Vilão – Wikipédia, a enciclopédia livre
Vilão (do latim medieval "villanu-") inicialmente era na época da Idade Média um tipo de servo intimo do senhor feudal, com menos deveres e maiores privilégios pessoais e econômicos, uma pessoa que não pertencia à nobreza feudal e que habitava urbanamente em vilas. Servo era o trabalhador feudal e, havia vários graus de servidão. Devido a tal distanciamento dos outros servos que faziam o trabalho mais duro do feudo, tanto nas terras do senhor feudal como nas arrendadas (Vassalagem), os vilões perdiam simpatia, assim virando um termo com sentido pejorativo.[1]
Modernamente, o termo "vilão" virou um personagem modelo (arquétipo), sendo usado para se referir a alguém que pratica atos malignos ou indignos em proveito próprio (geralmente por ambição ou vingança). No arquipélago da Madeira, o termo continua sendo usado para descrever as pessoas não pertencentes às classes sociais mais altas e que habitam as zonas mais rurais.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A palavra "vilão" refere-se ao habitante de uma vila, com origem na palavra latina "villanu", referindo-se a alguém ligado a uma villa[2] - uma grande quinta ou plantação agrícola, no Império Romano - significando, portanto, um camponês. Na Idade Média, o termo passou a equivaler a um não nobre,[3] e pessoa grosseira.[2] Significando alguém não nobre, o termo "vilão" passou, modernamente, a ser usado para se referir a alguém que pratica atos não nobres ou indignos, como o roubo, o homicídio ou a violação. Os camponeses medievais eram os maiores alvos. Na Península Ibérica e Itálica, os vilões eram descendentes de antigos proprietários romanos.[4]
Idade Média
[editar | editar código-fonte]Na época do feudalismo, o vilão era um descendente de camponeses livres, e, assim, poderia deixar o feudo se o quisesse. Tal como os servos, os vilões deviam, aos senhores, o pagamento da talha e a corveia.[5]
No Portugal medieval, o termo "vilão" referia-se a um cidadão de uma cidade, vila ou concelho, não pertencendo à nobreza. Os vilões com condições econômicas e sociais mais elevadas ascendiam a cavaleiros-vilões, sendo obrigados a possuir armas e cavalos, para combater como cavaleiros na hoste do Rei.[5]
Narratologia
[editar | editar código-fonte]Em narratologia e nos estudos de literatura e roteiro, um vilão é a encarnação do mal em relatos históricos e trabalhos de ficção. Cumprem o papel de antagonista ante o herói/protagonista.
Geralmente, é uma figura ardilosa, que utiliza suas habilidades com o intuito de prejudicar alguém ou conseguir algo que deseja de formas escusas. Muitas vezes com planos, que são aplicados ao longo da trama, prejudicando normalmente o protagonista, mas ao término, é de praxe que para ter um final aceitável aos olhos do público, o vilão tem seu plano arruinado de forma heroica pelo personagem principal.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Ledur, Paulo Flávio; Sampaio, Paulo (2000) [1993]. «Pecado nº1 - Mexendo no sentido das palavras». Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem. 8 ed. Porto Alegre: AGE. ISBN 9788585627140
- ↑ a b «O nome do habitante de uma vila - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa». Ciberdúvidas - Instituto Universitário de Lisboa (Iscte). Consultado em 18 de março de 2024
- ↑ «Perguntas da língua portuguesa». Ciber dúvidas. Consultado em 7 de julho de 2012
- ↑ «Resolve» (PDF). Elite Campinas. Consultado em 7 de julho de 2012
- ↑ a b Rogerio Ribeiro Tostes (2007). «Península Ibérica e sociabilidades políticas: poderes simbólico e político na nobreza entre os séculos XII-XIV» (PDF). Consultado em 7 de julho de 2012