Língua carajá – Wikipédia, a enciclopédia livre

Carajá

Iny rybè

Pronúncia:[iˈnə̃ ɾɨˈbɛ][1]:1)
Falado(a) em: Brasil
Total de falantes:
Família: Macro-jê
 Carajá
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

A língua carajá (denominada, pelos carajás, como iny rybè [iˈnə̃ ɾɨˈbɛ], que significa "a fala dos iny"[1]) é uma língua indígena do Brasil falada até os dias de hoje pelos índios carajás.[2]. Ela pertence à família linguística carajá, a qual, por sua vez, pertence ao tronco linguístico macro-jê.

Há quatro variedades: o karajá setentrional, o karajá meridional, o javaé e o xambioá.[3]

Reconstrução

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Reconstrução do proto-karajá (Nikulin 2020):[3]

Abreviações
  • SG = singular
  • F = finito
  • NF = não finito
  • DAT = dativo
  • LOC = locativo
  • CRF = correferencial
  • NMLZ = nominalizador
  • INT = interno (caso morfológico interno)
Proto-Karajá Glosa
*∅- ‘2INT (classe II)’
*ã- ‘2INT’
*be ‘água’
*bedo ‘filhote’
*bid ‘mel’
*bikû ‘chuva, céu’
*bryby ~ *byrby ‘cinza’
*bu/*bu-r ‘chorar’
*bu ‘chorar.F’
*bu-r ‘chorar.NF’
*de ‘carne’
*de- (formativo) ‘mão’
*dea- ‘nariz’
*deã-θə̃ ‘nariz’
*deã-ti ‘osso do nariz’
*dede ‘espinho’
*derã ‘antebraço’
*do ‘alimento duro’
*dorto ‘língua’
*he ‘lenha’
*he-də̂ ‘fumaça’
*he-koty ‘fogo’
*ho/*[r]o ‘lavar’
*kãi ‘tu’
*ki ‘LOC’
*ko ‘árvore, chifre’
*ko ‘rosto’
*kõ ‘NEG’
*kob ‘banzeiro’
*koho ‘mosca ou carapanã’
*ku ‘defecar’
*ky ‘fibra de casca’
*ky/*[r]y ‘comer (grãos)’
*kyθe ‘arranhar, coçar’
*lãm ‘ficar de pé.SG.NF’
*lə̂ ‘urina’
*lid (Karajá, Xambioá) ~ *lîd (Javaé) ‘colocar deitado.F’
*lo-ti ‘pescoço’
*l-oti ‘garganta, pescoço’
*lû ‘dente’
*lub ‘sangue’
*mã ‘fígado’
*mə̃ ‘LOC’
*nã-di ‘mãe’
*nĩ ‘nome’
*nĩnĩ ‘chamar’
*nõ ‘INDEF’
‘dar’
*o(-)bî ~ *ô(-)bî ‘ver’
*õrõ ‘dormir.F’
*-r ‘NMLZ’
*rã ‘cabeça’
*rã ‘fruta’ (< ‘cabeça’)
*rã ‘sobrinho’
*rã-de ‘cabelo’
*rãm ‘fome; querer’
*ri ‘deixar, abandonar’
*ro ‘morder’
*ro ‘podre’
*ru ‘coxa’
*ru/*ru-b ‘morrer’
*ry ‘caminho’
*ry ‘gritar, chamar.NF’
*ry-be ‘saliva’
*t- ‘3INT (classe II)’
*ta- (classe I) / *t- (classe II) ‘3CRF’
*t-amə̃ ‘DAT.3, ALL.3’
*tə̃m-rã ‘novo’
*ti ‘osso’
*to ‘chupar’
*tu ‘cauda de ave’
*t-u ‘LOC.3’
*tû ‘sol’
*ty ‘tecer, costurar’
*ty ‘semente’
*ty ‘vagina’
*tyb ‘velho’
*t-yb ‘pai’ (3ª pessoa)
*tyk ‘pele, casca, roupa’
*u(-)nə̃ ‘estar sentado.SG’
*u(-)θi ‘dançar’
*-ud ‘NOM.AG’ (‘dono’), ‘formativo de nomes de agente’
*we ‘furar, dar facada’
*wy/*wy-d ‘carregar’
*θi ‘ovo’

Referências

  1. a b Terceira edição do Projeto Índio no Museu foi destaque na abertura da Semana do Índio. Disponível em http://www.museudoindio.org.br/template_01/default.asp?ID_S=51&ID_M=826 Arquivado em 4 de março de 2016, no Wayback Machine.. Acesso em 11 de agosto de 2012.
  2. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 1 de maio de 2008. Arquivado do original (PDF) em 20 de setembro de 2008 
  3. a b Nikulin, Andrey. 2020. Proto-Macro-Jê: um estudo reconstrutivo. Tese de Doutorado em Linguística, Universidade de Brasília.
  • KARAJÁ, H.; KARAJÁ, J.; KARAJÁ, L.; KARAJÁ, T.; KARAJÁ, W.; KARAJÁ, W.; OLIVEIRA, C.; WHAN, Ch. Dicionário enciclopédico Inyrybè/Karajá–português brasileiro. Rio de Janeiro: PRODOCLIN, 2013.
  • BORGES, M. V. As falas feminina e masculina no Karajá. 1997. 288 f. Dissertação (Mes-trado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás. 1997.
  • BORGES, M. V. Diferenças entre as falas feminina e masculina no Karajá e em outras línguas brasileiras: aspectos tipológicos. LIAMES, Campinas, v. 12, p. 103–113; primavera 2012.
  • CAVALCANTE, M. P. Fonologia do Karajá. Revista do Museu Antropológico, Goiânia, v. 1, n. 1, p. 63–73, 1992.
  • FORTUNE, D. L. Gramática Karajá: um estudo preliminar em forma transformacional. BRIDGEMAN, L. I. (Ed.). Série Lingüística, no. 1. Brasília: Summer Institute of Linguistics, 1973. p. 101–161.
  • FORTUNE, D.; FORTUNE, G. Karajá grammar. Rio de Janeiro: Arquivo Lingüístico do Museu Nacional, manuscrito, 1964.
  • FORTUNE, D.; FORTUNE, G. Karajá men’s-women’s speech differences with social correlates. Arquivos de Anatomia e Antropologia, Rio de Janeiro, v. 1, p. 109–124, 1975.
  • PALHA, L. Ensaio de gramática e vocabulário da língua Karajá falada pelos índios re-meiros do rio ‘Araguaia’. Rio de Janeiro: s/ed, 1942. 42 f.
  • RIBEIRO, E. R. Empréstimos Tupí-Guaraní em Karajá. Revisa do Museu Antropológico, Goiânia, v. 5–6, n. 1, p. 75–100, jan./dez. 2001/2002.
  • RIBEIRO, E. R. Prefixos relacionais em Jê e Karajá: um estudo histórico-comparativo. LIAMES, Campinas, v. 4, p. 91–101, primavera 2004.
  • RIBEIRO, E. R. Subordinate clauses in Karajá. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 1, n. 1, p. 17–47, jan./abr. 2006.
  • RIBEIRO, E. R. A grammar of Karajá. 2012. 292 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Department of Linguistics, The University of Chicago. 2012.
  • VIANA, A. M. S. A expressão do atributo na língua Karajá. 1995. 89 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Departamento de Lingüística, Línguas Clássicas e Vernácula, Ins-tituto de Letras, Universidade de Brasília. 1995.

Ligações externas

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