Providência (mitologia) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Providência (em latim: Providentia), na religião da Roma Antiga, é a personificação divina da habilidade de prever e fazer provisão (providência). Estava entre as personificações das virtudes que faziam parte do culto imperial da Roma Antiga[1] e foi uma importante abstração moral e filosófica no discurso romano. Cícero afirmou que os três principais componentes são a prudência, "o conhecimento das coisas que são boas ou ruins ou nada", a memória (memoria) e a inteligência (intellegentia).[2][3] A palavra latina está na origem do conceito cristão de divina providência.[4]
Culto imperial
[editar | editar código-fonte]À época da morte de Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.), o imperador Tibério (r. 14–37) estabeleceu um altar para Providência Augusta em reconhecimento da "divindade manifesta nas provisões de seu pai para o Estado romano". O título cultual "Augusta" foi adicionado também durante o período imperial para deusas como Pax, Justiça e Concórdia. Epítetos tradicionais invocou uma deidade dentro de um espera funcional específica ao declarar seus poderes. O título "Augusta", assim, fixou a força da divindade dentro da esfera do imperador Augusto.[5]
Em 28, após Tibério prender e executar Sejano por conspiração, o Culto das Virtudes desempenhou um papel na programa propagandístico que apresentou a restauração da ordem imperial como o retorno do governo constitucional. Sacrifícios foram oferecidos à Providência junto com Saúde (Salus), Liberdade (Libertas) e Gênio. Naquele tempo, a Providência também recebeu um sacerdote permanente integral (sacerdos) devotado a ela.[6] Na esteira da Conspiração de Pisão contra Nero (r. 54–68), observâncias religiosas presididas pelos irmãos arvais para reparar o Estado incluíram sacrifícios a várias divindades, dentre elas Providência.[7]
Providência aparece em moedas romanas emitidas sob Vespasiano (r. 69–79), Trajano (r. 98–117), Adriano (r. 117–138), Antonino Pio (r. 138–161), Cômodo (r. 180–192), Sétimo Severo (r. 193–211) e Diocleciano (r. 283–305).[8][9] Uma moeda emitida por Tito (r. 79–81) descreve seu pai deificado Vespasiano segurando um globo para seu filho como seu sucessor, com a legenda "Providência Augusta". Moedas emitidas por Nerva (r. 96–98) descreve o Gênio do senado portando o globo para o novo imperador, com a legenda "Providência do Senado" (Providentia Senatus).[10]
Referências
- ↑ Fears 1981a, p. 886.
- ↑ Cícero século I a.C., 2.160.
- ↑ Henry 1989, p. 68.
- ↑ Musser 2011, p. 415.
- ↑ Fears 1981a, p. 886–887, 891.
- ↑ Fears 1981a, p. 892.
- ↑ Fears 1981a, p. 895, 897.
- ↑ Fears 1981a, p. 900, 903, 904, 905, 907.
- ↑ Fears 1981b, p. 183.
- ↑ Fears 1981a, p. 902.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cícero (século I a.C.). Sobre as Invenções. [S.l.: s.n.]
- Fears, J. Rufus (1981a). «The Cult of Virtues and Roman Imperial Ideology». Aufstieg und Niedergang der römischen Welt. II.17.2
- Fears, J. Rufus (1981b). «The Theology of Victory at Rome: Approaches and Problem». ANRW. II.17.2
- Henry, Elizabeth (1989). The Vigour of Prophecy: A Study of Vergil's Aeneid. [S.l.]: Southern Illinois University Press
- Musser, Donald W.; Price, Joseph (2011). New and Enlarged Handbook of Christian Theology: Revised Edition. [S.l.]: Abingdon Press. ISBN 1426749910