Saúde e Nudismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Saúde e Nudismo
Saúde e Nudismo
Slogan Alma sã e corpo são
Editor José Fernando Vasconcellos Carreira
Editora Editora Rio de Janeiro
Primeira edição 1952
País  Brasil
Orientação política Naturismo

Saúde e Nudismo foi uma revista naturista brasileira, fundada no Rio de Janeiro em 1952.

A revista da editora Rio de Janeiro surgiu em 1952, com o slogan "alma sã e corpo são" e edição do médico José Fernando Vasconcellos Carreira. Ela durou o total de 19 edições.[1]

Nos anos 1950, houve grande perseguição ao naturismo, e a Delegacia de Costumes apreendeu muitas das edições da revista. Para combater a censura, a revista passou a ser vendida dentro de envelopes.[2]

Normalmente, a capa da revista era colorida e o conteúdo era em preto e branco.[2]

A revista publicava imagens de mulheres nuas e fazendo exercícios físicos, com matérias sobre supostos benefícios da nudez a saúde e a beleza. Apesar da nudez, a revista negava publicar conteúdo pornográfico. Ela também evidenciava um tipo de beleza que fugia do padrão da época, buscando um belo "mais autêntico" e que envolvesse o corpo inteiro, contrapondo-se ao uso da maquiagem e o amplo foco no rosto. Em contrapartida, supostos defeitos nos corpos deveriam ser ignorados, já que todas as pessoas os possuíam e “a própria natureza do Nudismo os deixa de fora”. A revista também pregava o nudismo em uma dimensão espiritual.[3][4]

Imagem publicada pela revista em 1953, com o objetivo de afastar a ideia de que seria uma revista pornográfica.

A nudez infantil também era propagada pela revista. Era pregada a ideia da criança nua em paz ao meio da natureza. A criação da famíia em campos de nudez era incentivada, incluindo dentro de preceitos cristãos. Na edição de número 12, a revista afirmou que “Diga-lhe que Deus está onde habita a higiene e a saúde mora nos corpos que se alimentam bem”.[4]

Além do nudismo, a revista propagava o vegetarianismo, ginástica, banho de mar, heliopatia, prevenção de doenças venéreas e outras práticas alegadamente saudáveis.[1][4] Também havia a publicação de campos de nudismo europeus. A revista chegou a oferecer um sorteio de viagem para passar 15 dias em um dos campos para quem coletasse os 12 cupons das edições publicadas até então.[1][2] Vários destes artigos eram escritos por médicos que assinavam com pseudônimos.[1]

Estudos apontam que a revista publicava a nudez feminina sob a perspectiva masculina. A revista evidenciava a permissão do marido nas práticas nudistas e pregava que as mulheres que não aderiram ao movimento eram vaidosas e frívolas, além de ausentes de uma suposta graciosidade e simplicidade.[3]

  1. a b c d Gonçalo Júnior (10 de dezembro de 2009). «Pelada ficava a sua vó». Trip. Consultado em 5 de junho de 2024. Cópia arquivada em 5 de junho de 2024 
  2. a b c Herold Junior, Carlos; Machado, Alisson Bertão; Campanholi, Carolini Aparecida; Solera, Bruna; Parizotto, Pedro Gabriel Gil (2 de maio de 2022). «O CORPO A PARTIR DO MOVIMENTO NUDISTA: RIO DE JANEIRO NA DÉCADA DE 1950». Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Movimento. 24 (1): 49–64. ISSN 0104-754X. doi:10.22456/1982-8918.65075. Consultado em 5 de junho de 2024 
  3. a b Herold Junior, Carlos; Solera, Bruna; Tortola, Eliane Regina Crestani; Dalben, André; Lara, Larissa Michele (26 de novembro de 2021). «Mulheres e nudez no movimento naturista brasileiro nos anos de 1950». Universidade Federal de Santa Catarina. Revista Estudos Feministas: e70179. ISSN 0104-026X. doi:10.1590/1806-9584-2021v29n370179. Consultado em 4 de junho de 2024 – via Scielo 
  4. a b c Herold Junior, Carlos (16 de outubro de 2020). «INFÂNCIA, EDUCAÇÃO E NUDEZ NO MOVIMENTO NATURISTA NA DÉCADA DE 1950 NO BRASIL». Universidade de Campinas. Cadernos CEDES: 233–242. ISSN 0101-3262. doi:10.1590/CC220949. Consultado em 4 de junho de 2024