Solo franco – Wikipédia, a enciclopédia livre
Solo franco (por vezes loma) é a designação dada nas ciências agrárias e em pedologia aos solos cuja textura e composição se aproxima do solo ideal para efeitos de cultivo. Nestes solos, ainda que possam existir variações, as frações de areia e silte são similares e em torno dos 40% em peso, cada, com a fração de argilas a completar o peso, com cerca de 15-20% do total.[1]
Descrição
[editar | editar código-fonte]As partes superficiais do terreno cuja composição quantitativa está em proporções óptimas para uso agrícola, ou muito próximas delas, são usualmente chamadas solos francos. É um tipo de solo de alta produtividade agrícola, em virtude de ter: uma textura relativamente solta, facilitada pela areia; elevada fertilidade, fornecido pelo elevado teor em silte; e uma retenção de humidade adequada, favorecida pelas argilas.[2]
Embora a composição dos solos francos possa variar ligeiramente, as seguintes proporções percentuais, em peso, podem ser consideradas indicativas:[3] areia – 45 %; silte – 40 %; e argila – 15 %.
A principal qualidade deste tipo de solo é que não é muito argiloso, nem muito arenoso. Contudo, no próprio solo franco podem ocorrer variações, dependendo do componente com maiores proporções. Se ocorrer o seguinte: (1) o teor de areia é um pouco mais do que ótimo, é denominado «solo franco-arenoso»; (2) há algum excesso argila, dando origem a um «solo franco-argiloso». Aos solos francos ricos em calcário em que a proposrção de argila é elevada, dá-se frequentemente a designação de margas, podendo ser «margas arenosas» ou «margas argilosas» consoante a fração predominante.
Composição
[editar | editar código-fonte]Do ponto de vista pedológico, os solos francos são composto principalmente de areia (tamanho da partícula > 63 µm), silte (tamanho da partícula > 2 µm) e uma menor quantidade de argilas (tamanho da partícula < 2 µm). Em peso, a composição mineral destes solos é de cerca de 40–40–20% de concentração de areia–silte-argila, respectivamente.[4] Essas proporções podem variar até certo ponto e resultar em diferentes tipos de solos argilosos: franco-arenosos, franco-argilosos, franco-argilo-arenosos, franco-argilosos e siltosos.[4]
No triângulo de classificação textural proposto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o único solo que não é predominantemente areia, silte ou argila é designado por «solo franco». Os solos argilosos geralmente contêm mais nutrientes, humidade e húmus do que os solos arenosos, têm melhor drenagem e capacidade de infiltração de água e ar do que os solos ricos em silte e argila e são mais fáceis de cultivar do que os argilosos. De facto, a definição primária de «solo franco» na maioria dos dicionários é solos contendo húmus (conteúdo orgânico) sem menção ao tamanho ou textura das partículas, e essa definição é usada por muitos horticultores. Os diferentes tipos de solos argilosos têm características ligeiramente diferentes, com alguns drenando líquidos com mais eficiência do que outros. A textura do solo, especialmente a sua capacidade de reter nutrientes e água, são cruciais.[5] Os solos francos são adequados para o cultivo da maioria das variedades de plantas.
Uso em construções
[editar | editar código-fonte]Terras retiradas de solos francos, especialmente as margas ricas em calcário, podem ser usadas para a construção de edifícios, incluindo casas, especialmente quando os materiais são utilizados com as técnicas de enxaimel, comum no centro e norte da Europa.[6] Nessas construç~ies é comum construir uma camada de argila no interior das paredes, o que pode ajudar a controlar a humidade do ar. A marga, combinada com a palha, pode ser usada como material de construção para paredes, sendo uma das tecnologias mais antigas para a construção de casas. Existem dois métodos amplos: o uso de taipa e a produção de tijolos crus (adobe).[7]
- Casa em exaimel (Michelau in Oberfranken, Alemnha, 2007).
- Casa com paredes de barro (Baligród, Polónia, 2012).
- Casa emenxaimel datada de 1707, em restauro (Biesenthal, Alemanha, 2006).
- A Grande Mesquita de Djenné (Mali, 2004).
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Copia archivada». Consultado em 25 de setembro de 2012. Cópia arquivada em 15 de março de 2012
- ↑ Suelo franco.
- ↑ «Copia archivada». Consultado em 25 de setembro de 2012. Cópia arquivada em 15 de março de 2012
- ↑ a b Kaufmann, Robert K.; Cutler J. Cleveland (2008). Environmental Science. [S.l.]: McGraw-Hill. pp. 318–319. ISBN 978-0-07-298429-3
- ↑ R. B. Brown (setembro de 2007). «Soil Texture» (PDF). Cornell University, Department of Crop and Soil Sciences. Consultado em 16 de junho de 2021
- ↑ Schittich (Ed), Christian Schittich (2001). Building Simply. [S.l.]: Birkhäuser Architecture. pp. 38–42. ISBN 3764372710
- ↑ Gerhard Koch, "Loam Construction – from a niche product to an industrial building system". Tokyo: Action for Sustainability – The 2005 World Sustainable Building Conference in Tokyo, Japan, September 2005. Retrieved 17 December 2012.