Vírus de Marburg – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Este artigo é sobre o vírus. Para a doença, veja Doença do vírus de Marburg.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaVírus de Marburg
Vírus de Marburg, ampliado cerca de 100.000x
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Classificação científica
Grupo: Grupo V ((-)ssRNA)
Reino: Virus
Ordem: Mononegavirales
Família: Filoviridae
Género: Marburgvirus
Espécie: Lake Victoria marburgvirus

O vírus de Marburg ou vírus de Marburgo[1] (MARV) é o agente causador da febre hemorrágica de Marburg, que teve epidemias conhecidas em 1967 (a primeira) e depois em 1975, 1980, 1987, 1998, 20042005 (cujo epicentro foi Angola), 20072014 (cujo epicentro foi Uganda) e 2023 (na Guiné Equatorial).

Tanto a doença, quanto o vírus, estão relacionados com o ebola e têm origem na mesma área geográfica (Uganda e Quénia ocidental). A sua fonte é uma zoonose de origem desconhecida.

Este vírus foi documentado pela primeira vez em 1967, quando 31 pessoas adoeceram nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt am Main, e na cidade sérvia de Belgrado.

A estrutura viral é típica dos filovírus, com longas partículas fibrosas que têm um diâmetro consistente mas que variam muito em comprimento, entre uma média de 800 nm até 14.000 nm, com o auge da actividade infeciosa por volta dos 790 nm. O seu vírion contém 7 proteínas estruturais conhecidas. Sendo praticamente idêntico ao vírus do Ébola em estrutura, o vírus de Marburg é antigenicamente distinto do vírus do Ébola - por outras palavras, ele produz anticorpos diferentes, nos organismos infectados.

Este vírus foi documentado pela primeira vez em 1967, quando 31 pessoas adoeceram nas cidades alemãs de Marburg e Frankfurt am Main e na cidade sérvia de Belgrado, aparentemente por causa de macacos Cercopithecus aethiops infectados, que haviam sido importados de Uganda para o uso no desenvolvimento de vacinas pólio. Foi o primeiro filovírus a ser identificado.

É transmitido às pessoas por morcegos frugívoros e se espalha entre humanos através do contato direto com os fluidos corporais de pessoas, superfícies e materiais infectados, reporta a OMS.[2]

Sintomas da doença

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Ver artigo principal: Doença do vírus de Marburg

A doença é caracterizada por um súbito ataque de febre, dores de cabeça e mialgia após um período de incubação de 5 a 10 dias. Passada uma semana, aparece uma inflamação maculopapular, seguida de vómitos, dores do peito e abdominais e diarreia. A doença pode então agravar-se ainda mais, com icterícia, delírios, falência do fígado e hemorragias extensas.[2] A recuperação é prolongada e pode ser marcada por inflamação dos testículos, hepatite recorrente, mielite recorrente ou uveíte, inflamação da medula espinal, dos olhos ou da glândula parótida.

Dependendo dos serviços de saúde e do apoio hospitalar disponível, a doença pode ter taxas de letalidade extremamente altas. Durante um surto de Marburg ocorrido em Angola entre 2004 e 2005, das 252 pessoas que contraíram um sorotipo particularmente virulento, 227 (90%) morreram.[3][4][5]

Entre julho e setembro de 2007, mineiros que trabalhavam na gruta de Kitaka, em Uganda, foram diagnosticados com a febre hemorrágica de Marburg. Aparentemente o vetor da doença foram morcegos-da-fruta (Rousettus aegyptiacus). A gruta e a mina abrigavam 40.000 a 100.000 desses morcegos.[6][7]

Surtos da doença do vírus de Marburg (MARV) : 1967–2024
Ano Localização geográfica N° de mortes/N° de casos (taxa de letalidade)
1967 Marburg e Frankfurt,Alemanha Ocidental e Belgrado,Iugoslávia (hoje Sérvia) 7/31 (23%)[8][9][10][11][12][13][14][15]
1975 Rodésia e Johannesburg, África do Sul 1/3 (33%)[16][17][18]
1980 Quênia 1/2 (50%)[19]
1987 Quênia 1/1 (100%)[3][20]
1988 Koltsovo, Novosibirsk , URSS (hoje, Rússia) 1/1 (100%) [acidente de laboratório][21]
1990 Koltsovo, Novosibirsk , URSS (hoje, Rússia) 0/1 (0%) [acidente de laboratório][22]
1998–2000 Durba, Haut-Uele e Watsa,Orientale, República Democrática do Congo 128/154 (83%) Durante esse surto, foram registrados 154 casos com 128 óbitos decorrentes de infecção provocada por duas diferentes espécies do gênero Marburgvirus (MARV e RAVV) . Porém não há informação sobre quantos casos e quantas mortes foram causadas por MARV ou por RAVV[23][24][25]
2004–2005 Angola 227/252 (90%)[26][27][28][29][30][31][32]
2007 Uganda 1/3 (33%)[33][34]
2008 Uganda, Países Baixos e EUA 1/2 (50%)[35]
2012 Uganda 9/18 (50%)[36]
2014 Uganda 1/1 (100%)[37][38][39]
2021 Guiné 1/1 (100%)[40]
2022 Gana 2/2 (100%)[41]
2023 Guiné Equatorial 9/27 (33%)[42]
2024 Ruanda 6/26 (23%)[43]

Referências

  1. Correia, Paulo (Verão de 2022). «Os poxvírus e o vírus da perda de domínios» (PDF). a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  2. a b «Ghana reports first-ever suspected cases of Marburg virus disease». WHO | Regional Office for Africa (em inglês). Consultado em 10 de julho de 2022 
  3. a b Chronology of Marburg Hemorrhagic Fever Outbreaks. Known Cases and Outbreaks of Marburg Hemorrhagic Fever, in Chronological Order (1967-2014)
  4. Marburg haemorrhagic fever in Angola. 23 de março de 2005.
  5. Marburg Virus Transmission in Angola Capital of Luanda? Recombinomics, 27 de março de 2005.
  6. Marburg Virus Infection Detected in a Common African Bat. Por Jonathan S. Towner, Xavier Pourrut, César G. Albariño, Chimène Nze Nkogue, Brian H. Bird, Gilda Grard, Thomas G. Ksiazek, Jean-Paul Gonzalez, Stuart T. Nichol, Eric M. Leroy. PLOS ONE, 22 de agosto de 2007. DOI: 10.1371/journal.pone.0000764
  7. Amman BR, Nyakarahuka L, McElroy AK, Dodd KA, Sealy TK, Schuh AJ, et al. Marburgvirus Resurgence in Kitaka Mine Bat Population after Extermination Attempts, Uganda. Emerging Infectious Diseases Journal, vol. 20, n° 10, outubro de 2014.
  8. R. Siegert, Hsin-Lu Shu, W. Slenczka, D. Peters, G. Müller. Zur Ätiologie einer unbekannten, von Affen ausgegangenen menschlichen Infektionskrankheit
  9. PMID 4168558 (PubMed)
  10. PMID 4296724 (PubMed)
  11. PMID 4966280 (PubMed)
  12. PMID 4966281 (PubMed)
  13. PMID 5005859 (PubMed)
  14. PMID 5748997 (PubMed)
  15. Stojkovic, L.; Bordjoski, M.; Gligic, A.; Stefanovic, Z. (1971). «Two Cases of Cercopithecus-Monkeys-Associated Haemorrhagic Fever». In: Martini, G. A.; Siegert, R. Marburg Virus Disease. Berlin, Germany: Springer-Verlag. pp. 24–33. ISBN 978-0-387-05199-4 
  16. PMID 811315 (PubMed)
  17. PMID 406394 (PubMed)
  18. PMID 569445 (PubMed)
  19. PMID 6122054 (PubMed)
  20. Marburg and Ebola viruses; Advances in Virus Research; volume 47, 1996, pp 1–52
  21. PMID 10024977 (PubMed)
  22. PMID 7941853 (PubMed)
  23. PMID 10546197 (PubMed)
  24. PMID 14720391 (PubMed)
  25. PMID 16943403 (PubMed)
  26. PMID 16038348 (PubMed)
  27. PMID 15917379 (PubMed)
  28. PMID 16775337 (PubMed)
  29. PMID 17940944 (PubMed)
  30. PMID 17940945 (PubMed)
  31. PMID 18838150 (PubMed)
  32. PMID 20441515 (PubMed)
  33. PMID 19649327 (PubMed)
  34. PMID 21987753 (PubMed)
  35. PMID 19751577 (PubMed)
  36. «Marburg hemorrhagic fever outbreak continues in Uganda». Outubro de 2012 
  37. «1st LD-Writethru: Deadly Marburg hemorrhagic fever breaks out in Uganda». 5 de outubro de 2014 
  38. Ntale, Samson (8 de outubro de 2014). «99 in Uganda quarantined after Marburg virus death». CNN 
  39. Marburg Hemorrhagic Fever Outbreak in Uganda Outbreak. 13 de novembro de 2014.
  40. «Guinea confirms first West African case of deadly Marburg virus». 10 de Agosto de 2021 
  41. «Two test positive in Ghana for highly infectious Marburg virus». 8 de julho de 2022 
  42. «Equatorial Guinea declares outbreak of Ebola-like Marburg virus». BNO News (em inglês). 13 de fevereiro de 2023. Consultado em 16 de fevereiro de 2023 
  43. «Marburg: vírus até 88% letal, da família do ebola, deixa seis mortos em novo surto em Ruanda». O Globo. 29 de setembro de 2024. Consultado em 29 de setembro de 2024 

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