Arábia otomana – Wikipédia, a enciclopédia livre

A península árabe em 1914.

A época otomana na história da Arábia durou de 1517 a 1918. O grau de controle do Império Otomano sobre estes territórios variaram ao longo dos quatro séculos, com força oscilante ou fraqueza da autoridade central do Império.[1][2]

Período inicial

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No século XVI, os otomanos acrescentaram a costa do mar Vermelho e do Golfo Pérsico (Hejaz, Asir e Al-Hasa) ao seu império e reivindicaram suserania sobre o interior. O principal motivo foi frustrar as tentativas portuguesas de atacar o mar Vermelho (daí o Hejaz) e o oceano Índico.[3] Já em 1578, o Xarife de Meca lançou incursões no deserto para punir as tribos negeditas que montaram invasões em oásis e tribos no Hejaz.[4]

O surgimento do que viria a ser a família real saudita, conhecida como al Saud, começou em Négede na Arábia Central em 1744, quando Muhammad bin Saud, fundador da dinastia, uniu forças com o líder religioso Muhammad ibn Abd al-Wahhab,[5] fundador do movimento uaabita, uma forma estrita puritana do Islão sunita. [6] Essa aliança formada no século XVIII forneceu o ímpeto ideológico para a expansão saudita e continua sendo a base do domínio dinástico na atual Arábia Saudita. [7]

Ascensão do estado saudita

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O Primeiro Estado Saudita foi criado em 1744 na região ao redor de Riade, expandiu rapidamente e brevemente controlou a maior parte do território atual da Arábia Saudita. [8] Quando Muhammad ibn Abd al-Wahhab abandonou a posição de imame em 1773, a propagação do controle saudita sobre todo o sul e centro de Najd foi concluída. [9] No final da década de 1780, o norte de Najd foi adicionado ao emirado saudita. [9] Em 1792, Al-Hasa caiu para os sauditas. [9] O emirado saudita assumiu o controle de Taif, em 1802, e de Medina em 1804. [9]

O Primeiro Estado Saudita foi destruído em 1818 pelo vice-rei otomano do Egito, Maomé Ali. [10] Um segundo "estado saudita" muito menor, localizado principalmente em Négede, foi criado em 1824. Durante todo o restante do século XIX, os Al Saud contestaram o controle do interior daquilo que viria a se tornar a Arábia Saudita com uma outra família árabe governante, os Raxídidas. Em 1891, os Raxídidas saíram vitoriosos e os Al Saud foram conduzidos para o exílio no Kuwait. [11]

Dissolução do Império Otomano

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No início do século XX, o Império Otomano continuou a controlar ou ter uma suserania (ainda que nominal) sobre a maior parte da península. Sujeito a esta suserania, a Arábia foi governada por uma miscelânea de governantes tribais, [12][13] com o Xarife de Meca tendo preeminência e governando o Hejaz. [14]

Em 1902, ibne Saude assumiu o controle de Riade em Négede e trouxe os Al Saud de volta para Négede. [11] Ibn Saud ganhou o apoio de Ikhwan, um exército tribal inspirado pelo uaabismo e liderado pelo Sultão ibne Bajade Alotaibi e Faisal Al-Dawish, e que cresceu rapidamente depois de sua fundação, em 1912. [15] Com a ajuda de Ikhwan, Ibn Saud capturou Hasa dos otomanos em 1913.

Em 1916, com o incentivo e apoio da Grã-Bretanha (que estava lutando contra os otomanos na Primeira Guerra Mundial), o Xarife de Meca, Huceine ibne Ali, liderou uma revolta pan-árabe contra o Império Otomano para criar um estado árabe unido.[16] Embora a revolta árabe de 1916-1918 tenha falhado em seu objetivo, a vitória dos Aliados na Primeira Guerra Mundial resultou no fim da suserania otomana e do controle na Arábia. [17]

Divisões territoriais

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Durante a época do domínio otomano, o território da moderna Arábia Saudita foi dividido entre as seguintes entidades:

Referências

  1. Wayne H. Bowen (2008). The History of Saudi Arabia. [S.l.]: Greenwood Publishing Group. p. 68. ISBN 978-0-313-34012-3. Consultado em 12 de junho de 2013 
  2. Chatterji, Nikshoy C. (1973). Muddle of the Middle East, Volume 2. [S.l.: s.n.] p. 168. ISBN 0-391-00304-6 
  3. William J. Bernstein (2008). A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World. [S.l.]: Grove Press. p. 191. ISBN 978-0-8021-4416-4. Consultado em 12 de junho de 2013 
  4. James Wynbrandt (2010). A Brief History of Saudi Arabia. [S.l.]: Infobase Publishing. p. 101. ISBN 978-0-8160-7876-9. Consultado em 12 de junho de 2013 
  5. Bowen, Wayne H. (2007). The history of Saudi Arabia. [S.l.: s.n.] pp. 69–70. ISBN 978-0-313-34012-3 
  6. Harris, Ian; Mews,Stuart; Morris, Paul; Shepherd, John (1992). Contemporary religions: a world guide. [S.l.: s.n.] p. 369. ISBN 978-0-582-08695-1 
  7. Faksh, Mahmud A. (1997). The future of Islam in the Middle East. [S.l.: s.n.] pp. 89–90. ISBN 978-0-275-95128-3 
  8. "Reining in Riyadh" by D. Gold, 6 April 2003, NYpost (JCPA)
  9. a b c d Tim Niblock (11 de janeiro de 2013). Saudi Arabia: Power, Legitimacy and Survival. [S.l.]: Routledge. p. 12. ISBN 978-1-134-41303-4. Consultado em 12 de junho de 2013 
  10. "The Saud Family and Wahhabi Islam". Library of Congress Country Studies.
  11. a b «History of Arabia». Encyclopædia Britannica Online 
  12. Murphy, David (2008). The Arab Revolt 1916–18: Lawrence Sets Arabia Ablaze. [S.l.: s.n.] pp. 5–8. ISBN 978-1-84603-339-1 
  13. Al Rasheed, Madawi (1997). Politics in an Arabian oasis: the Rashidis of Saudi Arabia. [S.l.: s.n.] p. 81. ISBN 1-86064-193-8 
  14. Anderson, Ewan W.; Fisher, William Bayne (2000). The Middle East: geography and geopolitics. [S.l.: s.n.] p. 106. ISBN 978-0-415-07667-8 
  15. Dekmejian, R. Hrair (1994). Islam in revolution: fundamentalism in the Arab world. [S.l.: s.n.] p. 131. ISBN 978-0-8156-2635-0 
  16. Tucker, Spencer; Roberts, Priscilla Mary (205). The Encyclopedia of World War I. [S.l.: s.n.] p. 565. ISBN 978-1-85109-420-2 
  17. Hourani, Albert (2005). A History of the Arab Peoples. [S.l.: s.n.] pp. 315–319. ISBN 978-0-571-22664-1