Tereza Grossi – Wikipédia, a enciclopédia livre
Tereza Grossi | |
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Nome completo | Tereza Cristina Grossi Togni |
Nascimento | 25 de janeiro de 1949[1] Itajubá, Minas Gerais |
Morte | 22 de setembro de 2023 (74 anos) São Paulo, São Paulo |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | contadora administradora |
Tereza Grossi (Itajubá, 25 de janeiro de 1949 — São Paulo, 22 de setembro de 2023) foi uma contadora e administradora brasileira, ex-diretora de Fiscalização do Banco Central do Brasil entre março de 2000 e março de 2003.[2]
Formação acadêmica
[editar | editar código-fonte]Em julho de 1977, Grossi graduou-se em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Minas Gerais (UC-MG) e em dezembro do mesmo ano, em Administração pela mesma instituição.[1]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Banco Central: antes e durante
[editar | editar código-fonte]Grossi passou muitos anos trabalhando em cargos administrativos e de secretaria em empresas privadas. Desempregada em 1984, fez um concurso para auditora do Bacen e foi aprovada.[3] Na instituição, foi galgando postos (inicialmente em Belo Horizonte) até que em 1997 chegou ao Departamento de Fiscalização, tendo sido transferida para Brasília.[1]
No início de 2000, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, empenhou-se pessoalmente para que ela se tornasse a primeira mulher a assumir uma diretoria do BC.[3] A indicação foi recebida com estranheza no Senado Federal, visto que Grossi havia sido apontada pela CPI dos Bancos como uma das responsáveis pela manobra de salvamento dos bancos Marka e FonteCindam em janeiro de 1999 (os quais, a despeito da generosa ajuda financeira recebida - R$ 1,5 bilhão de reais - foram à bancarrota).[1]
Superando as resistências ao seu nome, Grossi teve confirmada sua nomeação como Diretora de Fiscalização do BC em 30 de março de 2000.[2] Em junho de 2000, todavia, ela foi denunciada pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, acusada de haver prestado auxílio indevido aos bancos Marka e FonteCindam, lesando os cofres públicos. Pelo mesmo motivo, era então ré em quatro outros processos movidos pelo Ministério Público de Brasília.[4] Apesar de tudo, Armínio Fraga reiterou à época ter "total confiança" em sua subordinada.[5]
Em sua defesa, Grossi afirmou que uma simples chefe de departamento interina (cargo que ocupava em 1999) não teria o poder para autorizar uma operação vultosa como a efetuada para o resgate do Marka/FonteCindam. A decisão teria partido da diretoria do BC e do seu presidente na época (Francisco Lopes), cabendo a ela tão somente a implementação técnica da mesma.[6]
No final de agosto de 2000, uma alteração no artigo de uma medida provisória foi vista como uma retaliação contra procuradores do BC, que haviam recusado-se a defender Grossi contra as acusações de peculato no processo movido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Pela medida provisória, os procuradores só estariam autorizados a abrir uma investigação (sobre qualquer assunto) após uma solicitação formal à diretoria do órgão. Em setembro do mesmo ano, Grossi teve concedida sua aposentadoria como Analista de Nível B.[7]
Por conta das investigações sobre o escândalo Marka/FonteCindam, Grossi foi afastada judicialmente de suas funções por duas vezes: de 1 a 4 de agosto de 2000, e de 4 a 23 de outubro de 2001.[2][8] Em 2008, foi absolvida das acusações de peculato pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro, os quais entenderam que ela apenas havia cumprido ordens superiores.[9] Todavia, em 2012, foi condenada pela Justiça Federal do DF, juntamente com outros diretores do BC, a BM&F, Francisco Lopes e o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, em duas ações de improbidade administrativa propostas pelo MPF/DF e duas de iniciativa popular. Com as multas e a correção monetária, o valor a ser devolvido aos cofres públicos montaria a mais de R$ 6 bilhões. Ainda cabe recurso da sentença.[10][11]
Após o BC
[editar | editar código-fonte]Grossi permaneceu no BC durante a fase de transição, após a mudança de governo na eleição presidencial de 2002.[12] Foi exonerada em 13 de março de 2003 e desde então, retomou sua carreira na iniciativa privada.[2]
Entre fevereiro de 2004 e novembro de 2008, Grossi foi membro do Conselho de Administração do Itaú Unibanco Holding S.A.. É membro do Comitê de Auditoria da B3 desde 2009. Foi membro do Comitê de Auditoria da Porto Seguro S.A. entre 2009 e 2011, coordenadora do Comitê de Auditoria e Gestão de Riscos da Itautec S.A. desde setembro de 2010 e do Comitê de Divulgação desde maio de 2011. É presidente do Conselho Fiscal da Itaúsa – Investimentos Itaú S.A., desde abril de 2011 e presidente do Comitê de Auditoria e de Gerenciamento de Riscos da Duratex S.A. desde abril de 2013.[13]
Morte
[editar | editar código-fonte]Morreu em 22 de setembro de 2023 e a causa da morte não foi divulgada.[14][15]
“ | Neste momento de dor, a Diretoria do Banco Central expressa seus sinceros sentimentos de pesar aos familiares, amigos e colegas de trabalho de Tereza. | ” |
— Nota do Banco Central, lamentando a morte da ex-diretor do banco, [14] |
Referências
- ↑ a b c d Senado Federal do Brasil, ed. (13 de março de 2000). «Mensagem n° 91 de 2000» (pdf). Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ a b c d Banco Central do Brasil, ed. (2013). «Composição Histórica da Diretoria» (pdf). Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ a b Leandra Peres (1 de março de 2000). «A nova xerife». Veja (revista). Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ «A competente Tereza». ISTOÉ. 23 de junho de 2000. Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ Estela Caparelli (28 de junho de 2000). «O problema Tereza». ISTOÉ. Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ «A defesa de Tereza». ISTOÉ Dinheiro. Consultado em 25 de dezembro de 2013
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(ajuda) - ↑ Maurício Lima (13 de setembro de 2000). «Mordaça no BC». Veja (revista). Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ «Marka de sempre». Veja (revista). 10 de outubro de 2001. Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ «Tereza Grossi, ex-diretora do BC, é absolvida da acusação de desvio de dinheiro público». Jornal Nacional. 12 de novembro de 2008. Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ Procuradoria-Geral da República no Distrito Federal (29 de março de 2012). «Justiça condena ex-dirigentes do Bacen, BM&F e banqueiros a devolver R$ 6 bi aos cofres públicos». Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ Procuradoria da República no Distrito Federal (ed.). «Resumo das Condenações Marka-Fontecindam» (pdf). Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ «Radicais vencem, e Tereza Grossi deixa BC». Folha de S. Paulo. 19 de fevereiro de 2003. Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ Duratex S.A. (ed.). «Tereza Cristina Grossi Togni - Especialista». Consultado em 25 de dezembro de 2013
- ↑ a b «Morre Tereza Grossi, primeira mulher a ser diretora do Banco Central». Universo Online. 22 de setembro de 2023. Consultado em 22 de setembro de 2023
- ↑ «Morre em São Paulo a primeira mulher a ocupar uma diretoria no BC». Agência Brasil. 22 de setembro de 2023. Consultado em 22 de setembro de 2023