Lagartixa-da-madeira – Wikipédia, a enciclopédia livre

Lagartixa-da-madeira
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Família: Lacertidae
Gênero: Teira
Gray, 1838
Espécies:
T. dugesii
Nome binomial
Teira dugesii

Teira dugesii, comummente conhecida como lagartixa-da-madeira,[2] é uma espécie de pequeno lagarto pertencente à família Lacertidae. Trata-se de uma espécie endémica do arquipélago da Madeira, onde ocorre de forma abundante.[1] Apesar de também existirem algumas populações nas ilhas dos Açores, estes exemplares serão descendentes de animais introduzidos acidentalmente durante o século XIX por navios que faziam a rota entre os dois arquipélagos, nunca atingindo os números populacionais que atinge no seu território de origem.[3] Existe ainda uma pequena população na zona portuária de Lisboa, provavelmente transportada acidentalmente nos navios de transporte de banana, e detectada pela primeira vez em 1992, tendo um estudo de 2001 verificado que a população tem se mantido estável em tamanho desde a sua descoberta.[3]

A sua classificação sistemática é ainda alvo de controvérsia sendo que actualmente a espécie pode ser referida como fazendo parte dos géneros Teira, Podarcis ou Lacerta, sendo este último o mais utilizado em publicações científicas. O nome específico homenageia o zoólogo francês Antoine Louis Dugès. Esta espécie pode ser dividida em três subespécies:[4]

  • L. d. dugesii (Milne-Edwards, 1829) - que ocorre nas ilhas da Madeira e Desertas (Deserta Grande, Ilhéu Chão e Bugio). As populações introduzidas nos Açores e Lisboa pertencem a esta subespécie.[3]
  • L. d. jogeri (Bischoff, Osenegg & Mayer, 1989) - que ocorre na ilha do Porto Santo.
  • L. d. selvagensis (Bischoff, Osenegg & Mayer, 1989) - que ocorre nas ilhas Selvagens. Ainda não é claro se esta população não terá sido introduzida pelo homem nestas ilhas.

Características

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Exemplar com tons azuis

Trata-se de um lagarto que pode atingir os 20 cm de comprimento, apesar dos adultos terem, normalmente, entre 10 a 15 cm. A sua cor pode variar entre o castanho claro ao cinzento escuro, com alguns exemplares (normalmente machos) a poderem apresentar cores iridescentes, como o verde, azul e violeta. Os machos podem ser facilmente distinguidos das fêmeas devido à presença de uma prega nupcial de cor amarela na parte inferior da suas patas traseiras. Como todos os lacertídeos, possui a capacidade de destacar a sua cauda se se sentir em perigo, servindo o rabo solto, que se contorce energicamente, de distracção para os predadores, permitindo a fuga do animal. A cauda volta a crescer novamente, ocorrendo por vezes o fenómeno de um destes animais acabar por possuir duas caudas, quando a cauda antiga não é completamente seccionada.

As lagartixas-da-madeira, ao contrário das suas congéneres continentais, são mais dóceis, podendo ser manipuladas com facilidade. Esta é uma característica provavelmente desenvolvida durante a sua evolução num território sem predadores terrestres, o que faz com estes seres também se aproximem dos seres humanos em busca de uma refeição grátis.

Apesar de ser uma espécie essencialmente insectívora, frutos maduros e bagas (em especial amoras-silvestres) também fazem parte da sua dieta. Com a descoberta do arquipélago e posterior colonização, as lagartixas aproveitaram a oportunidade e passaram a incluir na sua dieta restos de alimentos e frutos de cultivo, sendo considerada, por vezes, uma praga de várias culturas, como as uvas e as frutícolas.

Distribuição e habitat

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A lagartixa-da-madeira é muito abundante na Madeira, sendo o único réptil nativo do território (com a excepção da osga-das-selvagens, que neste arquipélago ocorre apenas nas ilhas Selvagens). No entanto, com a globalização do comércio, outros répteis têm surgido na ilha, desde cobras (em especial cobras-arborícolas que são transportadas com os carregamentos de madeiras tropicais e pitons que são procuradas como animais de estimação e depois abandonadas quando crescem demasiado) a camaleões, lagartos e osgas. No entanto, nenhuma destas espécies parece conseguir formar uma população naturalizada permanente, provavelmente devido à escassez de alimento apropriado ou a condições climáticas adversas. A excepção parece ser a osga-comum, que parece ter estabelecido uma população naturalizada nas zonas de baixa altitude da costa sul da ilha da Madeira, nomeadamente na baixa do Funchal e Caniço de Baixo.

A lagartixa-da-madeira está presente em praticamente todos os tipos de habitats terrestres do arquipélago, desde a costa até às montanhas mais altas, passando por áreas urbanas, áreas rurais, jardins, pastagens, praias de calhau e de areia, etc. A sua ocorrência no interior de florestas densas (floresta temperada, floresta mediterrânica) circunscreve-se a zonas de clareira ou levadas, onde a luz do sol penetra.

Referências

  1. a b Sá-Sousa, Paulo; Sindaco, Roberto (2009). «Teira dugesii ». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2009: e.T61521A121720531 
  2. Infopédia. «lagartixa-da-madeira | Definição ou significado de lagartixa-da-madeira no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 11 de janeiro de 2022 
  3. a b c (em inglês) Sá-Sousa P (1995). The introduced Madeiran lizard, Lacerta (Teira) dugesii in Lisbon Amphibia-Reptilia 16 (2): 211-214.
  4. (em alemão) Bischoff W, Osenegg K and Mayer W (1989). Untersuchungen zur subspezifischen Gliederung der Madeira-Mauereidechse, Podarcis dugesii (Milne-Edwards, 1829). Salamandra 25 (3/4): 237-259
  • (em inglês) Malkmus R (2004). Amphibians and Reptiles of Portugal, Madeira and the Azores-Archipelago: Distribution and Natural History Notes. Koeltz Sceintific Books, ISBN 3-904144-89-8, 9783904144896
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