Banda do Casaco – Wikipédia, a enciclopédia livre
Banda do Casaco | |
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Capa do disco No Jardim da Celeste | |
Informação geral | |
País | Portugal |
Gênero(s) | Rock progressivo Folk Música de intervenção |
Período em atividade | 1974 - 1984 |
Gravadora(s) | PolyGram (Universal Music) EMI-Valentim de Carvalho Imavox Transmédia Companhia Nacional de Música |
Integrantes | António Avelar de Pinho Luís Linhares Nuno Rodrigues Celso de Carvalho José Campos e Sousa Cândida Soares (Cândida Branca Flor) Né Ladeiras Gabriela Schaaf Concha Ti Chitas (Catarina Chitas) Jerry Marotta Carlos Zíngaro |
Página oficial | Facebook.com/bandadocasaco |
A Banda do Casaco (Portugal, 1974 -1984), foi uma banda portuguesa de rock e folk progressivo.
História
[editar | editar código-fonte]Depois do fracasso comercial que foi o projecto Filarmónica Fraude, António Avelar de Pinho (vocalista) e Luís Linhares (teclas) juntam-se ao ex-Música Novarum Nuno Rodrigues (vocalista, guitarra) e ao ex-Plexus Celso de Carvalho (violoncelo, contrabaixo) para formar o grupo Banda do Casaco. [1][2][3]
Em 1973 dá-se o encontro entre Pinho e Rodrigues, que iniciam de imediato a escrita do seu primeiro álbum, Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios, apenas editado em 1975. O nome do álbum denotava já o tom surrealista que vai acompanhar toda a obra do grupo, surrealismo esse acentuado pelos desenhos de Carlos Zíngaro na capa do LP. [4][5][6][2]
No ano anterior saíra um single com os temas Ladainha das Comadres e Lavados Lavados Sim. No disco colaboravam Judi Brennan e Helena Afonso nas vozes, Carlos Zíngaro, Luís Linhares, José Campos e Sousa e Nelson Portelinha. António Pinho, assina todas as letras e Nuno Rodrigues compôs os temas (excepto Aliciação e Opúsculo). [1][2][6]
Este grupo juntou uma pesquisa etnográfica à música pop, criando um trabalho de grande qualidade a nível musical e em que não foi descurada a crítica social, como aliás já tinha acontecido com a Filarmónica Fraude. Durante a sua existência (1974 a 1984) passaram pelas suas fileiras inúmeros músicos de grande nível, tendo algumas vezes a sua passagem pela Banda do Casaco sido o trampolim para uma carreira a solo. [1][7][2]
Em 1976 sai o primeiro disco verdadeiramente marcante do grupo: Coisas do arco da velha. O talento satírico dos trocadilhos de Pinho conjuga-se com soluções inovadoras, e o disco é marcado pela guitarra de Armindo Neves e pelo violino de Mena Amaro, que substituiu Carlos Zíngaro. [6][1]
Cândida Soares participa e reforça a vocalização, ao mesmo tempo que ganha um nome artístico: Cândida Branca Flor, do título da terceira faixa do disco, Romance de Branca-Flor. [8] Temas como Canto de Amor e Trabalho, Morgadinha dos Canibais, ou Cantiga d'Embalar Avozinhas, contribuíram para um inesperado sucesso junto do público e da crítica. Esse sucesso culmina com a obtenção do título de 'Melhor Disco do Ano'. [6][3][9][2]
Se em Coisas do Arco da Velha a recolha etnográfica, depois livremente trabalhada e adaptada, é ainda decisiva para o resultado final, o álbum seguinte da Banda do Casaco inclina-se para a experimentação e o vanguardismo. Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos (1977), pretendia ser uma sátira à instabilidade económica e à precariedade social do país. Num álbum onde são significativas a entrada para o grupo de António Pinheiro da Silva e as colaborações dos "iniciados" Gabriela Schaaf na voz e Rão Kyao no saxofone tenor, destacaram-se os temas 'País, Portugal', 'Geringonça' e 'Acalanto'. Este álbum é considerado uma das jóias perdidas da música popular Portuguesa. Embora o seu master se tenha perdido, Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos foi reeditado em CD em 2006. [6][1][10][11][12][13]
No ano seguinte, Contos da Barbearia sintetiza os trabalhos anteriores, incorporando as colaborações do contrabaixista José Eduardo e do baterista Vitor Mamede, além do regresso de Zíngaro. [14] Mas é preciso esperar três anos mais para, em 1981, sair novo disco da banda que viria a causar forte impressão junto do público e da crítica. No Jardim da Celeste trazia duas novidades: uma sonoridade mais "urbana", aproximando-se do rock, e a participação de duas notáveis figuras: Né Ladeiras, na voz, após ter colaborado com a Brigada Victor Jara e os Trovante; e Jerry Marotta, baterista de Peter Gabriel, de reputação internacional, que gostou tanto da banda que veio a Portugal gravar com ela. Do disco sobressai Natação Obrigatória, presença regular nas rádios da altura. [6][15][16]
Nuno Rodrigues assegurou sozinho a direcção do álbum Também Eu de 1982. Notabiliza-se Salve Maravilha, na voz de Né Ladeiras. Depois da saída do letrista de sempre António Pi nho, Nuno Rodrigues reuniu Celso de Carvalho, José Fortes, Ramón Galarza, José Moz Carrapa e Zé Nabo. [6][9][1]
Em 1984 sai o derradeiro álbum, Banda do Casaco com Ti Chitas. A maior parte das vozes é de Concha, contando ainda o álbum com as vozes do próprio Nuno Rodrigues e de Catarina Chitas, pastora e tocadora de adufe de Penha Garcia (aldeia da região da Beira Baixa). Este é o último álbum de originais do grupo (haverá ainda a compilação, em duplo, A Arte e a Música da Banda do Casaco editada pela Universal Music), onde se faz sentir a ausência de António Pinho, um dos pilares do projecto. [3][2][1][17][18]
Em 1984 o grupo dá um dos seus únicos espectáculo ao vivo, que deste modo encerra uma década de prodigiosa reinvenção dos pressupostos da música popular portuguesa. Nas palavras de Nuno Rodrigues: "Entre António Calvário e Sérgio". [6]
Em 1993, Nuno Rodrigues e Né Ladeiras reúnem-se para gravar a faixa Matar Saudades produzida por António Emiliano e que foi incluída na reedição de "Banda do Casaco com Ti Chitas". [19][20]
Ao vivo
[editar | editar código-fonte]Tocaram ao vivo poucas vezes. Entre elas destacam-se as actuações na Aula Magna em Lisboa, na Feira de São Mateus em Viseu, no Clube Desportivo de Arroios (Lisboa), no Cine-Teatro da Encarnação (Lisboa), na Gala do Semanário Sete no Cinema Europa" em 1984 (Lisboa) e na Casa do Povo em Cacia. [21][22][1]
António Pinho declarou a propósito deste concerto:
"A Casa do Povo estava cheia de velhos. Mulheres com bigode e tudo. Como isto é! Não sei porque é que nos contrataram para tocar ali. Não consigo perceber. Estávamos a tocar contra um muro. Tudo a olhar para nós. Para aquelas aves raras." [21]
Uma das suas últimas aparições públicas foi no concurso 1, 2, 3, em Janeiro de 1986.
O futuro
[editar | editar código-fonte]Em 1993, a Universal Music reeditou em CD os dois primeiros álbuns do grupo. Após a morte de Celso de Carvalho devido a um cancro (1998), saiu reeditado, também em CD, o 3º disco do grupo, Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos, pela Companhia Nacional de Música, em Novembro de 2006. [11][23][2]
Em 2006, saiu o livro As Letras como poesia, editado pela Objecto Cardíaco e republicado em 2009 pelas Edições Afrontamento, que começa com uma análise das Letras de António Avelar de Pinho, escritas para o álbum No Jardim da Celeste. [24][25][26]
Em Novembro de 2013 foi lançada uma edição de luxo em 2 caixas de CD com os 7 álbuns remasterizados por José Fortes e um DVD com gravações ao vivo de 1975, 1977 e 1984. [5][27][2]
Discografia
[editar | editar código-fonte]Ano | Nome | Formato | Referências |
---|---|---|---|
1975 | Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios | Disco de vinil / CD | [30] |
1976 | Coisas do Arco da Velha | Disco de vinil / CD | [31] |
1977 | Hoje Há Conquilhas, amanhã não Sabemos | Disco de vinil / CD | [32][33] |
1978 | Contos da Barbearia | Disco de vinil | [34] |
1980 | No Jardim da Celeste | Disco de vinil / CD | [35] |
1982 | Também Eu | Disco de vinil / CD | [36] |
1984 | Banda do Casaco com Ti Chitas | Disco de vinil / CD | [37] |
- Compilações:
Ano | Nome | Formato | Referências |
---|---|---|---|
1988 | A Arte e A Música de Banda do Casaco | Disco de vinil | [18][38] |
1996 | Natação Obrigatória | CD | [39] |
Referências
- ↑ a b c d e f g h Brito, Bruno (2018). O Rock Progressivo em Portugal: 1967-1981 (PDF). Lisboa: ISCTE
- ↑ a b c d e f g h «O novo fôlego do grupo que nunca o foi». www.viriatoteles.net. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b c «Hoje recordamos… "Morgadinha dos Canibais" pela Banda do Casaco». 16 de maio de 2020. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Banda do Casaco – Dos Benefícios Dum Vendido no Reino dos Bonifácios (1975) | Altamont». 31 de julho de 2020. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b «BLITZ – Banda do Casaco de regresso com edições de luxo - atualizado com vídeo». Jornal blitz. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b c d e f g h «BANDA DO CASACO». www.macua.org. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Luisj (18 de janeiro de 2017). «Banda do Casaco - Entrevista (2006)». música esquisita. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Portugal -, RTP, Rádio e Televisão de. «JOSÉ MEDEIROS E CÂNDIDA BRANCA-FLOR por João Carlos Callixto - Gramofone, RTP Memoria - Canais TV - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b Portugal -, RTP, Rádio e Televisão de. «BANDA DO CASACO por João Carlos Callixto - Gramofone, RTP Memoria - Canais TV - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Progressivo: Emissão 09-08-2006 "Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos"» (em inglês). Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b «Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos». cvc.instituto-camoes.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Biografia e programação de Banda do Casaco». Last.fm. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Portugal -, RTP, Rádio e Televisão de. «GABRIELA SCHAAF por João Carlos Callixto - Gramofone, RTP Memoria - Canais TV - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Contos da Barbearia - a Studio release by BANDA DO CASACO artist / band». www.proggnosis.com. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Fonoteca Municipal - Catálogo - Detalhe do Registo». fonoteca.cm-lisboa.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Gabriela Schaaf "Outra Vez" (1982)». Gira-Discos. 16 de junho de 2021. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «BLITZ – Banda do Casaco Integral Vol. 1 e Vol. 2 [leia a crítica da BLITZ]». Jornal blitz. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b «A arte e a música de Banda do Casaco - Fonoteca Municipal do Porto». fonoteca.cm-porto.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Né Ladeiras, cantautora – Meloteca – Sítio de Músicas e Artes». Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Banda do Casaco com Ti Chitas (1993)». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b «Dos G-Men à Banda do Casaco passando pela Filarmónica Fraude». The best project ever. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Olha quem ele é???». The best project ever. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b «Catálogo - Banda do Casaco». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «As Letras Como Poesia - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «BNP - As letras como poesia». bibliografia.bnportugal.gov.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Vitorino Almeida Ventura | Bertrand Livreiros - livraria Online». www.bertrand.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Destaques do Record de hoje». PÚBLICO. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Banda do Casaco - Fonoteca Municipal do Porto». fonoteca.cm-porto.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Banda Do Casaco discography - RYM/Sonemic». Rate Your Music (em inglês). Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Dos benefícios dum vendido no reino dos bonifácios by Banda Do Casaco - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Coisas do arco da velha - Fonoteca Municipal do Porto». fonoteca.cm-porto.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos by Banda Do Casaco - RYM/Sonemic (em inglês), consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos». www.dn.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «BANDA DO CASACO - Contos Da Barbearia (1978)». Progarchives.com (em inglês). Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «No jardim da Celeste - Fonoteca Municipal do Porto». fonoteca.cm-porto.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Também Eu». ocovildovinil.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Fonoteca Municipal - Catálogo - Detalhe do Registo». fonoteca.cm-lisboa.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Banda do Casaco reviews, music, news - sputnikmusic». www.sputnikmusic.com. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Fonoteca Municipal - Catálogo - Detalhe do Registo». fonoteca.cm-lisboa.pt. Consultado em 28 de julho de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Facebook - Página da Banda do Casaco»
- «Biografia da Banda do Casaco»
- «Discografia da Banda do Casaco»
- É hora de voltar a amar a Banda do Casaco in Jornal Público
- Tema País: Portugal - Álbum Hoje Há Conquilhas Amanhã Não Sabemos
- Tema Nossa Sinhora da Azenha - Albúm Banda do Casaco com Ti Chitas
- Banda do Casaco no concurso 123 - tema Dono da Noite