Tigranes VII – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Tigranes.
Tigranes VII
Rei da Armênia
Reinado 339350
Antecessor(a) Cosroes III
Sucessor(a) Ársaces II
 
Morte 358
Descendência
Dinastia arsácida
Pai Cosroes III
Religião Catolicismo armênio

Tigranes VII foi um rei da Arménia da dinastia arsácida, do período dividido entre o Império Romano e o Império Sassânida, tendo governado sob o protectorado sassânida entre o ano 339 e o ano 350. Foi antecedido no governo por Cosroes III da Armênia "o Pequeno" e foi sucedido pelo seu filho Ársaces II da Armênia.

Tigranes (Tigrānēs; Τιγράνης, Tigránēs) é a forma latina e grega surgida do persa antigo *Tigrana (*Tigrāna) e do acadiano Tigranu (𒋾𒅅𒊏𒉡, Tīgranu). Hračʻya Ačaṙyan propôs que derivou por haplologia de *tigrarāna, supostamente significando "lutar com flechas" (cf. o persa antigo 𐎫𐎡𐎥𐎼𐎠𐎶, ⁠tigrām, “pontiagudo”, acusativo singular feminino),[1] que Ačaṙyan entendeu que derivou do avéstico 𐬙𐬌𐬖𐬭𐬀 (tiγra, "flecha") e sânscrito तिग्म (tigmá, "pontiagudo") e do avéstico 𐬭𐬇𐬥𐬀 (rə̄na, "batalha, luta") e sânscrito रण (raṇa, "batalha")).[2] Ele também comparou o grego antigo Tigrapates (Τιγραπάτης, Tigrapátēs, literalmente “mestre das flechas”) e, para a haplologia, o nome avéstico 𐬬𐬍𐬭𐬁𐬰 (vīrāz) de *vīra-rāz-.[3] J̌ahukyan considerou a explicação improvável.[4] É mais provável que decorra do iraniano antigo Tigrana (*Tigrāna-), uma formação patronímica com o sufixo *-āna- do nome *Tigra (*Tigrā-; lit. “delgado”), refletido no elamita Tigra (𒋾𒅅𒊏, Tīgra) e acadiano Tigra (𒋾𒅅𒊏𒀪, Tīgraʾ), da palavra discutida acima para "pontiagudo".[5][6][7] O nome foi tardiamente registrado em armênio como Tigrã (Տիգրան, Tigran).[2]

Em algum momento durante seu reinado o Sapor  II (r. 309–379) lançou guerra contra o Império Romano e seus aliados, em primeiro lugar, perseguindo os cristãos que viviam na Pérsia e Mesopotâmia. A guerra de Sapor, e a captura de territórios, desferiram um forte golpe no prestígio dos romanos no Oriente. Finalmente, o xá invadiu a Armênia tomando como reféns os membros da família real, inclusive Tigranes, uma vez que foram traídos pelo camareiro de Tigranes.[8] Todos os membros de sua família tornaram-se prisioneiros políticos dos sassânidas e o rei, após ser acusado de conluio com Roma, foi cegado e jogado na prisão.[9]

Os nobres da Armênia, enfurecidos pela brutalidade de Sapor e seu tratamento com a família real armênia, pegaram em armas e lutaram contra ele e seu exército com a ajuda dos romanos. Eles, com sucesso, expulsaram Sapor da Armênia e o forçaram a firmar um tratado no qual libertou Anobes e os demais membros de sua família. Como Tigranes estava deprimido e cegado após sua experiência em cativeiro, ele abdicou o trono e Ársaces II o sucedeu como rei da Armênia em 350.[9]

Referências

  1. Schmitt 2014, p. 254.
  2. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 146-147.
  3. Bartholomae 1904, col. 1454.
  4. J̌ahukyan 1981, p. 57-58.
  5. Tavernier 2007, p. 324.
  6. Zadok 2009, § 527, p. 303.
  7. Schmitt 2011, p. 364.
  8. «ARMENIA AND IRAN ii. The pre-Islamic period» (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2013 
  9. a b Kurkjian 2008, p. 103.
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Տիգրան». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Bartholomae, Christian (1904). Altiranisches Wörterbuch [Old Iranian Dictionary]. Estrasburgo: K. J. Trübner 
  • J̌ahukyan, Geworg (1981). «Movses Xorenacʻu "Hayocʻ patmutʻyan" aṙaǰin grkʻi anjnanunneri lezvakan aġbyurnerə [The Linguistic Origins of the Proper Names in the First Book of Movses Khorenatsi's 'A History of the Armenians']». Patma-banasirakan handes [Historical-Philological Journal]‎ (3) 
  • Schmitt, Rüdiger (2011). Iranische Personennamen in der griechischen Literatur vor Alexander d. Gr. (Iranisches Personennamenbuch. Band 5, Faszikel 5A. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências 
  • Schmitt, Rüdiger (2014). Wörterbuch Der Altpersischen Königsinschriften [Dictionary of Old Persian Royal Inscriptions]. Viesbade: Reichert 
  • Tavernier, Jan (2007). «*Tigra-». Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550–330 B.C.): Lexicon of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts. Lovaina e Paris: Peeters Publishers 
  • Zadok, Ran (2009). Iranische Personennamen in der neu- und spätbabylonischen Nebenüberlieferung (Iranisches Personennamenbuch, Band 7, Faszikel 1B. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências