Pasadena Refinery System Inc – Wikipédia, a enciclopédia livre

Refinaria de Pasadena (Pasadena Refining System Inc. - PRSI) é uma refinaria localizada na cidade de Pasadena, no estado estadunidense do Texas, que pertence à Chevron (adquirido da Petrobras), com capacidade instalada para 106 000 barris/dia. A refinaria de Pasadena foi objeto de investigação na CPMI da Petrobras de 2014,[1][2] e de investigação pela Operação Lava Jato.[3][4]

Pasadena é uma refinaria de 100 mil barris por dia, em localização privilegiada, num dos principais hubs de petróleo e derivados nos Estados Unidos, um dos maiores mercados mundiais de derivados, está num local onde várias refinarias têm um conjunto de operações, favorecendo essa movimentação de carga e a parceria entre refinadores.[carece de fontes?]

Pela Astra Oil

[editar | editar código-fonte]

Em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou a refinaria por no mínimo US$ 42 milhões de dólares a cotação da época.

Pela Petrobras

[editar | editar código-fonte]

A compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, saiu mais caro do que se sabia para a Petrobras. O Conselho de Administração da Petrobras aprovou em 2006 a compra de 50% de participação em Pasadena, pelo valor de US$ 359 milhões, e a análise dos dados na época demonstrava que se tratava de um bom negócio, alinhado ao planejamento estratégico vigente. Em 2009, A Câmara Arbitral dos Estados Unidos definiu que a estatal brasileira tinha a obrigação de comprar a outra metade da sociedade e estabeleceu na ocasião o valor de US$ 466 milhões.[5]

A Chevron, empresa de petróleo norte-americana, comprou a refinaria em 2019. A negociação da refinaria foi concluída por US$ 467 milhões, sendo US$ 350 milhões pelo valor das ações e US$ 117 milhões de capital de giro.[6]

Decisões do Tribunal de Contas da União

[editar | editar código-fonte]

Em 2014, o Tribunal de Contas da União (TCU), inocentou Dilma pelo prejuízo na Petrobras, quando da compra da refinaria de Pasadena, em 2006, quando ela era ministra chefe da Casa Civil.[7]

Em outubro de 2017, em outro processo, TCU bloqueou os bens de Dilma Rousseff em razão da compra de Pasadena pela Petrobras. A época Dilma fazia parte do conselho da Petrobras. O bloqueio do TCU também atingiu José Sérgio Gabrielli presidente a época da estatal, e Antonio Palocci.[8] Em outubro do ano seguinte, o Tribunal decidiu não prorrogar o bloqueio de bens da ex-presidente.[9] Esse processo foi concluído em 2021, quando a ex-presidente foi novamente inocentada pelo TCU. Representada pelo advogado Walfrido Warde, a ex-presidente Dilma Rousseff foi inocentada quanto ao prejuízo tanto pelo TCU quanto pela Comissão de Valores Imobiliários (CVM) absolvição na CVM. Nessa decisão, o Tribunal responsabilizou a empresa Astra Oil, José Sérgio Gabrielli, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa a pagar US$ 453 milhões à Petrobras.[10]

Operação Lava Jato

[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Operação Lava Jato

Em 2014, no auge da operação lava-jato, a refinaria de Pasadena deu de lucro US$ 130 milhões, foi a única do grupo Petrobras que teve resultado positivo no ano.[11]

A compra de refinaria é investigada pela força tarefa do Ministério Público Federal da Operação Lava Jato.[12]

De acordo com o lobista condenado pela justiça na Lava Jato Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) teria recebido US$ 1,5 milhão de dólares de propina pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O negócio rendeu um prejuízo de US$ 790 milhões aos cofres da estatal.[13]

Em 2 de junho de 2016, o Supremo Tribunal Federal tornou público os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró à Procuradoria-Geral da República. Cerveró afirmara, sem apresentar provas, que a então presidente Dilma Rousseff saberia do esquema da compra de Pasadena e das propinas destinada aos políticos do Partido dos Trabalhadores (PT).[14][15]

Prejuízo com a compra de Pasadena

[editar | editar código-fonte]

Em 17 de dezembro de 2014, uma auditoria apresentada pela Controladoria Geral da União (CGU) constatou que a Petrobras teve um prejuízo de US$ 659,4 milhões (R$ 1,8 bilhão) na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. A CGU considerou que a estatal brasileira pagou um montante muito superior ao valor real. O órgão apontou 22 responsáveis pelo negócio, entre eles, José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada, mas isentou a presidente Dilma Rousseff, que presidiu o conselho de administração da Petrobras, e Graça Foster, de qualquer responsabilidade.[16]

Polêmicas cláusulas contratuais

[editar | editar código-fonte]

Cláusula Put Option

[editar | editar código-fonte]

A cláusula determinava que em caso de desacordo entre os sócios, a outra parte seria obrigada a adquirir o restante das ações.[17]

Cláusula Marlim

[editar | editar código-fonte]

A "cláusula Marlim", que gerou um pagamento de U$ 85,14 milhões à Astra, estava entre as condições que tinham como objetivo favorecer a empresa belga e protegê-la de riscos associados à operação.[18] A cláusula ainda assegurava à Astra Oil, que era sócia da Petrobras no negócio, uma rentabilidade mínima de 6,9% ao ano.[19]

Posicionamento da Petrobras

[editar | editar código-fonte]

Em 2014, segundo Maria das Graças Foster, a Petrobras manterá a refinaria de Pasadena apesar dos prejuízos ocasionados e espera, com o tempo, revertê-los. Além disso, a Petrobras não tem disposição em fazer novos investimentos na refinaria de Pasadena ou vendê-la.[20] Com a mudança de presidente, em maio de 2019, o governo brasileiro concluiu a venda da refinaria para Chevron por 467 milhões de dólares (cerca de R$ 1,830 bilhão), sendo 350 milhões de dólares pelo valor das ações e 117 milhões de dólares de capital de giro.[21]

Referências

  1. Vandson Lima (6 de agosto de 2014). «Zelada reafirma em CPI que não teve influência em compra de Pasadena». Valor Econômico. Consultado em 12 de março de 2016 
  2. Ultimo Segundo. «Cerveró reafirma em acareação que Pasadena foi bom negócio para Petrobras». iG. Consultado em 12 de março de 2016 
  3. Ricardo Brandt (3 de maio de 2016). «Lava Jato aprofunda apuração sobre corrupção em compra de Pasadena». Estadão. Consultado em 14 de janeiro de 2017 
  4. Marcelo Rocha (17 de novembro de 2015). «Refinaria de Pasadena volta à cena nas investigações da Lava Jato». Jornal Nacional. g1.globo.com. Consultado em 14 de janeiro de 2017 
  5. G1, Do; Paulo, em São (20 de março de 2014). «Entenda a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras» 
  6. «Petrobras conclui venda da refinaria de Pasadena para a Chevron». 1 de maio de 2019 
  7. «TCU inocenta Dilma Rousseff de prejuízo com refinaria de Pasadena». Jornal Nacional. 23 de julho de 2014. Consultado em 15 de abril de 2021 
  8. «TCU bloqueia bens de Dilma por compra da refinaria de Pasadena». Jornal Nacional. Globo.com. 11 de outubro de 2017. Consultado em 14 de outubro de 2017 
  9. «TCU decide não prorrogar bloqueio de bens de Dilma por prejuízos com compra de Pasadena». G1. Consultado em 15 de abril de 2021 
  10. «TCU inocenta Dilma e responsabiliza Gabrielli e mais 6 por compra da refinaria de Pasadena». G1. Consultado em 15 de abril de 2021 
  11. «Pasadena foi a única a obter lucro no grupo Petrobras» 
  12. «PF vê ligação entre Operação Lava Jato e compra de Pasadena». R7. 23 de maio de 2015. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  13. «Delator diz que Delcídio recebeu propina por refinaria de Pasadena». G1 Paraná. 16 de outubro de 2015. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  14. «Em delação, Nestor Cerveró afirma que Dilma mentiu sobre compra da refinaria de Pasadena». Zero Hora. 2 de junho de 2016. Consultado em 2 de junho de 2016 
  15. «A delação de Nestor Cerveró». Estadão. Consultado em 2 de junho de 2016 
  16. «CGU revela prejuízo de US$ 659,4 milhões na compra de Pasadena». O Globo. 17 de dezembro de 2014. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  17. «TCU julga nesta quarta compra de refinaria pela Petrobras nos EUA». G1 Política. 23 de julho de 2014. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  18. «Documentos revelam pagamento extra da Petrobras para sócia em Pasadena». Estadão. 31 de março de 2014. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  19. «Foster: cláusulas omitidas em Pasadena eram importantes». Terra. 27 de maio de 2014. Consultado em 21 de outubro de 2015 
  20. Chico de Gois (30 de abril de 2014). «Apesar de continuar a avaliar Pasadena como mau negócio, Graça descarta venda de refinaria». O Globo. Consultado em 15 de maio de 2014 
  21. «Petrobras conclui venda da refinaria de Pasadena para a Chevron». G1. Globo.com. 1 de maio de 2019 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]