Thaliacea – Wikipédia, a enciclopédia livre
Thaliacea | |||||||||
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Classificação científica | |||||||||
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Ordens | |||||||||
Thalicea é uma classe de pequenos animais marinhos planctónicos filtradores pertencentes ao subfilo Tunicata que se alimentam essencialmente de plâncton. Estão descritas cerca de 1 250 espécies.
Com até 8 cm de comprimento, mas maioritariamente milimétricos, os espécimes pertencentes a este agrupamento taxonómico, geralmente designados por zoóides, agrupam-se geralmente em grandes colónias gelatinosas que se movem na coluna de água, embora em algumas fases do seu complexo ciclo de vida ocorram em formas solitárias.[1] São organismos pelágicos com distribuição natural nas regiões de águas quentes e temperadas de todos os oceanos e mares.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Conhecidos como taliáceos ou salpas, são animais marinhos pelágicos, de pequeno porte, normalmente com forma de "barril", com corpo gelatinoso e transparente, sobretudo as salpas e os doliólidos. O corpo é oco, recoberto por uma túnica complexa, com as vísceras a formar uma massa na superfície ventral. A musculatura é em bandas anelares distribuída por todo o corpo e não apenas nos sifões.
Apresentam uma faringe perfurada muito desenvolvida. O eixo oro-aboral é rectilíneo e a cavidade faríngea e cloacal ocupa quase toda a parte axial do corpo, o que permite que o fluxo de água gerado seja utilizado para a alimentação, para o intercâmbio gasoso e para proporcionar ao animal (ou à colónia) propulsão. Assim, a água impulsionada pelas contracção dos músculos anelares é usada na locomoção, respiração e alimentação.
Apesar da maioria dos Urochordata serem sésseis, os Thaliacea são filtradores de vida livre, pertencendo à comunidade planctónica, concretamente ao holoplâncton. Assim, ao contrário das ascídias, os membros deste grupo possuem vida livre durante todo o seu ciclo de vida.
Apresentam formas solitárias ou em cadeias coloniais de vários metros, possuindo sifão inalante e exalante em posições opostas. Muitas espécies possuem órgãos luminoso, sendo comum a bioluminescência no grupo, com destaque para o género Pyrosoma.
O ciclo de vida das espécies da classe Thaliacea é complexo, normalmente com vários estados entre a larva e o adulto, tendo organização colonial pelo menos num desses estados intermédios. Apresentam alternância de gerações: indivíduos que se reproduzem sexualmente originam indivíduos assexuados, que produzem por sua vez indivíduos sexuados. Os indivíduos da geração que se reproduz sexualmente são hermafroditas. Na segunda geração ocorre o desmembramento da colónia, produzindo indivíduos independentes capazes de assegurar a dispersão e originar novas colónias.
O primeiro cientista que em 1819 escreveu um tratado científico sobre este grupo foi Adelbert von Chamisso. Antes desse estudo assumia-se que as diferentes gerações pertenciam a espécies distintas, dada a grande diferença morfológica entre elas.
Os membro da classe Thaliacea vivem principalmente nas regiões de águas quentes, junto à superfície da água. Durante o verão, ocorrem ocasionalmente em mares temperados.
As espécies pertencentes a este grupo apresentam migrações verticais na coluna de água: repousam durante o dia a cerca de 800 metros de profundidade e nadam à noite em direcção à superfície. Nas camadas superficiais ingerem grandes quantidades de microalgas, mas podem consumir outros organismo planctónicos, incluindo pequenos peixes.
Parte importante do carbono presente nos nutrientes ingeridos por estes organimos não é excretado como dióxido de carbono para a atmosfera, mas é armazenado na biomassa e nas fezes, as quais se afundam a uma taxa de cerca de 1000 metros por dia para o fundo do oceano. O mesmo acontece com as colónias quando morrem. De acordo com estimativas separadas, deste muitos milhares de toneladas de carbono da atmosfera são retidas nos fundos marinhos. Assim, o grupo Thaliacea é considerado importante captador de dióxido de carbono, com significado ecológico para o funcionamento do ciclo do carbono na Terra. [2]
No género Pyrosoma as espécies formam colónias tubulares, com indivíduos da colónia ligados por uma parede matricial gelatinosa.
Ordens
[editar | editar código-fonte]A classe é relativamente pequena, dividida em três ordens. Seguindo World Register of Marine Species (WoRMS) a classe Thaliacea tem a seguinte estrutura:[3]
- Ordem Pyrosomida Jones 1848
- Família Pyrosomatidae Garstang 1929
- Subfamília Pyrostremmatinae van Soest 1979
- Género Pyrostremma Garstang 1929 [Propyrosoma Ivanova-Kazas 1962]
- Subfamília Pyrosomatinae
- Género Pyrosoma Péron 1804 [Dipleurosoma Brooks 1906]
- Género Pyrosomella van Soest 1979
- Subfamília Pyrostremmatinae van Soest 1979
- Família Pyrosomatidae Garstang 1929
- Ordem Salpida [Hemimyaria; Desmomyaria Uljanin 1884]
- Família Salpidae Franstedt 1885
- Subfamília Cyclosalpinae Yount 1954
- Género Cyclosalpa Blainville 1827 [Orthocoela Macdonald 1864; Pyrosomopsis Macdonald 1864]
- Género Helicosalpa Todaro 1902
- Subfamília Salpinae Lahille 1888
- Género Brooksia Metcalf 1918
- Género Iasis Savigny 1816 [Weelia Yount 1954; Salpa (Iasis) Savigny 1816]
- Género Ihlea Metcalf 1919 non Metcalf 1918 [Apsteinia Metcalf 1918 non Schmeil 1894]
- Género Metcalfina Ihle & Ihle-Landenberg 1933
- Género Pegea Savigny 1816
- Género Ritteriella Metcalf 1919 [Ritteria Metcalf 1918 non Kramer 1877]
- Género Salpa Forskål 1775 [Biphora Bruguière 1789; Bifora Agassiz 1846; Dagysa Banks & Solander 1773]
- Género Soestia [Holothurium sensu Pallas 1774]
- Género Thetys Tilesius 1802 [Salpa (Thetys) Tilesius 1802]
- Género Thalia Blumenbach 1798 [Dubreuillia Lesson 1832; Edusa Gistl 1848]
- Género Traustedtia Metcalf 1918 [Salpa (Traustedtia) Metcalf 1918]
- Subfamília Cyclosalpinae Yount 1954
- Família Salpidae Franstedt 1885
- Ordem Doliolida [Cyclomyaria Uljanin 1884]
- Subordem Doliolidina
- Família Doliolidae Bronn 1862
- Género Dolioletta Borgert 1894
- Género Doliolina Garstang 1933
- Género Dolioloides Garstang 1933
- Género Doliolum Quoy & Gaimard 1834
- Família Doliopsoididae Godeaux 1996
- Género Doliopsoides Krüger 1939
- Família Doliolidae Bronn 1862
- Subordem Doliopsidina
- Família Doliolunidae Robison, Raskoff & Sherlock 2005
- Género Pseudusa Robison, Raskoff & Sherlock 2005
- Família Doliopsidae Godeaux 1996
- Família Paradoliopsidae Godeaux 1996
- Género Paradoliopsis Godeaux 1996
- Família Doliolunidae Robison, Raskoff & Sherlock 2005
- Subordem Doliolidina
A ordem Doliolida é a que apresente maior biodiversidade, incluindo duas subordens e quatro famílias. O ciclo de vida das espécies que a integram caracteriza-se pela existência de alternância entre gerações sexuadas e assexuadas. A geração assexual produz três tipos de gemas: (1) umas inserem-se nas regiões laterais da haste reprodutora; (2) outras são gastrozoóides, encarregados da alimentação da colónia, e colocam-se na região central da haste; e (3) outras são gonozoóides que uma vez atingida a maturidade se separam da colónia e se reproduzem sexualmente, originando novas colónias.
A ordem Pyrosomatida é monotípica, contendo apenas a família Pyrosomatidae, caracterizada pela presença de zoóides sexuais em maior proporção que assexuais. A fecundação é interna.
A ordem Salpidaé também monotípica, com apenas a família Salpidae. Neste grupo, o zoóide assexual forma colónias, produzindo indivíduos assexuais solitários mediante estrobilação. O desenvolvimento é directo.
Galeria
[editar | editar código-fonte]- Um Doliolida.
Notas
- ↑ Bertelsmann Lexikon-Institut (editor): Das moderne Tierlexikon, in 12 Bänden, Verlagsgruppe Bertelsmann GmbH, Gütersloh, 1979–1985, Band 9: Roh–Seeg, 324 sidor, bok-nr. 06789 2, sidorna 93–95: Salpen.
- ↑ Thaliaceans and the carbon cycle
- ↑ [1] World Register of Marine Species. Retrieved 2014-02-13.
Referências
[editar | editar código-fonte]- Barnes, Robert D. (1982). Invertebrate Zoology. Philadelphia, PA: Holt-Saunders International. pp. 1042–1043. ISBN 0-03-056747-5
- Bone, Quentin (1998). The pelagic Tunicates. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854024-8