Paranja – Wikipédia, a enciclopédia livre
Paranja[1] (ou Paranji) de فرنجية (Паранджа)[2] é uma toga tradicional da Ásia Central usada por mulheres e meninas, que, quando usada tapava o corpo e a cara.[1][3] É também conhecido por "burqa" noutras línguas. É similar no estilo básico e na função em relação a outros estilos regionais como o chadari afegão. A paranja era usada pelas mulheres para cobrirem-se totalmente nas cidades da Ásia Central.[4]
Nas áreas sedentárias muçulmanas da Ásia Central (os actuais Usbequistão[5] e Tajiquistão), as mulheres usavam estas veste para tapar a cara inteira. Esta roupa era usada nesta região antes da invasão comunista, tendo sida baneada pelos Comunistas Soviéticos.[6][7][8] O presidente do Taquijistão Emomali tem proclamado que os burcas não são parte da cultura tajique.[9] Esta veste foi atacada pelo governo de Atambaiev, os presidente do Quirguistão.[10]
A parte que cobria a cara, conhecida como o chachvan (ou chachvon), era muito pesada e feita de pelos de cavalo. Era especialmente popular entre as mulheres e raparigas urbanas usbeques e tajiques. O paranja era usado na Corásmia.[11][12] Também foi usado durante o domínio da dinastia xaibânida.[13]
Na década de 1800 há registo da mulheres estarem obrigadas a levar o paranja quando estavam fora de casa.[14] O paranja e o chachvon eram por 1917 comuns entre as mulheres urbanas das bacia dos rios meridionais. Era menos frequente nas zonas rurais e quase nunca usado pelos nómadas da estepe.[15]
A política de banimento do burca feita pelos soviéticos era chamada "hujum" na RSS do Usbequistão.[16]
Devido ao facto das mulheres tajiques e usbeques usarem paranjas, Lord Curzon na sua viagem por estas paragens em 1886 não conseguiu ver o rosto de nenhuma mulher.[17]
A Revolução de Outubro russa encorajou a emancipação da mulher e desencorajou ou baneou o burca, incluindo desta maneira o paranja.[18] A União Soviética tentou desvalorizar o paranja mas as mulheres muçulmanas que usavam burca responderam matando as mulheres que tinham sido enviadas para fazê-las deixar de usá-lo.[19] Os usbeques oposeram-se violentamente contra a campanha anti-paranja, anti-matrimónio infantil e anti-poligamia iniciada pela União Soviética.[20]
Galeria
[editar | editar código-fonte]- Paranja em Samarcanda c. 2001
- Paranja em Bucara c. 2005
Referências
- ↑ a b Ahmad Hasan Dani; Vadim Mikhaĭlovich Masson; Unesco (1 de janeiro de 2003). History of Civilizations of Central Asia: Development in contrast : from the sixteenth to the mid-nineteenth century. [S.l.]: UNESCO. pp. 357–. ISBN 978-92-3-103876-1
- ↑ «Словник ісламізмів». Словник ісламізмів (em ucraniano). Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ Kamoludin Abdullaev; Shahram Akbarzaheh (27 de abril de 2010). Historical Dictionary of Tajikistan. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 129–. ISBN 978-0-8108-6061-2
- ↑ Krueger, Carolyn (2011). «Uzbek Dance A Short History». Gulistan Dance Theater
- ↑ «Definição ou significado de usbeque no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ Kamoludin Abdullaev; Shahram Akbarzaheh (27 de abril de 2010). Historical Dictionary of Tajikistan. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 129–. ISBN 978-0-8108-6061-2
- ↑ Kamoludin Abdullaev; Shahram Akbarzaheh (27 de abril de 2010). Historical Dictionary of Tajikistan. [S.l.]: Scarecrow Press. pp. 381–. ISBN 978-0-8108-6061-2
- ↑ «2003/176/2 Veiling garment (paranja), womens, embroidered cotton/ metallic ornaments/ buttons, made by Tajik woman in Russian Turkestan, c. 1900». www.powerhousemuseum.com (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ Pannier, Bruce (1 de abril de 2015). «Central Asia's Controversial Fashion Statements». Radio Free Europe Radio Liberty
- ↑ «Kyrgyzstan president: 'Women in mini skirts don't become suicide bombers'». BBC News (em inglês). 13 de agosto de 2016
- ↑ «Traditional Costume of Uzbek Women of the Late 19th and 20th Centuries Khorezm | San'at | Archive of San'at magazine». sanat.orexca.com. Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ http://www.karakalpak[ligação inativa]. com/jegde.html
- ↑ «From the History of the Evolution of Uzbek National Costume | San'at | Archive of San'at magazine». sanat.orexca.com. Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ «Asian Muslim Women's Fashion History». Aquila Style (em inglês). 26 de março de 2015
- ↑ Northrop 2001, p. 198
- ↑ Hierman, Brent (20 de janeiro de 2016). «Citizenship in Soviet Uzbekistan». Dissertation Reviews
- ↑ «2003/95/1 Face veil, womens, (chachvan), looped construction, horsehair/ cotton, unknown maker (gypsy nomad woman), Russian Turkestan, c. 1900». www.powerhousemuseum.com (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ «Background: Women and Uzbek Nationhood». Human Rights Watch. Consultado em 16 de setembro de 2010
- ↑ «Clothes of the Past». www.khiva.info. Consultado em 27 de novembro de 2016
- ↑ «The untold story of Uzbekistan's dancer extraordinaire». Aquila Style (em inglês). 30 de março de 2015