Óleo de coco – Wikipédia, a enciclopédia livre

Óleo de coco solidificado
Coqueiro

O óleo de coco, azeite de coco ou manteiga de coco é um óleo vegetal que contém cerca de 90% de ácidos graxos extraídos mediante prensagem da polpa ou cerne dos cocos (Cocos nucifera).

Ele é muito empregado na indústria dos cosméticos (para elaboração de sabões e cremes).

[necessário verificar]

Cocos secando ao sol, em Kerala, Índia.

A Associação Americana de Cardiologia publicou um relatório[1] sobre as gorduras dietéticas e o risco cardiovascular, onde refere o seguinte (traduzido com informação adicionada):

Um questionário recente[2] afirma que 72% dos americanos considera o óleo de coco como um alimento saudável, comparando com 37% dos nutricionistas. Esta diferença poderá estar relacionada com o marketing que tem sido realizado de forma favorável ao óleo de coco pelos meios de comunicação social. O perfil lipídico do óleo de coco consiste em 82% de gorduras saturadas, metade das quais ácido láurico, e o restante mirístico, palmítico, esteriático e ácidos gordos de cadeia curta. Contém mais gorduras saturadas que qualquer outro óleo não hidrogenado.

O ácido laúrico aumenta o colesterol HDL. E é nesse achado que os proponentes do óleo de coco se baseiam para dizer que é benéfico em termos cardiovasculares. No entanto, o aumento do colesterol HDL, seja através da alimentação ou com recurso a fármacos já não é considerado como tendo impacto na diminuição do risco cardiovascular. Neste momento, apenas o colesterol LDL é tido em consideração relativamente ao risco cardiovascular.

Uma comparação dos efeitos do óleo de coco, manteiga e óleo de girassol[3], constatou que tanto a manteiga como o óleo de coco aumentam o colesterol LDL em comparação com o óleo de girassol. No entanto, a manteiga parece ser pior que o óleo de coco. Outro estudo[4] demonstrou que o óleo de coco aumenta o colesterol LDL de forma significativa em comparação com o azeite.

Uma revisão sistemática[5] recente que incluiu sete RCTs, comparou o óleo de coco com ingestão de óleo ricos em gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas. Em todos os estudos, o óleo de coco aumentou mais o colesterol LDL em comparação com os outros óleos. Em seis dos sete estudos esse aumento foi significativo. Outro estudo recente[6] validou estes resultados.

Há, ainda, um estudo indiano[7] que compara o consumo de óleo de coco com óleo de girassol em doentes com doença coronária estável. Ao fim de dois anos não havia diferenças em termos  antropométricos, bioquímicos e em eventos cardiovasculares. Outro estudo[8] compara doenças vasculares (e outros marcadores) entre duas populações, uma da ilha Pukapuka e outra da ilha Tokelau. Os indígenas da ilha Tokelau têm uma dieta mais rica em coco, mas em ambas as tribos as doenças vasculares são raras, não tendo sido verificada a existência de diferenças.

O óleo de coco é um gerador de espuma e por esta razão se emprega na indústria de elaboração de sabão, além da indústria alimentícia para a produção de coberturas de chocolate para sorvetes, na produção de resinas para a indústria química, nos produtos de confeitaria e na elaboração de "snacks" junto ao óleo de palma (ou dendê).[carece de fontes?]

É matéria-prima para a produção de dietanolamidas de ácido graxo de coco, derivados do álcool láurico como os lauril sulfato de sódio, inibidores de corrosão, óleo sulfonados e diversos outros produtos na indústria de matérias primas para cosméticos, produtos de limpeza e aditivos de diversos fins e como biodiesel.[carece de fontes?]

Produção Mundial

[editar | editar código-fonte]

[necessário verificar]

Produção mundial em 2018, em toneladas por ano[9]
1. Filipinas 1.341.000
2. Indonésia 880.000
3.  Índia 320.400
4.  Vietname 167.101
5.  México 131.000
6.  Bangladesh 62.699
7. Sri Lanka 55.200
8.  Malásia 39.700
9.  Moçambique 30.200
10.  Tailândia 28.700
11. Papua-Nova Guiné 26.700
12. Costa do Marfim 18.000
13. Ilhas Salomão 14.719
14. Nigéria 13.256
15. Tanzânia 13.200
16.  Brasil 11.886

O óleo de coco pode ser extraído através de processamento "seco" ou "molhado". O processamento a seco requer que a massa seja extraída da casca e seca usando fogo, luz solar, ou forno para criar copra.[10] A copra é processada ou dissolvida com solventes, produzindo óleo de coco e uma polpa com alto teor proteico e de fibras. A polpa geralmente é utilizada para alimentar ruminantes, visto que ela não tem qualidade suficiente para os padrões industriais. Não há nenhum processo para extrair a proteína da polpa.

O processo "molhado" usa coco cru ao invés de copra, e as proteínas presentes no coco criam uma emulsão de água e óleo.[11] Quebra-se então a emulsão por fervura prolongada, centrifugação ou pré-tratamentos incluindo frio, calor, ácidos, sais, enzimas, eletrólise, ondas de choque, destilação a vapor, ou alguma combinação.

Óleo refinado

[editar | editar código-fonte]

O óleo refinado geralmente é feito a partir de grãos de coco secos, que são pressionados em uma prensa hidráulica aquecida para extrair o óleo. Isto produz praticamente todo o óleo presente, representando mais de 60% do peso seco do coco. Este óleo de coco "bruto" não é apropriado para o consumo porque contém contaminantes e deve ser refinado com mais aquecimento e filtragem.[12]

Um outro método para a extração de óleo de coco envolve a ação enzimática da alfa-amilase, poligalacturonase e proteases em uma pasta de coco diluída.[13]

Hidrogenação

[editar | editar código-fonte]

O óleo refinado pode ser processado ainda mais em óleo parcialmente hidrogenado ou óleo hidrogenado, para aumentar seu ponto de fusão. Como óleos virgem e refinado derretem a uma temperatura de 24°C, alimentos contendo óleos de coco tendem a derreter em climas quentes. Por isso, um maior ponto de fusão é desejável nesses climas. O ponto de fusão do óleo de coco hidrogenado varia entre 36 e 40 °C.[carece de fontes?]

Composição de ácidos graxos

[editar | editar código-fonte]
Óleo de coco
Valor nutricional por porção
Porção 100 g
Energia 3730 kJ (890 kcal)
Gorduras
Gorduras totais 99 g
 • saturada 82.5 g
 • monoinsaturada 6.3 g
 • poli-insaturada 1.7 g
Vitaminas
Vitamina E 3 mg (20%)
Vitamina K 0.6 µg (1%)
Minerais
Ferro 0.05 mg (0%)
fitoesteróis 86 mg
Full link to USDA National Nutrient Database
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos.
Fonte: USDA Nutrient Database

Referências

  1. Sacks, Frank M.; Lichtenstein, Alice H.; Wu, Jason H.Y.; Appel, Lawrence J.; Creager, Mark A.; Kris-Etherton, Penny M.; Miller, Michael; Rimm, Eric B.; Rudel, Lawrence L. (18 de julho de 2017). «Dietary Fats and Cardiovascular Disease: A Presidential Advisory From the American Heart Association». Circulation (3): e1–e23. doi:10.1161/CIR.0000000000000510. Consultado em 11 de julho de 2022 
  2. Quealy, Kevin; Sanger-Katz, Margot (5 de julho de 2016). «Is Sushi 'Healthy'? What About Granola? Where Americans and Nutritionists Disagree». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 11 de julho de 2022 
  3. Cox, C.; Mann, J.; Sutherland, W.; Chisholm, A.; Skeaff, M. (agosto de 1995). «Effects of coconut oil, butter, and safflower oil on lipids and lipoproteins in persons with moderately elevated cholesterol levels». Journal of Lipid Research (8): 1787–1795. ISSN 0022-2275. PMID 7595099. Consultado em 11 de julho de 2022 
  4. Voon, Phooi Tee; Ng, Tony Kock Wai; Lee, Verna Kar Mun; Nesaretnam, Kalanithi (dezembro de 2011). «Diets high in palmitic acid (16:0), lauric and myristic acids (12:0 + 14:0), or oleic acid (18:1) do not alter postprandial or fasting plasma homocysteine and inflammatory markers in healthy Malaysian adults». The American Journal of Clinical Nutrition (6): 1451–1457. ISSN 1938-3207. PMID 22030224. doi:10.3945/ajcn.111.020107. Consultado em 11 de julho de 2022 
  5. Eyres, Laurence; Eyres, Michael F.; Chisholm, Alexandra; Brown, Rachel C. (abril de 2016). «Coconut oil consumption and cardiovascular risk factors in humans». Nutrition Reviews (4): 267–280. ISSN 1753-4887. PMC 4892314Acessível livremente. PMID 26946252. doi:10.1093/nutrit/nuw002. Consultado em 11 de julho de 2022 
  6. Harris, Margaret; Hutchins, Andrea; Fryda, Lisa (abril de 2017). «The Impact of Virgin Coconut Oil and High-Oleic Safflower Oil on Body Composition, Lipids, and Inflammatory Markers in Postmenopausal Women». Journal of Medicinal Food (4): 345–351. ISSN 1557-7600. PMID 28277823. doi:10.1089/jmf.2016.0114. Consultado em 11 de julho de 2022 
  7. Vijayakumar, Maniyal; Vasudevan, D. M.; Sundaram, K. R.; Krishnan, Sajitha; Vaidyanathan, Kannan; Nandakumar, Sandya; Chandrasekhar, Rajiv; Mathew, Navin (julho de 2016). «A randomized study of coconut oil versus sunflower oil on cardiovascular risk factors in patients with stable coronary heart disease». Indian Heart Journal (4): 498–506. ISSN 2213-3763. PMC 4990731Acessível livremente. PMID 27543472. doi:10.1016/j.ihj.2015.10.384. Consultado em 11 de julho de 2022 
  8. «Validate User». academic.oup.com. Consultado em 11 de julho de 2022 
  9. «FAOSTAT». www.fao.org. Consultado em 11 de julho de 2022 
  10. Grimwood, BE; Ashman F; Dendy DAV; Jarman CG; Little ECS; Timmins WH (1975). Coconut Palm Products – Their processing in developing countries. Rome: FAO. pp. 49–56. ISBN 978-92-5-100853-9 
  11. Hamid, M.A.; Sarmidi, M.R.; Mokhtar, T.H.; Sulaiman, W.R.W.; Aziz, R.A. (2011). «Innovative Integrated Wet Process for Virgin Coconut Oil Production» (PDF). Journal of Applied Sciences. 11 (13): 2467. doi:10.3923/jas.2011.2467.2469. Consultado em 12 de fevereiro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 23 de outubro de 2012 
  12. Foale, M. (2003). «The Coconut Odyssey: The Bounteous Possibilities of the Tree of Life» (PDF). Canberra: Australian Centre for International Agricultural Research. pp. 115–116. Consultado em 12 de fevereiro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 21 de julho de 2017 
  13. McGlone OC, Canales A, Carter JV (1986). «Coconut oil extraction by a new enzymatic process». J Food Sci. 51 (3): 695–697. doi:10.1111/j.1365-2621.1986.tb13914.x 
Ícone de esboço Este artigo sobre nutrição é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.