Semprônia (gens) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Caio Semprônio Graco falando para o Conselho da Plebe

A gente Semprônia (em latim: gens Sempronia) foi uma importante linhagem famíliar da Roma Antiga, isto é, uma gente de reputada antiguidade que incluía ramos plebeus e patrícios.

O primeiro dos Semprônio a chegar ao consulado foi Aulo Semprônio Atratino, em 497 a.C., o décimo-segundo ano da República. Os Semprônios patrícios frequentemente ocupavam os cargos públicos mais altos nesta época, mas acabaram sendo eclipsados pelas famílias plebeias da gente no final do século IV a.C. A glória dos Semprônios está confinada ao período republicano, sendo que poucos são mencionados nas fontes durante o período imperial.[1]

Entre seus membros notórios estão Tibério Semprônio Longo, cônsul em 218 a.C., Tibério Semprônio Graco, cônsul em 215 a.C., Públio Semprônio Tuditano, cônsul em 204 a.C., Tibério Semprônio Graco (cônsul em 177 a.C.), cônsul em 177 a.C. e os irmãos Caio e Tibério Graco, famosos no final do século II a.C. por suas agressivas tentativas de aumentar o poder da plebe.

Os prenomes (em latim: praenomina) preferidos pelos Semprônios patrícios eram Aulo, Lúcio e Caio. As famílias plebeias utilizavam Caio, Públio, Tibério e Marco. Os Semprônios Tuditanos utilizavam Marco, Caio e Públio enquanto seus contemporâneos, os Semprônios Gracos, usavam Tibério, Caio e Públio., Algumas famílias, incluindo os Semprônios Rútilos e os Muscas utilizavam ainda o prenome Tito ao invés de Tibério[1].

Ramos e cognomes

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Os Semprônios estavam divididos em muitas famílias, das quais a dos Atratinos era, sem dúvida, patrícia, enquanto todas as demais parecem ter sido plebeias. Seus nomes eram Asélio, Bleso, Denso, Graco, Longo, Musca, Pítio, Rufo, Rútilo, Sofo e Tuditano. Desta, apenas os Atratinos, os Gracos e os Pítios aparecem em moedas da época[1].

O cognome "Atratino" (em latim: Atratinus) é derivado de "atratus", que significa "vestido de preto". Eram patrícios e foram muito proeminentes nos primeiros anos da República. Porém, após 380 a.C., nenhum membro da família foi novamente mencionado até 34 a.C.[1][2]. "Sofo" (em latim: Sophus), que significa "sábio", era o nome de uma das famílias plebeias que floresceu durante os séculos IV e III a.C.. "Bleso" (em latim: Blaesus), "que gagueja"", era uma família que ganhou proeminência durante a Primeira Guerra Púnica. Os "Tuditanos" (em latim: Tuditanus) apareceram na segunda metade do século III a.C. e o nome da família, segundo o filologista Ateio, teria sido originalmente uma referência uma referência a um Semprônio cuja cabeça teria o formato similar a um "tudes", um martelo[1][3].

Já o cognome "Longo" (em latim: Longus), bastante comum, era provavelmente uma referência a uma pessoa muito alta, embora possa significar também "tediosa". Esta família ganhou proeminência na Segunda Guerra Púnica. "Rútilo" (em latim: Rutilus), "avermelhado", pode ser uma referência à cor do cabelo de alguém ("ruivo") e era o cognome de uma família surgida no início do século II a.C.. Uma família tardia dos Semprônios tinha o cognome "Rufo" (em latim: Rufus), "vermelho", o que sugere uma ligação com os Rútilos. Os "Muscas", "moscas", provavelmente era o apelido de alguém baixo ou, possivelmente, persistente[1][2].

Finalmente, a mais ilustre família dos Semprônios tinha o cognome "Graco" (em latim: Gracchus). Esta família deu à República dois famosos generais, além dos irmãos Tibério e Caio Graco, conhecidos geralmente como irmãos Graco, ambos mártires da causa da plebe justamente quanto tentavam aprovar revolucionárias leis agrárias. A família caiu na obscuridade depois disto, mas ainda existia no período imperial[1].

Semprônios Atratinos

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Semprônios Sofos

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Semprônios Blesos

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Semprônios Tuditanos

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Semprônios Gracos

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Reconstrução moderna da Basílica Semprônia, construída por Tibério Semprônio Graco, o censor, no Fórum Romano. Foi demolida em 54 a.C. para permitir a construção da Basílica Júlia

Semprônios Longos

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Semprônios Rútilos e Rufos

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Semprônios Muscas

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  • Tito Semprônio Musca, um dos cinco comissários nomeados para resolver as disputas entre os pisanos e os lunenses em 168 a.C.[41].
  • Aulo Semprônio Musca, mencionado com seu irmão, Marco, por Cícero em "Sobre a Oratória"[42].
  • Marco Semprônio Musca, mencionado com seu irmão, Aulo, por Cícero em "Sobre a Oratória"[42]
  • Semprônio Musca, flagelou Caio Gálio até a morte depois de flagrá-lo em adultério com sua esposa[43].
  • (Semprônio?) Musca, mencionado por Cícero em 45 a.C., aparentemente um liberto ou um zelador ou mordomo de Tito Pompônio Ático[44].

Referências

  1. a b c d e f g h Smith, William (ed.). A Dictionary of Greek and Roman biography and mythology. Illustrated by numerous engravings on wood, 1813-1893, p. 777.
  2. a b D.P. Simpson, Cassell's Latin & English Dictionary (1963).
  3. Sexto Pompeu Festo, epítome de Marco Vérrio Flaco, De Verborum Significatu, p. 352, ed. Müller.
  4. Lívio, Ab Urbe Condita iv. 7.
  5. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, xi. 61.
  6. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, xii. 32.
  7. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas, xi. 62, 63.
  8. Lívio, Ab Urbe Condita iv. 7, 8.
  9. Cícero, Epístola aos Familiares, ix. 21.
  10. Lívio, Ab Urbe Condita iv. 35, 44, 47.
  11. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, xii. 81, xiii. 9.
  12. Lívio, Ab Urbe Condita vi. 28.
  13. Dião Cássio, História Romana, xlix. 39.
  14. Cícero, Pro Caelio, 1, 3, 7.
  15. Lívio, Ab Urbe Condita xxii. 31.
  16. Lívio, Ab Urbe Condita xxvi. 2, xxvii. 5.
  17. Lívio, Ab Urbe Condita xxxvi. 39, 40.
  18. Fasti Capitolini.
  19. Aulo Gélio, Noctes Atticae, xvii. 21.
  20. Cícero, Bruto, 18, Tusculanae Quaestiones, i. 1, Cato Maior de Senectute, 14.
  21. Lívio, Ab Urbe Condita xxvi. 48.
  22. Lívio, Ab Urbe Condita xxxii. 27, 28, xxxiii. 25, 42.
  23. Apiano, Hispânica, 39.
  24. Lívio, Ab Urbe Condita xxxv. 7, xxxvii. 47, 50, xxxxix. 23, 32, 40, 46, xli. 21.
  25. Cícero, Epístolas para Ático, xiii. 6. § 4, 33. § 3.
  26. T. Robert S. Broughton, The Magistrates of the Roman Republic (1952).
  27. Cícero, Filípicas, iii. 6, Academica Priora, ii. 28.
  28. Valério Máximo, Factorum ac Dictorum Memorabilium libri IX, vii. 8. § 1.
  29. Lívio, Ab Urbe Condita xli. 26.
  30. a b Lívio, Ab Urbe Condita xxxvii. 57.
  31. Sexto Pompeu Festo, epítome de Marco Vérrio Flaco, De Verborum Significatu, s. v. penatores.
  32. Tácito, Anais, vi. 38.
  33. Lívio, Ab Urbe Condita xli. 21
  34. Lívio, Ab Urbe Condita xxxix. 32, 38.
  35. Lívio, Ab Urbe Condita xxxix 9, 11, 19.
  36. Júlio César, Sobre a Guerra Gálica VII 90.
  37. Marco Célio Rufo, Epístolas aos Familiares, viii. 8.
  38. Cícero, Epístolas para Ático, vi. 2. § 10, Epístolas aos Familiares, 22, 25, 29.
  39. Plínio, o Jovem, Epístolas, iv. 22.
  40. Dião Cássio, História Romana, lxxvii. 17.
  41. Lívio, Ab Urbe Condita xlv. 13.
  42. a b Cícero, Sobre a Oratória, ii. 60.
  43. Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis, vi. 1. § 13.
  44. Cícero, Epístolas a Ático, xii. 40.
  45. Tácito, Histórias, i. 43.
  46. Dião Cássio, História Romana, lxiv. 6.
  47. Plutarco, Vidas Paralelas, Galba XX VI.

Ligações externas

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