Reinhard Bendix – Wikipédia, a enciclopédia livre
Reinhard Bendix (Berlim, 25 de fevereiro de 1916 — 28 de fevereiro de 1991) foi um sociólogo teuto-americano.
Imigrante alemão que radicou-se nos EUA, em 1938, fugindo do nazismo, recebeu diploma de Mestre e Doutor na Universidade de Chicago, onde lecionou de 1943 a 1946, transferindo-se, posteriormente, para a Universidade do Colorado, onde atuou por um ano, como professor-assistente, antes de se transferir para o Departamento de Sociologia da Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1947, onde permaneceu pelo resto de sua carreira. [1] [2]
Bendix introduziu o método comparativo entre os sociólogos americanos. Ele entendia que era necessário conhecer a sociedade americana, nas suas relações com as sociedades europeias, pois o enfoque exclusivamente nacional ou local, não permitia um entendimento mais amplo da complexidade da formação social americana, no curso da história e as questões por ela suscitadas. O alargamento das fronteiras intelectuais de investigação era um imperativo.
Ele estudou a história de várias nações europeias e também de nações em desenvolvimento, como a India, a China e países muçulmanos, com o objetivo de entender como questões gerais do desenvolvimento industrial e da modernização social e política eram tratadas pelas culturas e tradições locais
Sua referência teórica era Max Weber e a metodologia dos "tipos ideais" relativos às formas de dominação política e discursos legitimadores. Obra : Max Weber : An Intellectual Portrait, 1960. As ideias, para ele, não eram apenas reflexos das condições sociais, mas forças legitimadoras, independentes e reais.
Suas obras mais importantes são : Work and Authority in Industry, de 1956; Nation-Building and Citizenship, de 1964, e Kings or People: Power and the Mandate to Rule de 1978, nelas Reinhard Bendix aplica o método da sociologia histórica comparada.
Em Work and Authority in Industry, ele investiga os discursos legitimadores da disciplina fabril e da autoridade pública, e sua compatibilização com a questão da liberdade, em países como Rússia, Inglaterra, Alemanha e EUA. A legitimação, enfim, da ideologia empresarial, o discurso da eficiência gerencial, e da autoridade pública na ordem liberal e pré-liberal, em cada contexto histórico.
Em Nation-Building and Citizenship, de 1964, Bendix analisa o modo como questões universais da contemporaneidade são contextualizadas pelas tradições e culturas locais, examinando os casos da Europa ocidental, Japão e Rússia, estudando a singularidade da condição histórica em face do avanço da modernização. O modo de combinar o moderno e o tradicional em cada contexto cultural. Bendix utiliza como "tipos ideais" as ideias de desenvolvimento e modernização.
A Revolução Industrial, a urbanização intensa, a transformação na estrutura ocupacional, a mudança política e ideológica, a formação do Estado Nação com a Revolução Francesa, a formação de novas nações, em antigas colônias europeias nas Américas, o surgimento dos grandes aparatos burocráticos, o advento do livre mercado e a criação do Estado de Bem Estar Social integram o amplo conjunto de questões tratadas no esforço teórico de fôlego empreendido por Reinhard Bendix. [1] [3]
Em Kings or People: Power and the Mandate to Rule, 1978, Bendix procura entender a razão para a emergência da soberania popular e a crise da dominação tradicional ou dinástica, no mundo ocidental, a chamada "especificidade do Ocidente". A força da nova legitimidade da ordem social e da autoridade publica, a figura do cidadão, e o declínio da legitimidade dos velhos monarcas, do conceito tradicional de soberania, dinastias de descendentes de heróis de guerra e grandes estadistas, enfraquecidos diante da nova fonte de legitimidade política, o mandato popular.
A legitimidade deslocando-se de famílias nobres, para a sociedade e a vontade popular, como fonte derradeira de toda produção legal legitima.
As investigações de Bendix, portanto, procuram esclarecer porque algumas instituições permanecem e outras não, e modo como permanecem, e prossegue indagando sobre as especificidades culturais que permitem tais combinações entre o velho e o novo, ou o tradicional e o moderno, em cada nação. A razão pela qual se estabelece um clivagem radical em cada sociedade entre o tradicional e o moderno.
Ele rejeita o evolucionismo e uma filosofia da história com as características de determinismo como o marxismo, em leitura clássica, ou teorias sistêmicas, para o entendimento da mudança social. Demonstra grande respeito pela diversidade cultural dos povos, mas afirma que existe uma lógica comum que passa a vigorar nas sociedades inseridas nesse mundo moderno, industrial e democrático. [1] [4] [2].
Sobre o método comparativo
[editar | editar código-fonte]- Barrington Moore
- Perry Anderson
- Seymour Lipset
- Charles Tilly
- Theda Skocpol
- Jeffrey Alexander
Obras
[editar | editar código-fonte]- Work and Authority in Industry (1956)
- Social Mobility in Industrial Society com Seymour M. Lipset (1959)
- Max Weber: An Intellectual Portrait (1960)
- Nation-Building & Citizenship: Studies of Our Changing Social Order (1964)
- Kings or People: Power and the Mandate to Rule (1978)
- Force, Fate and Freedom (1984)
- From Berlin to Berkeley (1986)
- Embattled Reason, Vol. 1 (1988)
- Embattled Reason, Vol. 2 (1989)
- Unsettled Affinities (1993)
Referências
- ↑ a b c Reinhard Bendix, Political Science; Sociology: Berkeley, Universidade da Califórnia
- ↑ a b Construção nacional e cidadania estudos de nossa ordem social, Bendix, Resenha de Sabrina Evangelista Medeiros, Revista Eletrônica, Tempo Presente
- ↑ Pós Ciências Sociais. v.3 n.5 São Luis/MA, 2006 Bendix e a dicotomia entre tradição e modernidade Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior
- ↑ Pós Ciências Sociais. v.3 n.5 São Luis/MA, 2006 Bendix e a dicotomia entre tradição e modernidade, Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior