ou baneou o burca, incluindo desta maneira o paranja.[18] A União Soviética tentou desvalorizar o paranja mas as mulheres muçulmanas que usavam burca responderam matando as mulheres que tinham sido enviadas para fazê-las deixar de usá-lo.[19] Os usbeques oposeram-se violentamente contra a campanha anti-paranja, anti-matrimónio infantil e anti-poligamia iniciada pela União Soviética.[20]

Referências

  1. a b Ahmad Hasan Dani; Vadim Mikhaĭlovich Masson; Unesco (1 de janeiro de 2003). History of Civilizations of Central Asia: Development in contrast : from the sixteenth to the mid-nineteenth century. [S.l.]: UNESCO. pp. 357–. ISBN 978-92-3-103876-1 
  2. «Словник ісламізмів». Словник ісламізмів (em ucraniano). Consultado em 27 de novembro de 2016 
  3. Kamoludin Abdullaev; Shahram Akbarzaheh (27 de abril de 2010). Historical Dictionary of Tajikistan. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 129–. ISBN 978-0-8108-6061-2 
  4. Krueger, Carolyn (2011). «Uzbek Dance A Short History». Gulistan Dance Theater 
  5. «Definição ou significado de usbeque no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  6. Kamoludin Abdullaev; Shahram Akbarzaheh (27 de abril de 2010). Historical Dictionary of Tajikistan. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 129–. ISBN 978-0-8108-6061-2 
  7. Kamoludin Abdullaev; Shahram Akbarzaheh (27 de abril de 2010). Historical Dictionary of Tajikistan. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 381–. ISBN 978-0-8108-6061-2 
  8. «2003/176/2 Veiling garment (paranja), womens, embroidered cotton/ metallic ornaments/ buttons, made by Tajik woman in Russian Turkestan, c. 1900». www.powerhousemuseum.com (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2016 
  9. Pannier, Bruce (1 de abril de 2015). «Central Asia's Controversial Fashion Statements». Radio Free Europe Radio Liberty 
  10. «Kyrgyzstan president: 'Women in mini skirts don't become suicide bombers'». BBC News (em inglês). 13 de agosto de 2016 
  11. «Traditional Costume of Uzbek Women of the Late 19th and 20th Centuries Khorezm | San'at | Archive of San'at magazine». sanat.orexca.com. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  12. http://www.karakalpak[ligação inativa]. com/jegde.html
  13. «From the History of the Evolution of Uzbek National Costume | San'at | Archive of San'at magazine». sanat.orexca.com. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  14. «Asian Muslim Women's Fashion History». Aquila Style (em inglês). 26 de março de 2015 
  15. Northrop 2001, p. 198
  16. Hierman, Brent (20 de janeiro de 2016). «Citizenship in Soviet Uzbekistan». Dissertation Reviews 
  17. «2003/95/1 Face veil, womens, (chachvan), looped construction, horsehair/ cotton, unknown maker (gypsy nomad woman), Russian Turkestan, c. 1900». www.powerhousemuseum.com (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2016 
  18. «Background: Women and Uzbek Nationhood». Human Rights Watch. Consultado em 16 de setembro de 2010 
  19. «Clothes of the Past». www.khiva.info. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  20. «The untold story of Uzbekistan's dancer extraordinaire». Aquila Style (em inglês). 30 de março de 2015