Joaquim Barradas de Carvalho – Wikipédia, a enciclopédia livre
Joaquim Barradas de Carvalho | |
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Nascimento | 13 de junho de 1920 Lisboa |
Morte | 1980 |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | historiador |
Distinções |
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Joaquim Manuel Godinho Braga Barradas de Carvalho GCIH (Lisboa, São Jorge de Arroios, 13 de junho de 1920 — Lisboa, 18 de junho de 1980[1]) foi um historiador e professor universitário português, revolucionário comunista, antifascista e opositor ao regime do Estado Novo.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Origens
[editar | editar código-fonte]Era filho de Manuel Telles Barradas de Carvalho (Avis, Avis, 20 de Setembro de 1895 - ?), latifundiário e monárquico liberal[1], e de sua mulher (casados em Ponte de Sor, Galveias, a 23 de Agosto de 1919) Lobélia Garcia Godinho Braga (Ponte de Sor, Galveias, 4 de Março de 1896 - Ponte de Sor, Galveias, 8 de Fevereiro de 1981).
Percurso Académico
[editar | editar código-fonte]Era licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1946), doutor «de 3.e cycle» em Estudos Ibéricos, pela Universidade de Paris - Sorbonne (1961) e doutor «d'État» em Letras e Ciências Humanas, pela Universidade de Paris IV (1975). Em França foi bolseiro do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Association Marc Bloch e do Centre National de Recherche Scientifique.
Durante a sua carreira académica foi Professor Titular Contratado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, no Brasil (1964-1969), foi attaché e chargé de recherche no Centre National de la Recherche Scientifique, em Paris (1970-1976) e Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1977-1980).
Tem publicadas mais de uma centena de publicações científicas. Entre as principais, salientem-se os livros As Ideias Políticas e Sociais de Alexandre Herculano (1971), As fontes de Duarte Pacheco Pereira no Esmeraldo de situ orbis (1968), A Europa ou o Atlântico? (1974), À la recherche de la spécificité de la Renaissance portugaise – L ' Esmeraldo de situ orbis de Duarte Pacheco Pereira et Ia litérature portugaise de voyages à l' époque des grandes découvertes – Contribution à l' étude des origines de Ia pensée moderne (1975).
Activista Político
[editar | editar código-fonte]Joaquim Barradas de Carvalho foi militante do Partido Comunista Português desde 1942[2] até ao fim da sua vida[3]. Neste partido, à época ilegal e funcionando clandestinamente dado vigorar em Portugal a ditadura do Estado Novo, Joaquim Barradas de Carvalho teve como tarefa a distribuição do jornal ilegal Avante! por todo o país, desempenhadas ao lado do histórico militante comunista José Moreira, responsável pelas tipografias clandestinas do PCP onde era impresso o jornal, que por isso viria a ser assassinado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado em 1950. Acerca deste dará Joaquim Barradas de Carvalho, em 1975, à Radio Televisão Portuguesa, um dos únicos testemunhos diretos hoje existentes[4].
A verdadeira dimensão da actividade política clandestina de Joaquim Barradas de Carvalho nunca seria descoberta pela PIDE. Só em Agosto de 1952 irá a PIDE registar na sua ficha sobre este que Joaquim Barradas de Carvalho "assinou as listas do MUD em 1945". Será a repressão política que o fará exilar-se em França. Quando tenta regressar a Portugal em 1961 concorrendo ao lugar de encarregado de curso da Faculdade de Letras da Universidade do Porto o próprio ditador António Oliveira Salazar terá pedido informações sobre este, levando o seu percurso antifascista a que a sua candidatura fosse cancelada. Joaquim Barradas de Carvalho reage participando na Revolta de Beja, em consequência da qual terá que voltar a fugir do país por estar ameaçado de prisão política[5].
Família
[editar | editar código-fonte]Casou primeira vez em Lisboa a 3 de Dezembro de 1945 com Ruth Arons (Berlin, 26 de Abril de 1922), judia alemã que fugiu de Berlim, com a família, em 1936, fixando-se em Lisboa. Foi pai do jornalista Manuel Arons de Carvalho e do deputado Alberto Arons de Carvalho. Casou segunda vez em Lisboa em 1957 com Maria Margarida Cambon Brandão (Lisboa, Santos-o-Velho, 24 de Dezembro de 1920), filha de Carlos Manços Brandão e de sua mulher Tomasa Fortunata Margarida Cambon Garcia, de origem espanhola, e foi pai do fonologista Joaquim Manuel Brandão de Carvalho (Lisboa, 1958) e do desenhador Miguel Brandão de Carvalho (Paris, 1961).[1]
Morte
[editar | editar código-fonte]Morreu em Lisboa, a 18 de junho de 1980, aos 60 anos, na sequência de uma «afeção não inteiramente diagnosticada» contraída a 28 de abril de 1980.[1]
Distinções Honoríficas
[editar | editar código-fonte]A 3 de Julho de 1987 foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[6]
Referências
- ↑ a b c d Gonçalves, V. S. (1980). Joaquim Barradas de Carvalho: para a história de um Historiador. Clio: Revista do Centro de História da Universidade de Lisboa, 2 141-146.
- ↑ José Jobson Arruda (1 de janeiro de 2008). «Barradas de carvalho nas lentes da pide». CEPESE. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ João Ferreira (7 de janeiro de 2017). «43 amigos, aliados (e inimigos) de Mário Soares». Jornal Observador. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ José Jobson Arruda (1 de outubro de 1975). «José Moreira e o pensamento moderno português». RTP. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ José Jobson Arruda (13 de junho de 2020). «Recordamos hoje o Professor Barradas de Carvalho, no dia em que, se fosse vivo, faria 100 anos de idade». Ruas Com História. Consultado em 11 de agosto de 2021
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Joaquim Barradas de Carvalho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 6 de março de 2015