Gonçalo de Amarante – Wikipédia, a enciclopédia livre

Gonçalo de Amarante
Gonçalo de Amarante
São Gonçalo de Amarante, séc. XVII, António André (Museu de Aveiro)
Confessor e Frade da Ordem dos Pregadores
Nascimento c. 1187
Arriconha (Tagilde, Vizela, Portugal)
Morte 10 de janeiro de 1262 (75 anos)
Amarante, Portugal
Veneração por Igreja Católica
Beatificação 16 de setembro de 1561
por Papa Pio IV
Canonização 10 de julho de 1671
por Papa Clemente X (por concessão de culto)
Festa litúrgica 10 de janeiro
Atribuições hábito dominicano, cajado, terço e viola
Padroeiro de Amarante, em Portugal; de Amarante (Piauí); Umari e São Gonçalo do Amarante (Ceará); São Gonçalo dos Campos (Bahia); São Gonçalo do Amarante (Rio Grande do Norte); Ibituruna e São Gonçalo do Sapucaí (Minas Gerais); São Gonçalo (Rio de Janeiro), no Brasil.
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Gonçalo de Amarante O.P. (Vizela, c. 1187Amarante, 10 de janeiro de 1262), foi um eclesiástico dominicano português. Gozando de grande devoção popular que se irradiou a partir do norte do país, é popularmente conhecido como São Gonçalo de Amarante. Na realidade, é considerado beato pela Igreja Católica, pelo que a forma correta de o denominar é Beato Gonçalo de Amarante.[1]

Imagem de São Gonçalo venerada no seu convento em Amarante

Nasceu na família dos Pereira, de linhagem nobre, e terá efetuado os primeiros estudos com um sacerdote, como era praxe à época. O arcebispo da Arquidiocese de Braga admitiu-o como seu familiar, e, sob os auspícios deste prelado, Gonçalo cursou as disciplinas eclesiásticas na escola-catedral da Sé arquiepiscopal, vindo a ser ordenado sacerdote e nomeado pároco da freguesia de São Paio de Vizela.

Desejoso de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e os Lugares Santos da Palestina, obteve licença, deixou os seus paroquianos ao cuidado de um sobrinho sacerdote, e partiu em peregrinação primeiro a Roma donde passou a Jerusalém, onde se demorou 14 anos.

De regresso a Portugal, afirma-se que o seu sobrinho, além de não o aceitar e não o reconhecer como verdadeiro e legítimo pároco, escorraçou-o e conseguiu, mediante documentos falsos, provar ao então Arcebispo, D. Silvestre Godinho, que Gonçalo falecera, obtendo a nomeação como pároco da freguesia.

Gonçalo, resignado com semelhante atitude, deixou São Paio de Vizela e partiu, pregando o Evangelho até às margens do rio Tâmega. No local onde hoje se ergue a Igreja e Convento de São Gonçalo, em Amarante, de acordo com a tradição ergueu uma pequena ermida sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção, ali se recolhendo como eremita, consagrando o tempo à oração e à penitência, e saindo esporadicamente a pregar nos arredores.

Sentindo necessidade de encontrar um caminho mais seguro de modo a alcançar a glória eterna, Gonçalo jejuou uma Quaresma a pão e água e suplicou fervorosamente a Nossa Senhora que lhe alcançasse do Senhor essa graça. Afirma-se que a Virgem Maria apareceu-lhe e disse-lhe que procurasse a Ordem em que iniciavam o seu Ofício com a Saudação angélica ou Ave-Maria - a Ordem dos Pregadores ou Dominicanos.

Gonçalo dirigiu-se então ao Convento de Guimarães da Ordem dos Pregadores, recentemente fundado por Pedro González Telmo, apóstolo da região de Entre-Douro e Minho, o qual lhe deu o hábito e, uma vez feito o noviciado, admitiu-o à profissão religiosa. Após algum tempo deu-lhe licença para, com outro religioso, voltar ao seu eremitério de Amarante, continuando a sua vida evangélica e caritativa.

Igreja e Convento de São Gonçalo, Amarante (Portugal)

Durante o seu ministério Gonçalo operou muitas conversões, conduzindo o povo à prática de uma autêntica vida cristã, sem esquecer de os promover socialmente em muitos aspectos. Nesse particular sobressai a construção de uma ponte em granito sobre o Tâmega, angariando pessoalmente donativos em terras circunvizinhas e levando os moradores mais abastados a darem vultosas ajudas para as obras. O povo atribui-lhe muitos milagres ligados a esta construção.

Concluída a ponte, Gonçalo viveu ainda alguns anos dedicado à pregação e à vida de oração. Reza a tradição que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua morte para a qual se preparou com a recepção dos Sacramentos da Igreja. O seu corpo, após a celebração das exéquias por sua alma, foi sepultado na ermida, continuando a efectuar-se muitos milagres, atribuídos à sua intercessão.

Mais tarde a primitiva ermida foi substituída por uma igreja. Sobre esta, em 1540, João III de Portugal determinou erguer o grandioso templo e convento que ainda hoje existe e que é monumento histórico da cidade de Amarante. Muito venerado em Umari (Ceará) onde há 400 anos zela pela cidade.

Beatificação

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Foram abertos 3 processos canónicos pleiteando a Beatificação e Canonização de Gonçalo de Amarante.

O Papa Júlio III concedeu que se lhe tributasse culto público em 24 de abril de 1551.

O último foi aberto pelo então bispo da Diocese do Porto, D. Rodrigo Pinheiro, por comissão do Papa Pio IV (1561). A instâncias de Sebastião I de Portugal, do Arcebispo da Diocese de Braga, da Ordem dos Pregadores, do Cardeal D. Henrique e da população de Amarante, a sentença de Beatificação foi promulgada a 16 de setembro de 1561 pelo representante da Sé Apostólica.

Mais tarde o Papa Clemente X, em 10 de julho de 1671, estendeu a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o reino de Portugal a concessão de honrarem este beato, um dos mais populares do país, com Missa e Ofício litúrgicos próprios.

A sua data no calendário litúrgico é 10 de janeiro. As Festas de São Gonçalo em Amarante (Portugal) são celebradas no primeiro fim-de-semana do mês de junho.

O seu culto espalhou-se pelos domínios ultramarinos de Portugal, chegando ao Estado Português da Índia e ao Estado do Brasil como o confirma um longo sermão do Padre António Vieira sobre São Gonçalo.

Festas de São Gonçalinho, em Aveiro.

É o patrono da cidade de Amarante, onde viveu e faleceu.

Em Arriconha, sua terra natal, ergue-se uma ermida sob a sua invocação.

No bairro da Beira Mar, na freguesia da Vera Cruz, em Aveiro, a Capela de São Gonçalo é chamada carinhosamente Capela de São Gonçalinho. São também aqui celebradas anualmente as Festas de São Gonçalinho, nas quais os devotos atiram cavacas do topo da capela, como forma de pagar promessas.[2][3]

No Brasil é patrono das cidades homónimas de São Gonçalo do Amarante no estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, São Gonçalo (Rio de Janeiro), Itapissuma (Pernambuco), Cajari, Matinha e Viana, (Maranhão) e Cuiabá (Mato Grosso). Em Minas Gerais, é padroeiro das cidades de Contagem, Ibituruna, São Gonçalo do Sapucaí, São Gonçalo do Rio Abaixo, São Gonçalo do Rio Preto e São Gonçalo do Pará.

Amarante (Piauí) também festeja a devoção a Gonçalo de Amarante com uma dança folclórica, o Baile de São Gonçalo. Em Ibituruna acontece, no último fim de semana de janeiro, uma festa em honra ao beato, com a tradicional Congada e Folia de São Gonçalo. Batalha (Piauí) também festeja São Gonçalo desde século XVIII entre 22 de dezembro a 1o. de janeiro. Do dia 1° ao dia 10 em Milton Brandão (PI), a comunidade São Gonçalo também festeja o seu Padroeiro São Gonçalo. Em Pedro II (PI) o Bairro São Gonçalo - Paróquia de São José Operário- de 1º a 10 de janeiro festeja o Beato Gonçalo de Amarante.

Em Caém, cidade do interior da Bahia, tem São Gonçalo como Padroeiro da cidade e sempre de 1º a 10 de Janeiro há comemorações em seu nome, no dia 09 há a Roda de São Gonçalo onde os fiéis dançam ao ritmo de músicas de louvor ao seu nome.

Em Cananéia, no litoral de São Paulo, São Gonçalo é homenageado como Protetor dos fandangueiros (pessoas que cantam fandango).

No dia 10 de janeiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Comemora-se o dia do padroeiro da cidade. A cidade festeja com eventos e missa em sua igreja matriz, batizada com o mesmo nome do santo.

Lendas e tradições

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Ainda em vida parece ter ganho fama de casamenteiro, e sobretudo, de santo, dizendo-se dele ter operado vários milagres; de resto, poucos anos após a sua morte há referências à igreja de Amarante sob a invocação de São Gonçalo, prova de que o seu culto cedo se propagou.

Referências

  1. santo.cancaonova.com. «Frei Gonçalo de Amarante». Consultado em 15 de setembro de 2019 
  2. «Festas de S. Gonçalinho». turismodocentro.pt. Consultado em 6 de janeiro de 2020 
  3. «SIC Notícias | As festas de São Gonçalinho começaram». SIC Notícias. Consultado em 6 de janeiro de 2020 
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