Renascença Africana – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Renascença Africana é um conceito de que o povo e as nações da África devem superar os atuais desafios com que se defronta o continente[1][2], promovendo uma renovação cultural, científica e econômica.

A noção de Renascença Africana foi inicialmente formulada pelo antropólogo e historiador senegalês Cheikh Anta Diop em uma série de ensaios elaborados a partir de 1946 e posteriormente reunidos no livro Towards the African Renaissance: Essays in Culture and Development, 1946-1960. Mais tarde, o conceito foi popularizado pelo sucessor de Nelson Mandela na presidência da África do Sul, Thabo Mbeki (1999 - 2008), que anunciou o início da Renascença Africana quando era ainda vice-presidente.

Na África do Sul, a expressão "Renascença Africana" foi utilizada pela primeira vez em 1994, após a primeira eleição democrática pós-Apartheid. O conceito, ainda em formação, tomou forma em maio de 1996, quando Mbeki, então vice-presidente, pronunciou o famoso discurso "Eu sou um Africano", após a adoção da nova Constituição do país:

"...Eu nasci de um povo de heróis e heroínas. [...] Tenhamos paciência pois a história está do lado deles, e eles não desanimam se o tempo está ruim. Eles triunfam novamente quando o sol nasce, no outro dia. [...] Quaisquer que sejam as circunstâncias que eles tenham vivido e por causa dessas experiências, eles estão determinados a decidir por si mesmos quem são e o que serão."

Em abril de 1997, Mbeki articulou os elementos constitutivos da Renascença Africana: coesão social, democracia, reconstrução econômica e crescimento e a inserção da África, de forma significativa, no cenário geopolítico mundial.

Atualmente o conceito continua sendo um item-chave da agenda política pós-Apartheid.

African Renaissance Institute

[editar | editar código-fonte]

Em 11 de outubro de 1999, foi fundado o African Renaissance Institute (ARI) em Pretória.[3] O instituto está sediado em Gaborone, Botswana[4] e suas prioridades incluem o desenvolvimento de recursos humanos, ciência e tecnologia, agricultura, nutrição e saúde, cultura, comércio, paz e boa governança na África.[5] Em seu livro The African Renaissance: History, Significance and Strategy, Washington Okumu escreve sobre a importância do desenvolvimento científico e tecnológico:

"O primeiro e mais importante papel do African Renaissance Institute agora e nos próximos anos é reunir uma massa crítica de primeira classe formada por cientistas africanos e assegurar a eles recursos suficientes e de modo contínuo, assim como infraestrutura suficiente, para que possam empreender a resolução de problemas significativos em P&D aplicada à produção industrial, levando a resultados econômicos realmente importantes."[6]

Referências

  1. José Flávio Sombra Saraiva (15 de junho de 2008). «A África na ordem internacional do século XXI : mudanças epidérmicas ou ensaios de autonomia decisória? (especialmente página 91)» (PDF). Repositório Institucional da Universidade de Brasília. doi:10.1590/S0034-73292008000100005. Consultado em 10 de março de 2017. Cópia arquivada (PDF) em 10 de março de 2017 
  2. Caio Leite Rabelo e Natália Cordeiro Guimarães (2014). «Uma Renascença? Protagonismos Na União Africana (especialmente páginas 42, 43, 46 e 47)» (PDF). Cadernos de Relações Internacionais e Sistema Maxwell da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Consultado em 10 de março de 2017. Cópia arquivada (PDF) em 10 de março de 2017 
  3. Washington A.J. Okumu, 2002, p. 157
  4. Okumu, 2002, p. 17
  5. Okumu, Washington A. Jalango The African Renaissance: History, Significance and Strategy, 2002 p. 267
  6. Okumu, 2002 p. 170

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]