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Portugueses
Bandeira de Portugal
Mapa da diáspora portuguesa ao redor do mundo.
População total

c. 42 milhões[1]

Regiões com população significativa
Portugal Portugal:    10 665 000[nota 1]
 Brasil + de 5 milhões (portugueses e brasileiros filhos e netos de portugueses, com uma população muito maior de bisnetos e demais parentescos distantes).[nota 2]
 França 2 000 000[3] (inclui franceses de ascendência portuguesa, independentemente do grau, também inclui portugueses nascidos em Portugal) [4]
 Estados Unidos 1 400 000 (inclui americanos de ascendência portuguesa, independentemente do grau)[5]
 Venezuela 1 300 000[6] (inclui venezuelanos de ascendência portuguesa, independentemente do grau, adicional 55 441 portugueses nascidos em Portugal) [7]
 Canadá 550 000[8]
 África do Sul 400 000[9]
 Suíça 294 925[4][10]
 Alemanha 171 933[4]
 Reino Unido 140 000[11][12]
 Espanha 137 264[10]
 China 128 138[4]
 Macau 126 238[4]
 Angola 115 595[4]
 Luxemburgo 103 009[4][13]
 Bélgica 53 977[4]
 Austrália 50 157[4]
 Países Baixos 46 517[4]
 Índia 33 580[4]
 Moçambique 23 000[14]
 Andorra 12 333[4]
Resto da América 24 776
Resto da África 8 965
Línguas
Português e Mirandês
Religiões
Catolicismo romano
  
81%
Cristianismo (outras)
  
3,9%
Outras[a]
  
0,6%
Desconhecida
  
8,3%
Irreligião
  
6,85%
Em portugal[15]
Grupos étnicos relacionados
Galegos e outros espanhóis, franceses, italianos e outros povos da Europa Ocidental, bem como com os povos de língua oficial portuguesa.

Os portugueses são um povo e grupo étnico nativo de Portugal, um país localizado no leste da Península Ibérica, entre a Europa Ocidental e Meridional, cujo idioma é a língua portuguesa e a religião predominante é o catolicismo. O povo português partilha em comum, para além da língua, uma cultura e uma ancestralidade.

A base genética do povo português está na miscigenação entre os caçadores-recoletores que habitaram a Europa Ocidental durante milénios, os agricultores da Anatólia que chegaram à região há sete mil anos, os pastores indo-europeus que chegaram à região durante a Idade do Bronze e os povos celtas que chegaram à região durante a Idade do Ferro. Também contribuíram para a sua formação romanos, germânicos, judeus e mouros (árabe-berberes).

Culturalmente, as presenças celta, romana, germânica e moura foram significativas, tal como foram decisivas a vizinhança e as relações com os restantes países europeus e as relações coloniais com África, o Brasil e o Índico a partir dos séculos XV e XVI.

O embrião do Estado Português foi o Condado Portucalense, fundado em 868 e subordinado ao Reino de Leão. No entanto, só após a Batalha de São Mamede (1128) é que Portugal ganhou reconhecimento internacional como um reino independente, através do Tratado de Zamora (1143) e da bula papal Manifestis Probatum (1179). Este estabelecimento do Estado português no século XII abriu o caminho para que o povo português se unisse como nação.

Os portugueses tiveram um papel importante nas Grandes Navegações e foram responsáveis por explorar terras até então desconhecidas pelos europeus ao redor do mundo, em locais como África, Américas e Ásia. A conquista de Ceuta, em 1415, marcou o início do Império Português, que foi um dos primeiros impérios globais e uma potência económica, politica e militar nos séculos XV e XVI.

No período moderno, os processos migratórios mais relevantes em Portugal deram-se nas últimas três décadas do século XX e até ao presente, com a notável exceção da entrada de grupos ciganos ainda no século XV. Após 1974, o país torna-se um recetor significativo de populações migrantes, quer como resultado direto ou indireto da descolonização de África, quer como resultado da participação de Portugal na União Europeia. Portugal tem vindo a receber em número crescente populações migrantes oriundas do Brasil (ex-colónia portuguesa), África (com maior relevância das ex-colónias), Ucrânia (e países do Leste Europeu em geral), além duma multiplicidade demograficamente menos significativa doutras origens, entre as quais avoluma a chinesa.

Portugal foi tradicionalmente uma terra de emigração, desde o período da expansão imperial e colonial, passando, por exemplo, pela emigração económica para o Brasil no século XIX e pela emigração económica, a partir de 1960, para alguns países da Europa Ocidental. Além dos cerca de dez milhões de portugueses residentes em Portugal, estima-se existirem milhões mais espalhados pelo mundo (incluindo os lusodescendentes recentes) num total de milhões de pessoas com raízes portugueses.[16]

Características físicas

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Mulheres portuguesas com trajes típicos de Viana do Castelo.

Os portugueses, assim como outros povos do sul da Europa e mediterrânicos, são uma população predominantemente morena.[17]

Origens e formação

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Paleolítico e Neolítico

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Os primeiros humanos anatomicamente modernos alcançaram a Europa vindos da Anatólia há 45 mil anos, alcançando a Península Ibérica alguns milénios depois.[18][19] Nos milénios que seguiram-se, acompanhando a progressiva retração e extinção das populações neandertais, as culturas humanas modernas floresceram na Península Ibérica, produzindo culturas e períodos  como o aurignaciano, gravetiano, solutreano e magdaleniano, alguns deles caracterizados por formas complexas de arte pré-histórica e que produziram expressões artísticas tão monumentais como as pinturas rupestres do Vale do Côa, no norte de Portugal.

Refúgios populacionais europeus durante o último máximo glaciar, cerca de 20 000 anos atrás

Com o início do Último Máximo Glaciar, há 30 mil anos, a Península Ibérica foi um dos refúgios dos caçadores-recoletores europeus, com grande parte da Europa coberta por gelo. Há cerca de 20 mil anos, os caçadores-coletores de pele e olhos escuros que habitavam a Ibéria foram substituídos por caçadores-recoletores vindos dos Balcãs, os quais tinham pele escura e olhos claros e um pouco de ancestralidade do Próximo Oriente.[20][21][22]

Aparentemente, a maioria das linhagens maternas ibéricas são oriundas do período Mesolítico a Neolítico.[23]

Por volta de sete mil anos atrás, os agricultores vindos da Anatólia alcançaram a Península Ibérica, introduziram a agricultura na região e miscigenaram-se com os caçadores-recoletores locais. Assim como em outros povos do sul da Europa, a principal ancestralidade dos povos ibéricos é a dos agricultores anatólios, os quais introduziram a pele clara nessa parte da Europa.[24][25][26]

Áreas de expansão da cultura megalítica europeia

De qualquer forma, o Neolítico trouxe mudanças à paisagem humana da Península Ibérica a partir de há 7 000 a.C., com o desenvolvimento da agricultura e o início da Cultura Megalítica Europeia. Esta viria a espalhar-se por grande parte da Europa Ocidental e parte do Norte de África. Um dos centros mais antigos desta cultura monumental foi Portugal. Este é igualmente o período em que se assiste à expansão por via marítima, a partir do leste mediterrânico, da Cultura da Cerâmica Cardial, associada igualmente a processos migratórios marcados pela presença do Haplotipo E3b, originário do Corno de África e disperso pelo Mediterrâneo oriental durante o Mesolítico.[27][28][29][30][31][32][33]

A Idade do Cobre

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A Idade do Cobre, ou Calcolítico, trouxe igualmente mudanças à paisagem humana e cultural da Península Ibérica e nomeadamente ao território português. Esta fase caracteriza-se pelo início da metalurgia, pelo aumento da complexidade e estratificação sociais, bem como, no caso ibérico, pelo aparecimento das primeiras civilizações e de extensas redes de troca e comércio que vão do Norte de África até ao Mar Báltico, com relevo para as Ilhas Britânicas.[34]

A data convencional para o começo do Calcolítico ibérico é de cerca de 3 000 a.C.. Nos séculos que se seguiram, particularmente no sul da Península, bens metálicos, muitas vezes decorativos e rituais, tornaram-se frequentemente comuns. Este é igualmente o período de grande expansão do Megalitismo, com as práticas funerárias associadas, que se expande ao longo das regiões Atlânticas e pelo sul da Península (além de pelo resto da Europa atlântica). Em contraste, a maioria das regiões do interior peninsular e mediterrâneas permanecem refractárias a este fenómenos. Outro fenómeno do início da Idade do Cobre é o desenvolvimento de monumentos funerários de tipo tolo e cavernas artificiais, que se encontram no sul ibérico, desde o Estuário do Tejo até Almeria e ao sudeste francês.

Por volta de século XXVII a.C., começaram a aparecer comunidades urbanas, mais uma vez mais marcadamente no sul do território. As mais importantes de toda a Península Ibérica foram a de Los Millares (no sudeste espanhol) e a de Zambujal (pertencendo à cultura de Vila Nova de São Pedro, em Portugal), podendo já ser chamadas «civilizações», ainda que lhes falte a componente escrita.

Extensão da Cultura do Vaso Campaniforme

A partir de 2 150 a.C. dá-se uma importante transformação cultural e, em parte, populacional na Península Ibérica calcolítica, com o aparecimento da Cultura do Vaso Campaniforme, de origem portuguesa em paralelo com o megalitismo. Esta cultura ao difundir-se por toda a Europa demonstra tendências de regionalização, com diferentes estilos produzidos em várias regiões, sendo os mais importantes o tipo de Palmela em Portugal e os tipos Continental e Almeriano em Espanha.

Os povos proto-indo-europeus alcançaram a Península Ibérica por volta de 2 000 a.C. e miscigenaram-se com os habitantes locais, sendo que, nessa época, praticamente todas as linhagens paternas da península foram substituídas pelo haplogrupo R1b, oriundo dos proto-indo-europeus e hoje majoritário entre os homens ibéricos.[24]

A Idade do Bronze e do Ferro

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Ver artigo principal: Povos pré-romanos em Portugal

A Idade do Bronze, que se desenvolve a partir de 1 800 a.C., acentuará os processos populacionais e culturais verificados na Idade do Cobre: aumento da urbanização a sul e leste, aumento das influências centro-europeias a norte e oeste. Na Idade do Bronze tardia, desenvolvem-se igualmente as primeiras civilizações urbanas com escrita, tais como a de Tartesso (na área da moderna Andaluzia ocidental), influenciada pela expansão comercial e cultural fenícia (e que, com base no alfabeto fenício, viria a desenvolver o primeiro sistema de escrita na Península Ibérica; o tartéssico constitui um isolado linguístico, tal como o ibero da Idade do Ferro, com o qual não tem nenhuma relação), e com forte impacto na região do sul de Portugal, na área que, posteriormente, veio a ser identificada como sendo habitada pelos cónios do Algarve e Baixo Alentejo (eventualmente com presença até ao Alto Alentejo e à Estremadura espanhola).

Idade do Bronze na Península Ibérica

Os dois principais componentes dos desenvolvimentos populacionais do território português durante a Idade do Ferro foram a migração de populações celtas e o desenvolvimento da Civilização Tartéssica. Estes dois processos acentuaram ainda mais as características da paisagem cultural do Portugal de então — mediterrânico a sul do rio Tejo e continental a norte.[35]

Expansão celta na Europa

Na primeira metade do primeiro milénio antes de Cristo, povos celtas, oriundos da Europa Central, migraram para o território português e misturaram-se com as populações locais, dando origem a várias populações que o habitavam quando os romanos chegaram, como os galaicos, lusitanos e célticos.[19] Os povos celtas e celtizados no Norte de Portugal e Galiza desenvolveram a cultura castreja, construindo os castros em regiões de maiores altitudes.[19][36][37] O sul de Portugal era habitado pelos cónios, um povo não-indo-europeu, influenciado pelo Reino Tartéssico. Os cónios viriam a misturar-se com os celtas.[38][39]

Mapa Etno-Linguístico da Península Ibérica por volta de 300 a.C.

Os povos que habitavam o ocidente da Península Ibérica na época da chegada dos romanos eram os galaicos (a norte do Douro), os lusitanos (entre o Douro e o Tejo), os célticos (entre o Tejo e o Algarve) e os cónios ou cinetes (no Algarve), além de outros povos ibéricos pré-romanos com menor expressão, tais como os brácaros, celernos, equesos, gróvios, interâmicos, leunos, luancos, límicos, narbasos, nemetatos, pésures, quaquernos, seurbos, tamaganos, taporos, túrdulos, túrdulos velhos, túrdulos opidanos, turodos e zelas.

O domínio romano, a romanização e os germânicos

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Conquista Romana da Hispânia
Império Cartaginês imediatamente antes da Primeira Guerra Púnica em 264 a.C.

Os romanos começaram a conquistar a Península Ibérica, a que chamariam Hispânia, em 218 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica. Em 194 a.C., começaram os primeiros conflitos entre os romanos e os lusitanos e estes últimos resistiram bravamente, destacando-se a liderança de Viriato, após cujo assassinato, em 140 a.C., o território dos lusitanos foi conquistado pelos romanos.[40][41]

Com o domínio romano sobre Portugal, gradualmente foram impostos sobre os povos locais a cultura e os costumes romanos e a língua latina, o que ficou conhecido como romanização.[19][41] A língua portuguesa é baseada no latim, mais especificamente da sua variante vulgar falada na Península Ibérica. O cristianismo, religião tradicional do povo português, chegou ao território português nos séculos II e III.[40] Os romanos também deixaram algum legado genético nos portugueses.[24]

A importância de Roma não foi, no entanto, apenas cultural, já que importantes processos de colonização populacional também se verificaram, nomeadamente através da presença contínua de legiões romanas e dos estabelecimentos subsidiados de legionários após o cumprimento do serviço militar (os chamados eméritos — daí a existência de cidades assim chamadas, como Emerita Augusta, hoje Mérida, em Espanha, e antiga capital da província romana da Lusitânia).

Hispânia em 560 — a verde-azulada, a zona de implantação Sueva

No início do século V, com a decadência do Império Romano do Ocidente, a Península Ibérica foi invadida tomada pelos povos germânicos suevos, vândalos e visigodos e pelos alanos, irânicos, oriundos do Cáucaso. No entanto, apenas os visigodos e suevos permaneceram na região por mais tempo. Do ponto de vista genético, os germânicos deixaram muito pouco legado na Ibéria, dado o pequeno número de invasores em relação à população da época.[19][23]

Estas populações germânicas rapidamente adquiriram os hábitos, religião e língua das populações que inicialmente dominaram, ao ponto de a sua diferenciação étnico-linguística ter desaparecido, só permanecendo a pertença visigoda como elemento de distinção nobiliárquica e linhagística. Os visigodos foram, inclusive, elementos centrais de reforço da romanização mais tardia de Portugal e de toda a Península Ibérica, com a sua conversão do arianismo ao catolicismo e a promulgação de legislação, inclusive "códigos", em relativa continuidade com o Direito romano. Além disso, esses invasores também contribuíram com a língua portuguesa, enriquecendo-a com novas palavras.

A Expansão Islâmica

Aproveitando-se da profunda crise económica e social e das disputas do Reino Visigodo e atendendo a um chamado de um chefe visigodo, em 711 árabes e berberes vindos do Norte de África, apelidados pelos cristãos de “mouros”, começaram a invadir a Península Ibérica, a que denominaram Al-Andalus, conquistando-a em poucos anos. A única região da Península não dominada pelos muçulmanos foram as Astúrias, onde os visigodos se refugiaram e formaram resistência, dali iniciando a Reconquista, a retomada das terras ibéricas pelos cristãos.[19][42]

Havia tolerância religiosa para judeus e cristãos na Península Ibérica sob o domínio islâmico, desde que pagassem um imposto. Os cristãos que viviam em terras ibéricas muçulmanas eram designados por moçárabes e a língua predominante baseava-se no latim, mas absorveu influências do árabe, pelo que a língua portuguesa tem vocabulário originário desta língua, como álcool, alface, almanaque, armazém, arroba, azeitona, cenoura, chafariz, limão e xarope.[19][42]

Não pode pensar-se este processo de cinco séculos como um que tenha oposto linearmente as populações cristãs aos invasores islâmicos. Ocorreram processos de aculturação e entrecruzamento entre as populações autóctones da Península e as populações ditas «mouras». Os processos culturais foram de extrema importância: a complexidade, sofisticação e envergadura civilizacional, os contributos tecnológicos e científicos, linguísticos e literários, intelectuais e artísticos do Islão na Península Ibérica (e, por essa via, para toda a Civilização Europeia) foram de tal ordem que levam vários historiadores a falar, pelo menos para alguns dos períodos de dominação islâmica, de uma idade de ouro civilizacional, a que toda a Europa muito deveria.[43]

Mapa cronológico que mostra a retração do árabe andalusino/moçárabe (Arabic & Mozarabic) e a expansão da língua portuguesa (Portuguese) a partir do ano 1000.

Além dos processos culturais, também ocorreram decerto processos démicos ou populacionais. Esta questão, a do contributo de populações mouras para o património genético das populações ibéricas modernas, levantou desde cedo muita controvérsia, não só por causa das conotações religiosas e políticas dessa presença moura no âmbito das discussões e competições nacionais e estatais intra-europeias, mas, acima de tudo, pelas conotações «raciais» dessa presença.

Desde a generalização das ideologias racistas e racialistas europeias a partir do século XIX, o período mouro da história peninsular foi usado como argumento para desqualificar «racial» e culturalmente os povos ibéricos da sua pertença europeia. Tais argumentos equiparam essa suposta componente norte-africana dos povos ibéricos a uma componente apenas qualificada como «africana» (ou seja, tendencialmente, subsariana, isto é, «negra»). Nos mundos de língua inglesa e alemã, por exemplo, a definição de «mouro», embora não sem ambiguidades, torna o termo praticamente sinônimo de «negro». Estas construções, particularmente vindas do mundo anglófono, foram historicamente mais relevantes aquando dos processos de competição colonial entre as potências ibéricas, particularmente a Espanha e as do norte da Europa, especialmente quando tais conflitos foram replicados luta entre catolicismo e protestantismo.

Estas visões racistas e racialistas, tal como muitas outras perspectivas mais generalizadas (inclusive na própria Península Ibérica) que, ainda que não tão marcadamente discriminatórias como as anteriores, fazem dos mouros ibéricos uma população e categoria «racial» radicalmente diferente das populações autóctones ibéricas, não têm em consideração os seguintes aspectos:

  • As populações norte africanas (bem como os pequenos grupos de árabes, de subsarianos, de escravos eslavos, de persas, etc., a elas associadas), mesmo com os diferentes momentos de entrada dessas populações ao longo dos séculos (coincidindo em grande medida com a entrada de novos exércitos aquando dos momentos de luta interna, política ou religiosa — fitna, no Al-Andalus), foram sempre uma minoria que não terá ultrapassado os 10% do conjunto da população total.[44]
  • A maioria da população muçulmana da Península Ibérica era constituída por autóctones ibéricos convertidos (os chamados muladis). Com isso, muitos dos "mouros" eram, de facto, europeus, ibéricos, de religião islâmica.[44]
  • A maioria da população em zonas de domínio muçulmano, ao longo de todos os séculos de presença, não era muçulmana (com algumas excepções localizadas espacial e temporalmente), mas sim população autóctone ibérica que se manteve de língua românica e cristã (do rito visigótico), ainda que fortemente arabizada do ponto de vista cultural — os chamados moçárabes[45] (repare-se que moçárabe, para designar a população ou a língua, é um termo moderno do século XIX — essas populações referiam-se a si próprias e à sua língua como Latinus[46]).
  • A maioria das populações norte-africanas que de facto se estabeleceram na Península eram berberes, os quais, particularmente das regiões mais litorais, não podem ser descritos como uma população radicalmente diferente das populações sul-europeias, com as quais, aliás, apresentam ligações ancestrais.
  • Mesmo nas elites islâmicas, a presença de elementos conversos não era despicienda — mesmo algumas dinastias reinantes tinham origem hispano-visigótica (como os Banu Cassi, fundados pelo converso hispano-visigodo Conde Cássio).
  • Os processos sociais do final da Reconquista e do período seguinte instituíram sistemas de discriminação social (geridos em parte pelas autoridades religiosas) que guetizaram e até expulsaram (para o Norte de África) fatias significativas das populações ditas mouriscas (as quais de qualquer modo, tinham uma origem basicamente autóctone ibérica).

O legado genético do domínio islâmico

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Existem vários estudos focados no impacto dos séculos de domínio e presença islâmica na Península Ibérica no património genético das populações da Península Ibérica.

Os estudos genómicos mais recentes e abrangentes estabelecem que a ancestralidade do Norte de África pode ser identificada em grande parte da Península Ibérica, variando entre 0% e 11%, mas é mais elevada no sul e no oeste da península, estando ausente ou quase ausente no País Basco.[24][47]

Alguns desses estudos apontam para relação parcial, ainda que pequena, entre algumas das populações ibéricas (nomeadamente do extremo sudeste da Península) e algumas populações norte-africanas. A Península Ibérica e a Sicília são as únicas regiões europeias com níveis significativos do haplotipo Y-cromossomático E-M81 (típico do noroeste africano; de notar que este e outros marcadores genéticos deste tipo estão também presentes noutras regiões da Europa — a questão é de significado estatístico das frequências).[48][49] Por outro lado, é difícil saber se estas contribuições para o genoma ibérico são o resultado dos séculos de domínio muçulmano ou de antigos processos démicos que antecedem a presença islâmica, constituindo o resultado de algum fundo populacional e migratório do Ocidente mediterrânico, como se constata quando se analisam as populações berberes norte-africanas. No caso português, pelo menos, parece ser esta claramente a situação.[50]

A maioria dos estudos genéticos verifica que a presença de elementos norte-africanos nas modernas populações ibéricas é menor quando comparada com a base ancestral pré-islâmica.[51] De facto, verifica-se uma clara descontinuidade genética entre o norte de África e a Península Ibérica, já que vários desses estudos não detectam nenhuma relação particular entre populações ibéricas (mesmo as do sul, na Andaluzia; mais tempo submetidas ao domínio islâmico) e norte-africanas. Os resultados destes estudos mostram, globalmente, que as populações ibéricas e norte-africanas se originaram em linhagens genéticas diferentes e que o Estreito de Gibraltar funcionou como uma significativa barreira ao fluxo de genes.

A formação de Portugal

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Em 868, com a conquista de Porto e Braga pelos cristãos, foi criado, subordinado ao Reino de Leão, o Condado Portucalense, embrião do Estado português, tendo como primeiro líder Vímara Peres. Em 1096, esse condado foi cedido a Henrique de Borgonha, bisneto do rei Roberto II de França, e, após sua morte, em 1112, foi governado por sua viúva, Teresa de Leão. Em 1128, ocorre a Batalha de São Mamede, na qual Afonso Henriques, filho de Henrique e Teresa, derrotou a mãe e se tornou conde.[52][53][54]  

Como resultado da vitória da tropa de Afonso Henrique sobre os mouros na Batalha de Ourique (1139), foi criado o Reino de Portugal, cuja autonomia foi reconhecida pelo Reino de Castela e Leão pelo Tratado de Zamora (1143) e pela Igreja Católica por meio da bula Manifestis Probatum (1179).[52][54]

Em 1249, com a conquista do Faro pelos portugueses, a Reconquista terminou para Portugal e as fronteiras do reino logo após esse feito são muito parecidas com a de Portugal continental atual.[19]

A centralização administrativa de Portugal foi precoce, tendo se iniciado no século XII e se consolidado após a Batalha de Aljubarrota (1385), por meio da qual a Dinastia de Avis ascendeu ao poder e a independência de Portugal foi garantida, pois nela Castela, que tentara invadir Portugal várias vezes, foi derrotada.[55]

As minorias muçulmanas e judias

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Existiam, portanto ainda, minorias mouriscas e judias em Portugal após o final da Reconquista. Ambas eram objecto de processos de discriminação de intensidade historicamente variável, sendo, por exemplo, obrigadas à residência circunscrita quando residentes em zonas de povoamento urbano (as chamadas judiarias e mourarias), bem como, nalguns momentos históricos, a indumentária específica facilmente identificável. Isso com certeza, contribuiu para um declínio e eventualmente êxodo destas minorias.

Parte dos muçulmanos que habitaram Al-Andaluz, cujas origens eram variadas – com muitos sendo descendentes de muladis (nativos ibéricos convertidos ao Islão) e outros sendo descendentes de árabes e berberes vindos do Norte de África e Médio Oriente -, permaneceram nos reinos cristãos ibéricos, ficando conhecidos como mudéjares. Em 1496, o rei Dom Manuel I ordenou que os mudéjares e judeus que viviam em Portugal convertessem-se forçadamente ao cristianismo e a penalização daqueles que não cumprissem com a expulsão do reino, confisco de bens ou a morte. Os muçulmanos que se converteram ao cristianismo ficaram conhecidos como mouriscos, que consistiam de populações pouco numerosas, pobres, concentradas especialmente em Lisboa, Setúbal, Évora e Algarve.[56][57]

Os judeus portugueses, pertencentes à etnia dos sefarditas, estão presentes em Portugal desde o século I, em resultado da expulsão dos judeus de Canaã após as Guerras Romano-Judaicas, estando a sua presença claramente documentada desde 482 e fortemente atestada desde os tempos visigóticos.[58] Durante a Ibéria sob domínio islâmico, entre os séculos VIII e XI, os judeus tinham sua religião tolerada mediante pagamento de impostos. Este foi um período áureo para esse povo na Península Ibérica, com um florescimento intelectual e religioso. Até o século XV, os judeus desfrutavam de um lugar proeminente na sociedade portuguesa, ocupando posições como médicos, comerciantes, banqueiros, cartógrafos e gestores. Havia antissemitismo nessa época, com perseguições pontuais. Em 1492, a população judaica em Portugal era de 80 mil indivíduos, aos quais somaram-se, nesse mesmo ano, 120 mil vindos de Espanha, após os Reis Católicos decretarem a expulsão dos judeus do território espanhol.[59][60][61]

Após o decreto de 1496 do rei Dom Manuel I contra os judeus em Portugal, ordenando a conversão forçada destes ao Cristianismo e penalizando os que a recusassem, muitos deles deixaram o território português, migrando para os países muçulmanos do Mediterrâneo, outras partes da Europa Ocidental e para o Brasil. Logo após esse decreto régio, iniciou-se o terror, com o massacre de Lisboa de 1506 e o estabelecimento da Inquisição Portuguesa em 1536. Com exceção de um grupo de criptojudeus de Belmonte, a comunidade judaica portuguesa lentamente pereceu.[59][60]

A criação do estatuto diferenciado de cristão novo (com menos regalias sociais do que os cristãos velhos, aplicado aos descendentes e que subsistiria até 1772), no âmbito dos códigos de Limpeza de sangue que se instituíram em toda a Península Ibérica, bem como o surgimento da Inquisição Portuguesa em 1536 (que duraria até 1821) e a obrigatoriedade de elementos distintivos de vestuário para cristãos novos, impôs um esquema de forte segregação e perseguição social que levou, a longo prazo, à extinção das comunidades judias (com a demograficamente insignificante excepção das comunidades marranas de cripto-judeus, em Belmonte e pouco mais), quer por assimilação, quer principalmente por êxodo.

A questão central no que concerne a origem populacional dos portugueses é que, mesmo que tivessem ficado estas minorias judias e mouriscas em percentagem relevante após a Reconquista, tal não alteraria, como não alterou muito, as características do espectro démico português, já que, por um lado, os mouriscos tinham, muitas vezes, uma origem essencialmente ibérica e, por outro, também a tinham os judeus ibéricos (cuja origem remota se encontra na presença de minúsculas populações judias vindas do Médio Oriente ou doutros locais do Império Romano cuja expansão demográfica se deveu a influxos populacionais ibéricos, bem como, no essencial, à conversão de autóctones[62]).

A escravatura africana (subsariana)

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A presença africana subsariana resultante dos processos da escravatura atlântica tem sido alvo de debates e polémicas. Não só em relação a Portugal, mas igualmente em relação ao resto da Europa Ocidental,[63] isto porque havia um tráfico regular de escravos africanos não só de Portugal para Espanha, como para o resto da Europa.[64] No século XVI os escravos africanos tinham já substituído todos os outros grupos étnicos e religiosos de escravos nos mercados de escravos europeus ocidentais.[65] Não só foi tradicionalmente difícil quantificar o número de escravos «negros» em território português, também sempre foi difícil estimar, dadas nomeadamente as assimetrias na composição sexual das populações escravizadas, a taxa de reprodução dessas populações (por oposição, em especial, à sua substituição por novos contingentes importados). Este tema foi e é igualmente alvo de discussões de carácter político dadas a exageros, desde tentativas bem fundamentadas de reabilitação do papel dos africanos na história portuguesa,[66] até visões racistas que pretendem, pela visão negativa das populações africanas, discriminar Portugal e os Portugueses.[67] No entanto, até a antiga e desacreditada antropologia física racialista recusava a ideia de que se tivesse verificado um significativo influxo de populações subsarianas em Portugal.[68] Assim, não existe qualquer prova que em Portugal ou resto da Europa Ocidental, historicamente com domínios coloniais no passado; tenham sido deixadas marcas genéticas subsarianas de relevância[69] resultantes dos processos da escravatura.

É hoje sabido encontrarem-se marcadores genéticos subsarianos em todo o continente europeu, desde a Península Ibérica ao Báltico. Esses marcadores têm sido encontrados nomeadamente na Alemanha, Dinamarca, Grã-Bretanha, Finlândia, Sardenha, Sicília, Grécia, etc. Um estudo de 2005[70] encontrou frequências do haplogrupo de ADN Mitocondrial L (de origem subsariana) em 0,62% de uma amostra Dano-Alemã, 1% numa amostra Britânica, 3,83% numa amostra Ibérica (Portugueses e Espanhóis), 2,38% numa amostra Albanesa, 2,86% numa amostra da Sardenha e 0,94% numa amostra siciliana. Por seu lado, os haplogrupos Y-cromossomáticos de origem africana E e A foram detectados em Portugal (2%), França (2,5%), Alemanha (2%), Sardenha (1,6%), Áustria (0,78%), Itália (0,45%), Espanha (0,42%) e Grécia (0,27%).[29][71][72][73][74][75][76][77]

A explicação provável para a existência de linhagens subsaarianas em Portugal é a escravatura moderna (séculos XV a XVIII), o que se torna ainda mais lógico quando essas linhagens sejam mais frequentes nas ilhas que foram povoadas nesse período, os arquipélagos dos Açores[78][79][80] e da Madeira,[50][81][82] que, mesmo assim, não apresentam grandes diferenças com Portugal Continental, de onde a maioria das linhagens genéticas provém (particularmente do Norte[83]), nem em relação às distribuições típicas da maioria das populações da Europa Ocidental.

Genética da população portuguesa

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Haplogrupos do cromossoma Y na Península Ibérica
Haplogrupos de ADN mitocondrial humano na Península Ibérica

Desenvolvimentos das metodologias para definição das estruturas populacionais levaram a um estudo de 2006[84] que concluiu verificar-se uma clara e consistente divisão entre grupos populacionais sul e norte-europeus. Um estudo adicional de 2007 posiciona as populações ibéricas algo afastadas de outros grupos continentais, incluindo outros grupos sul-europeus. Neste estudo, a mais importante diferenciação genética europeia atravessa o continente de norte para sudeste, acompanhada de um outro eixo de diferenciação este-oeste (diferenciando o sul do norte), ao mesmo tempo que se verificou, apesar destas linhas de demarcação relativa, a homogeneidade e proximidade genética de todas as populações europeias.[85]

Os portugueses partilham algumas características étnicas com os bascos, desde a Antiguidade. Os resultados de um estudo de HLA em populações portuguesas mostram que estas têm características em comum com os bascos e alguns espanhóis de Madrid: uma elevada frequência dos haplótipos HLA A29-B44-DR7 (antigos europeus ocidentais) e A1-B8-DR3 são encontradas como características comuns. Muitos portugueses e bascos não apresentam o haplótipo Mediterrânico A33-B14-DR1, confirmando uma menor mistura com os mediterrânicos.[86][87]

Processos migratórios modernos

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Placa e quadro sobre a imigração portuguesa dentro de estação de metrô em Toronto, Ontario, Canadá

Os processos migratórios que afectaram o território e população portuguesas não terminaram com os fluxos demográficos produzidos pela expansão colonial. Além de processos de menor escala e impacto, tais como o estabelecimento de uma multiplicidade de indivíduos isolados e de pequeníssimas comunidades de origem europeia (maioritariamente da Europa Ocidental, nomeadamente por razões de negócios), como alguns Italianos, Franceses e Flamengos (entre outros ainda de menor monta) durante os primórdios dos Descobrimentos, ou de comunidades Britânicas, particularmente no trato dos vinhos do Porto e da Madeira, a permanência de estrangeiros no território português (como na época das cruzadas, no repovoamento do território após a reconquista), ou igualmente a permanência durante pelos menos uma década de exércitos franceses e britânicos durante as Guerras Napoleónicas, os processos migratórios mais relevantes deram-se das últimas três décadas do século XX para cá, com a notável excepção da entrada de grupos Ciganos ainda no século XV. Mas, de facto, é no pós 1974 que Portugal se torna, na sua história moderna e contemporânea, um receptor significativo de populações migrantes, quer como resultado directo ou indirecto dos processos de descolonização, quer como resultado da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia, e de todas as transformações sócio-económicas e culturais que produziu no país.

Os "Retornados"

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Após a Revolução de 25 de Abril de 1974 e os processos de descolonização das então chamadas Províncias Ultramarinas (Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor — esta última a única não africana), a instabilidade social, política e militar nessas colónias levou a que a esmagadora maioria da população etnicamente portuguesa desses territórios (essencialmente estabelecida nas duas grandes colónias, Angola e Moçambique), de resto esmagadoramente estabelecida muito recentemente desde 1961 (data que coincide com o início da Guerra Colonial e o subsequente grande incentivo por parte do Estado Novo ao povoamento europeu das colónias africanas), retornasse ao território europeu português.

É difícil de quantificar o número exacto dessas "retornados", já que alguns segmentos da população portuguesa das colónias preferiu emigrar para a África do Sul, Brasil, Estados Unidos da América ou Canadá. O que é certo é que o no Recenseamento Geral da População de 1981, levado a cabo pelo Instituto Nacional de Estatística português (INE), mais de meio milhão de inquiridos declararam viver até 31 de Dezembro de 1973 em Angola, Moçambique ou noutra ex-colónia.

A integração desses "retornados" foi, nas palavras do sociólogo Rui Pena Pires,[88] um sucesso extremo de assimilação, apesar de alguns problemas sociais e de alguma discriminação inicial (comprovada, aliás, pela própria carga negativa, pelo menos então, da categoria "retornado"), o que demonstra a não diferenciação étnica das populações portuguesas do chamado ultramar em relação à "metrópole", bem como, dada a sua recentíssima expatriação, a sua integração em redes sociais coesas, como as familiares e de parentesco, que permitiram a sua rápida absorção e distribuição pelo conjunto do território nacional sem que se verificassem fenómenos persistentes de guetização e discriminação.

Minorias étnicas contemporâneas

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Comunidades estrangeiras

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País Total
Total 409 185
Europa 153 307
União Europeia 79 774
 Alemanha 13 851
Espanha 16 597
 França 9 733
 Itália 4 951
 Países Baixos 5 854
 Reino Unido 19 592
Resto da UE 9 196
Outros da Europa 73 533
 Bulgária 3 160
 Moldávia 12 673
Roménia 10 299
 Rússia 4 945
 Ucrânia 37 851
Resto da Europa 4 605
África 149 982
 Angola 33 215
Cabo Verde Cabo Verde 65 485
Guiné-Bissau 24 513
 Moçambique 5 854
 São Tomé e Príncipe 10 761
Outros de África 10 154
América 82 600
 Estados Unidos 8 227
 Brasil 65 463
Outros da América 8 910
Ásia 22 418
 China 29 695
 Índia 3 614
Paquistão 2 125
Outros da Ásia 6 984
Apátridas 878

Portugal de um país de que durante grande parte da sua história moderna foi considerado globalmente um país de emigração, tornou-se nas últimas três décadas um país de imigração. De facto, além de populações com origem na União Europeia e no resto da Europa, Portugal tem vindo a receber em número crescente populações migrantes com origem em África (com óbvia relevância para as ex-colónias) e no Brasil, além de uma multiplicidade demograficamente menos significativa de outras origens, entre as quais se avoluma a Chinesa.

É difícil quantificar o número de estrangeiros em Portugal, até pela existência de imigrantes em situação ilegal e não registada, e ainda mais difícil de quantificar o número daqueles que, tendo nacionalidade portuguesa, podem ser considerados como membros de minorias étnicas.

No respeitante aos cidadãos estrangeiros residentes com situação regularizada,[89] para 2006,[90] estima-se residirem de forma legal em Portugal menos de meio milhão de estrangeiros (concentrados em Lisboa, Faro, Setúbal e Porto), avultando as comunidades Brasileira, Cabo-Verdiana e Ucraniana.

Olhando para dados agregados por continente de origem (ver tabela ao lado com dados provisórios do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras português para 2006[91]), constata-se serem as comunidades mais importantes as europeias, seguidas das africanas, as americanas e finalmente as asiáticas. De facto, a importância demográfica destas populações é crescente no respeitante ao crescimento da população residente em território português,[92] ainda que não se possa considerar que Portugal tenha uma percentagem elevada de população estrangeira quando comparado com outros congéneres europeus.[93]

É claro que muitos residentes em Portugal categorizados enquanto minoria étnica em termos das relações sociais mais alargadas não estão representados nestes dados (o caso mais patente é o dos ciganos, tratado mais abaixo, mas também o dos goeses ou comunidades com origem no subcontinente indiano e que chegaram a Portugal no contexto da descolonização, tendo, portanto, nacionalidade portuguesa). E a presença de populações estrangeiras não significa por si só processos de assimilação na população portuguesa em geral. De facto, desde os anos 1970, os processos de discriminação e de etnização das relações sociais em Portugal têm-se vindo a acentuar, com particular destaque para a discriminação das populações de origem africana e brasileira, mesmo mais que populações que não têm como língua de origem o português (nomeadamente os Ucranianos).[94][95][96] Tal deve-se a múltiplos factores, desde institucionais e jurídicos (note-se que se a lei da nacionalidade de 1959 se baseava no direito de solo, as mudanças de 1975 e 1981 impuseram o princípio do direito de sangue, retirando a possibilidade de naturalização a filhos e netos já nascidos em Portugal de imigrantes, com todas as dificuldades de acesso à cidadania plena daí resultantes; esta situação legal só muito recentemente veio a ser algo alterada, mantendo-se todavia a primazia do direito de sangue), a socioculturais (decorrentes da percepção estigmatizante da diferença), bem como económicos (o acantonamente das principais comunidades migrantes em profissões relativamente desqualificadas), além de residenciais (a concentração geográfica em bairros degradados e guetizados, particularmente no caso das comunidades de origem africana). Estes processos são aliás concomitantes com o reforço de uma visão crescentemente étnico-racial da identidade nacional por parte dos Portugueses, mesmo nas gerações mais novas.[97][98][99][100]

A comunidade judia

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Se a originária comunidade judia portuguesa foi praticamente extinta com os processos sociais, políticos e religiosos de perseguição dos séculos XV a XVIII (com a excepção de minúsculas comunidades isoladas de Marranos cripto-judeus), a partir do século XIX dá-se uma reconstituição de uma pequena comunidade judia em Portugal.

Hoje em dia não se verificam processos discriminatório relevante em relação à pequena comunidade judia portuguesa, ainda que ataques isolados contra a comunidade se tenham verificado, tal como os actos de vandalismo perpetrados no Cemitério Judaico de Lisboa em 2007 (com a profanação de campas através da pintura de cruzes suásticas). A memória da perseguição aos judeus continua presente, e levou a que, em 1987, o então Presidente da República, Mário Soares, pela primeira vez na História de Portugal, pedisse oficialmente perdão às comunidades judias de origem portuguesa pela responsabilidade de Portugal na Inquisição e nas passadas perseguições antijudaicas.

É difícil dizer quantos judeus existem presentemente em Portugal, embora o último recenseamento geral da população (2001) tenha estimado a população de religião judaica em 5 000 indivíduos, essencialmente concentrados em Lisboa[101] e Porto, com mais três pequenas comunidades, uma em Ponta Delgada (Açores), outra em Faro e outra em Belmonte.

A presente comunidade judaica é uma mescla entre judeus sefarditas de remota origem portuguesa, retornados a Portugal durante o século XIX (nomeadamente de Gibraltar, Marrocos e Império Otomano), cripto-judeus, finalmente praticantes públicos da sua religiosidade e retornados ao seio do Judaísmo institucionalizado (como os de Belmonte), e alguns judeus asquenazes, no essencial resultantes de algumas parcas decisões de estabelecimento em Portugal aquando do êxodo, através de Lisboa, ao Nazismo.

A presença de comunidade ciganas em Portugal remonta à segunda metade do século XV, originários remotamente do norte da Índia e chegando ao território português por via continental europeia. Desde cedo, devido à sua diferença sociocultural e ao seu modo de vida nómada, os Ciganos foram objecto de fortíssima discriminação e perseguição em Portugal, como, aliás, em toda a Europa. As ordens de expulsão do território sucederam-se sem nunca terem conseguido apagar a sua presença.[102]

O número de Ciganos em Portugal é de difícil quantificação. Segundo dados da Comissão Europeia contra o Racismo e Intolerância do Conselho da Europa[103] seriam cerca de 50 000 espalhados por todo o país. Existem, no entanto, estimativas diferentes, como a da organização SOS Racismo,[104] que num inquérito de 2001, junto de 186 Câmaras Municipais, contabilizou somente um total 21, 831 indivíduos de etnia cigana.

A maioria das populações Ciganas em Portugal têm hoje um modo de vida sedentário, concentrando-se nos grandes aglomerados urbanos, e caracterizando-se pelos baixíssimos níveis de escolarização, pela exclusão social generalizada e por contextos residenciais precários (em bairros degradados de barracas). Segundo o relatório da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância,[105] os Ciganos são o grupo étnico que os Portugueses mais rejeitam e discriminam, sendo igualmente alvo de discriminação institucional por parte do Estado, nomeadamente ao nível das municipalidades, sendo-lhes levantadas dificuldades persistentes no acesso ao emprego, ao alojamento e aos serviços sociais, bem como na relação com as forças policiais. Globalmente a sua situação tem sido de exclusão social.[106][107][108][109][110]

Diáspora portuguesa

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Rancho Folclórico de Pawtucket durante desfile na Parada de Quatro de Julho de 2021 em Bristol, Rhode Island, Estados Unidos.
Restaurante português em Oleiros, Galiza, (Espanha).

Portugal foi tradicionalmente uma terra de emigração: desde os processos de expansão imperial e colonização, passando pelo povoamento das Ilhas Atlânticas, pela colonização do Brasil (onde a maioria da população tem ancestralidade portuguesa;[111] ver Luso-brasileiro e Imigração portuguesa no Brasil) e dispersão noutras partes do Império (onde se formaram comunidades de origem parcialmente portuguesa, cultural — como em Goa os Goeses católicos, em Ceilão os Burghers portugueses, em Malaca os Cristang e em Macau os Macaenses; além das elites portuguesas ou mistas nas colónias africanas e em Timor); a emigração económica para o Brasil já no século XIX e primeira metade do XX, bem como, em menor medida, para outras regiões da América (Estados Unidos da América, Canadá, Caraíbas, Havai); a emigração económica e política a partir de 1960, essencialmente para os países mais desenvolvidos da Europa Ocidental (Suíça, Alemanha, França e Luxemburgo), bem como a emigração madeirense para a África do Sul e Venezuela e açoriana para os Estados Unidos e Canadá. Todos estes foram processos que produziram a existência de comunidades portuguesas fora de Portugal. É claro que, com o passar dos tempos e gerações, aqueles que inicialmente eram portugueses deixam de o ser, passando a ser americanos, canadianos, sul-africanos, brasileiros, venezuelanos, franceses, australianos etc. Ainda que, no âmbito das diferenciações étnicas desses países, possam ser categorizados como "portugueses" (luso-americanos, luso-brasileiros, luso-franceses, etc.). Contudo, as comunidades da diaspora portuguesa sentem geralmente um forte vínculo à terra dos seus antepassados, à sua língua, à sua cultura e aos seus pratos nacionais e particularmente ao bacalhau.[112]

Além dos cerca de dez milhões de portugueses residentes em Portugal, presume-se existirem quase cinco milhões mais espalhados pelo mundo,[113] quer de primeira geração, quer luso-descendentes recentes, formando assim um total de cerca de quinze milhões de portugueses.

De acordo com dados da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros português,[114] os países com maiores comunidades portuguesas são, por ordem crescente de importância demográfica, a França, o Brasil e os Estados Unidos (caso se considerem, no cômputo dos luso-americanos, aqueles que descendem de portugueses em graus variados).

Ver artigo principal: Cultura de Portugal
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Notas e referências

Notas

  1. Não contabilizando os 500 000 cidadãos estrangeiros.
  2. Cinco milhões de netos de emigrantes podem tornar-se portugueses[2]
  1. (entre elas Judaísmo, Islamismo e Hinduísmo)

Referências

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  67. Tal é patente não só nos presentes movimentos e organizações racistas nordicistas, particularmente de língua inglesa, como também, no passado, na inferiorização «racial» dos Portugueses em contextos norte-americanos de recepção migratória, nos EUA e no Canadá. Ver: David Higgs (dir.), Portuguese Migration in global perspective, Toronto, Multicultural History Society of Ontario, 1990.
  68. Mesmo um antropo-biólogo como Carlton Coon escrevia, no seu The Races of Europe (1939), que "On the whole, the absorption of negroes by the Portuguese has had no appreciable effect on the racial position of the country "
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  89. Seja qual for a modalidade de regularização legal da residência. Repare-se que nos dados que se seguem não estão incluídos, além de obviamente as pessoas em situação irregular, os cidadãos da União Europeia que, encontrando-se em Portugal, não desenvolveram os processos de regularização de residência, nomeadamente pela sua estadia ser a prazo limitado (como no caso cada vez mais relevante dos estudantes universitários europeus em sistemas de intercâmbio académico por prazos não superiores a 1 ano).
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  102. Numa breve cronologia: 1526 - Alvará de João III, de 13 de Março de 1526, proibiu que os ciganos entrassem no reino, e ordenou que saíssem os que cá estavam; 1538 - Nova lei de 26 de Novembro desse ano, ordenando a sua expulsão; 1592 - Lei de 28 de Agosto agravou as penas contra os ciganos que dentro de 4 meses não saíssem de Portugal; Ordenações Filipinas, proíbindo a entrada no Reino; 1606 - Alvará de 7 de Janeiro exigindo a observância das Ordenações, com a mesma pena agravada com degredo para as galés e com severas cominações para os magistrados remissos; 1614 - Nova carta régia de 3 de Dezembro impedindo a sua entrada no Reino; 1618 - Carta régia de 28 de Março em que o monarca mandava averiguar se no Reino andavam ciganos com «traje e língua diferente dos naturais»; 1654 - D. João IV mandou prender os ciganos que havia no Reino e embarcá-los para Maranhão, Cabo Verde e São Tomé; 1718 - D. João V, em 10 de Dezembro de 1718, determinou a expulsão dos ciganos. Ver Joel Serrão, Dicionário de História de Portugal, ed. de 2006.
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