Reino de Castela – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Castela (desambiguação).



Reino de Castilla

Reino


 

1065 – 1230
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Castela
Localização de Castela
O reino de Castela em 1210
Continente Europa
Região Península Ibérica
Capital Burgos, Toledo
Língua oficial castelhano
Religião catolicismo (min. islão, judaísmo)
Governo Monarquia
Período histórico Idade Média
 • 1065 Rodrigo torna-se 1º Conde de Castela
 • 931 Condado de Castela unificado pelo conde Fernán González
 • 1035 Castela torna-se um reino
 • 1230 Supressão do reino

O Reino de Castela foi um dos antigos reinos da Península Ibérica formados durante a Reconquista, na qual começou por ser um condado do Reino de Leão até se tornar independente. Em 1230, Fernando III, o Santo recebeu da sua mãe Berengária (em 1217) o reino de Castela, e do seu pai Afonso IX o reino de Leão, unificando-os num só reino de Leão e Castela. Evoluirá para a Coroa de Castela no século XIII.

Ver artigo principal: Condado de Castela

Castela existiu enquanto condado de 850 a 931 e como reino de 931 a 1479. A primeira referência ao nome "Castilla" é encontrada num documento do ano 800: "erguemos uma igreja em honra de São Martinho, em Area Patriniano, no território de Castilla". Na crónica de Afonso III (rei das Astúrias, século IX) está escrito: As Vardulias são agora chamadas Castilla. O condado de Castela foi repovoado com habitantes de origem cantábrica, asturiana, basca e visigótica. Tinha o seu próprio dialeto e leis. O primeiro conde de Castela foi Rodrigo cerca de 860, sob Ordonho I das Astúrias e Afonso III das Astúrias. Em 931 o território foi unificado pelo conde Fernão Gonçalves, que tornou as terras sujeitas a sucessão hereditária, e independente do Reino de Leão.

Séculos XI e XII

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Em 1028, Sancho III o Grande, rei de Pamplona, casou com a irmã do conde Garcia Sanches quem herdou o título de condessa de Castela pelo falecimento de seu irmão. Em 1035 deixou o condado ao seu filho Fernando. Fernando I casou com Sancha, irmã de Bermudo III de Leão. Fernando I iniciou uma guerra com Leão e, na batalha de Tamarón, contra uma coligação de Castela e Navarra, foi morto o rei de Leão, não tendo deixado descendentes. O seu cunhado Fernando tomou a coroa de Leão para si mesmo usando os direitos da sua mulher.

Quando Fernando I morreu em 1065, o seu testamento seguiu a tradição navarra de dividir os reinos entre os seus herdeiros: Para o primogénito, Sancho II, o reino de Castela. Para Afonso VI de Leão e Castela, o território que já era da sua mãe, o reino de Leão. Para o terceiro, García, o reino da Galiza. Para a sua filha Urraca, a cidade de Zamora. Sancho II de Castela aliou-se a Afonso VI de Leão e conquistou a Galiza. Ainda não satisfeito com Castela e metade da Galiza, Sancho atacou o seu irmão e invadiu Leão com a ajuda de El Cid. Urraca permitiu que a maior parte do exército leonês se refugiasse em Zamora. Sancho cercou a cidade, mas o rei de Castela, segundo a lenda, foi morto em 1072 por Bellido Dolfos, um nobre galego. As tropas de Castela retiraram então o cerco a Zamora.

Como consequência, Afonso VI recuperou o seu território original de Leão, e tornou-se rei de Castela e Galiza. Esta foi a segunda união entre Leão e Castela sob um monarca único, embora ambos os reinos permanecessem separados. O juramento de El Cid a Afonso VI em Santa Gadea, a respeito da inocência do rei de Leão sobre o assassinato do seu irmão, é sobejamente conhecido.

Com Afonso VI dá-se uma aproximação ao resto dos reinos europeus, especialmente com o reino de França. As filhas de Afonso VI, Urraca e Teresa casam respectivamente com Raimundo da Borgonha e Henrique de Borgonha. No Conselho de Burgos, em 1080, o tradicional rito moçárabe é substituído pelo rito romano.

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Com a morte de Afonso VI sucedeu-lhe a filha Urraca. Urraca casou com Afonso I de Aragão (foi o seu segundo casamento), mas quando este foi incapaz de unificar ambos os reinos, repudiou Urraca em 1114, o que fez aumentar a tensão entre ambos os reinos. Urraca também teve problemas com o seu filho (do primeiro casamento), o rei da Galiza, para assegurar os seus direitos. Quando Urraca morre, o filho torna-se rei de Castela com o nome de Afonso VII. Durante o seu reinado Afonso VII conseguiu anexar partes dos reinos vizinhos de Navarra e Aragão, militarmente mais fracos, que lutaram pela secessão após a morte de Afonso I de Aragão. Afonso VII recusou os direitos à reconquista da costa do Mar Mediterrâneo para a nova união de Aragão com o Condado de Barcelona (casamento de Petronila de Aragão com Raimundo Berengário IV).

O desenvolvimento das cidades

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Na rota do caminho de Santiago surgem cidades (burgos) desde La Rioja ao Reino da Galiza a partir do século XI. O caminho de Santiago é de vital importância para o desenvolvimento de Burgos, a propósito da qual o geógrafo árabe Dreses escreve no século XII: "Burgos é uma grande cidade, atravessada por um rio e dividida em bairros rodeados de muros. Um destes bairros é habitado particularmente por judeus. A cidade é forte e acondicionada para a defesa. Há bazares, comércio e muita gente e riquezas. Está situada sobre a grande rota dos viajantes."

A sul do rio Douro, nas então conhecidas terras Extremaduras, o nascimento de cidades era um objectivo defensivo, mas com a passagem dos tempos começou-se a desenvolver também uma actividade económica e comercial de importância similar à das cidades a norte do Douro.

Aparecem os burgueses, que são os habitantes dos burgos (não confundir com a acepção actual do termo burguês), que se juntam aos clérigos e aos nobres. Os burgueses dedicavam-se principalmente ao comércio e produção de objectos manufacturados e o seu crescimento encontrava-se limitado aos âmbitos económico e social pela nobreza (principalmente dedicada à terra). Também é de notar a chegada, pela intransigência almorávida no Alandalus, de comunidades judaicas durante os séculos XI e XII, que se estabelecem principalmente como artesãos, mercadores e agricultores.

Século XII: elo entre o cristianismo e o islão

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No século XII, a Europa assistiu a um grande avanço no terreno intelectual graças a Castela. Através do islão, recuperaram-se obras clássicas antes esquecidas na Europa e foi posto em contacto com a sabedoria dos cientistas muçulmanos.

Governo: monarcas, conselhos e cortes

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Tal como todos os reinos medievais, o poder supremo pela graça de Deus recaía sobre o rei. No entanto, começaram a surgir comunidades rurais e urbanas para tomar decisões sobre os problemas da vida quotidiana.

Estes concelhos evoluíram para concelhos em que uma parte dos vizinhos representaria o resto. Conseguiriam igualmente, um maior poder, tal como a eleição de magistrados e oficiais, autarcas, arautos, notários, etc.

Face ao crescimento do poder dos concelhos, surgiu a necessidade de comunicação entre os mesmos e o rei. Em 1188, surgiram as cortes, no Reino de Leão, o qual teria a sua correspondente versão no Reino de Castela, em 1250. Nas cortes medievais, os habitantes das cidades eram um grupo reduzido, conhecidos como laboratores e não tinham faculdades legislativas mas eram um ponto de união entre o rei e o reino, algo no qual os reinos de Leão e Castela foram pioneiros.

Ligações externas

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