Tatu-canastra – Wikipédia, a enciclopédia livre
Tatu-canastra | |||||||||||||||||
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Ossos de tatu-canastra e de tatu-peba | |||||||||||||||||
Estado de conservação | |||||||||||||||||
Vulnerável (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Priodontes maximus (Kerr, 1792) | |||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||
Distribuição do tatu-canastra |
O tatu-canastra (Priodontes maximus), também conhecido como canastra e tatuaçu,[2] é a maior espécie viva de tatu (embora seus parentes extintos, os gliptodontes, fossem muito maiores). Vive na América do Sul cisandina, estendendo-se até o norte da Argentina.[3][4] Esta espécie é considerada vulnerável à extinção,[5] sobretudo pela caça e perda de seu habitat.[6] Chega a medir mais de um metro de comprimento.[7][2] Os tatus-canastra têm o corpo coberto por poucos pelos e patas anteriores dotadas de garras enormes, que auxiliam na escavação de buracos. Se alimentam de cupins, formigas e ocasionalmente insetos, aranhas, minhocas, larvas, cobras e carniça.[6][8]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Seus nomes comuns advêm do tupi: tatu de tatú;[9][10] tatuaçu de tatu-wasú, que sinifica "tatu grande" (lit. "tatu-grande").[11][12]
Descrição
[editar | editar código-fonte]O tatu-canastra é a maior espécie viva de tatu, com 11 a 13 bandas articuladas protegendo o corpo e mais três ou quatro no pescoço.[4][13] Seu corpo é marrom escuro, com uma faixa amarelada mais clara correndo ao longo dos lados e uma cabeça pálida, amarelo-esbranquiçada. Tem cerca de 80 a 100 dentes, mais do que qualquer outro mamífero terrestre. Os dentes são todos semelhantes na aparência, sendo pré-molares e molares reduzidos, crescem constantemente ao longo da vida e carecem de esmalte.[8] Também possui garras dianteiras extremamente longas,[13][14] incluindo uma terceira garra em forma de foice de até 22 centímetros (8,7 polegadas) de comprimento,[14] que são proporcionalmente as maiores de qualquer mamífero vivo. A cauda é coberta por pequenas escamas arredondadas e não possui placas ósseas pesadas que cobrem a parte superior do corpo e o topo da cabeça. O animal é quase inteiramente desprovido de pelos, com apenas alguns de cor bege projetando-se entre as escamas.[8]
Os tatus-canastra pesam normalmente cerca de 18,7-32,5 quilos (41-72 libras) quando totalmente crescidos, no entanto, um espécime de 54 quilos (119 libras) foi pesado na natureza e os espécimes em cativeiro pesaram até 80 quilos (180 libras).[15][16][17] Apesar de não haver medidas padrão para as diferentes taxas etárias,[18] o comprimento típico da espécie é de 75–100 centímetros (30–39 polegadas), Com a cauda adicionando outros 50 centímetros (20 polegadas).[4] á dimorfismo sexual significativo entre machos e fêmeas, um estudo encontrou média de 44,4 kg e 155,9 cm para os machos e 28 kg e 137,74 cm para as fêmeas, com as medidas de comprimento contando as caudas.[7]
Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]Os tatus-canastra são encontrados em grande parte do norte da América do Sul, a leste dos Andes, exceto no leste do Brasil e no Paraguai. No sul, alcançam as províncias mais ao norte da Argentina, incluindo Salta, Formosa, Chaco e Santiago del Estero. Não há subespécies geográficas reconhecidas. Habitam principalmente habitats abertos[19][7], com pastagens de cerrado cobrindo cerca de 25% de sua distribuição,[7] mas também podem ser encontrados em florestas de várzea.[8]
Biologia e comportamento
[editar | editar código-fonte]Os tatus-canastra são solitários e noturnos, passando o dia em tocas.[4] Também se enterram para escapar de predadores, sendo incapazes de rolar completamente em uma bola protetora.[20] Em comparação com as de outros tatus, suas tocas são incomumente grandes, com entradas medindo em média 43 centímetros (17 polegadas) De largura e normalmente abrindo para o oeste.[21] Tanto machos quanto fêmeas cavam novas tocas com frequência, mas os machos o fazem com mais frequência.[22] Possuem territórios de aproximadamente 10 km² que normalmente não se sobrepõem,[7] Se movem de maneira aparentemente errática dentro de seus territórios.[23]
Usam suas grandes garras dianteiras para cavar em busca de presas e abrir cupinzeiros. A dieta é composta principalmente de cupins, embora formigas, vermes, aranhas e outros invertebrados também sejam consumidos.[4]
O estilo de vida subterrâneo e crepuscular da espécie dificulta o estudo tanto na natureza[24] quanto em cativeiro,[24] portanto, pouco se sabe sobre sua ecologia natural e comportamento.[25] Um estudo de longo prazo da espécie iniciado em 2003 na Amazônia peruana, dezenas de outras espécies de mamíferos, répteis e aves foram encontradas usando as tocas de tatus-canastra no mesmo dia, incluindo o raro cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis).[26] As tocas formam um microbioma temporário, pois apresentam maior cobertura de matéria orgânica no solo, ar mais úmido e menor amplitude térmica do que o ambiente em volta,[27] além de possuírem papel na proliferação de patógenos entre os que as frequentam.[28] Por causa disso, a espécie é considerada um engenheiro de habitat, e sua extinção local pode ter efeitos em cascata na comunidade de mamíferos ao empobrecer o habitat fossorial.[26][28] Além disso, o tatu-canastra já foi a chave para controlar as populações de cortadores de folhas que poderiam destruir plantações, mas também podem danificar as próprias plantações ao cavar o solo.[29]
As tatus-canastra fêmeas têm duas tetas e um período de gestação de cerca de cinco meses. As evidências apontam que dão à luz apenas uma vez a cada três anos.[30] Pouco se sabe com certeza sobre sua história de vida, embora se pense que os jovens são desmamados por volta dos sete a oito meses de idade, e que a mãe forrageia em horário diferente do pico de atividade[31] e sela periodicamente a entrada de tocas contendo filhotes mais jovens, provavelmente para protegê-los de predadores. Embora nunca tenham sido criados em cativeiro, estimou-se que um tatu-canastra nascido na natureza no Zoológico de San Antonio tinha cerca de dezesseis anos quando morreu,[8] e há estimativas de que possam passar dos vinte.[32]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Caçado em toda a sua distribuição geográfica, um único tatu-canastra fornece grande quantidade de carne e é a principal fonte de proteína para alguns povos indígenas. Além disso, tatus-canastra vivos são frequentemente capturados para comércio no mercado negro e, invariavelmente, morrem durante o transporte ou em cativeiro. Apesar da ampla variedade desta espécie, é localmente rara. Isso é ainda mais exacerbado pela perda de habitat resultante do desmatamento.[1] As estimativas atuais indicam que pode ter sofrido um preocupante declínio populacional de 30% a 50% nas últimas três décadas. Sem intervenção, é provável que essa tendência continue.[33]
No Brasil, em 2005, o tatu-canastra foi listado como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[34] em 2007, como vulnerável na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[35] em 2010, como em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[36] em 2014, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo,[37] onde já está localmente extinto em muitas áreas onde há registros da espécie,[38] e como vulnerável na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[39] em 2017, como em perigo na Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia;[40] e em 2018, como vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[41][42]
O tatu-canastra foi classificado como vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN / IUCN) em 2002,[1] e está listado no Apêndice I (ameaçado de extinção) da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção.[43] É protegido por lei na Colômbia, Guiana, Brasil, Argentina, Paraguai, Suriname e Peru,[24][44] e o comércio internacional é proibido por sua listagem no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (CITES).[33] Instituições privadas como Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) também fazem parte do esforço para a conservação da espécie.[45] No entanto, a caça para alimentos e venda no mercado negro continua a ocorrer.[33] Algumas populações ocorrem em reservas protegidas, incluindo o Parque das Emas no Brasil,[19] o parque nacional El Impenetrable na Argentina[46] e a Reserva Natural do Suriname Central, um enorme sítio de 1,6 milhão de hectares de floresta tropical intocada administrado pela Conservation International.[47]
Referências
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