Partido Republicano Rio-Grandense – Wikipédia, a enciclopédia livre

Partido Republicano Rio-grandense
Fundação 23 de fevereiro de 1882
Dissolução 2 de dezembro de 1937[1]
Sede Porto Alegre
Ideologia Republicanismo
Federalismo
Castilhismo
Positivismo
Anti-Política do café com leite
Anticomunismo
Sucessor Durante a Segunda República Brasileira:
Partido Republicano Liberal do Rio Grande do Sul
Durante o Quarta República Brasileira:
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) (membros gaúchos)
Afiliação nacional Aliança Liberal
(1929-1930)
Espectro político Direita
Política do Brasil

Partidos políticos

Eleições

Partido Republicano Rio-grandense (PRR) foi um partido político de motivação republicana do estado do Rio Grande do Sul, que contribuiu para a formação política do estado. Assim, dividindo Republicanos (PRR) e Federalistas do Partido Federalista do Rio Grande do Sul.

Foi fundado em 23 de fevereiro de 1882, apresentando-se como a alternativa política frente ao imobilismo do Partido Liberal e ao sistema político-partidário imperial elitizado, baseado no voto censitário.[2] O partido procurou ampliar sua base de sustentação, buscando a adesão das classes médias urbanas e do colonato.[2] O PRR se propunha a realizar um programa mais amplo e abrangente, contemplando interesses para além daqueles dos pecuaristas dominantes.[2]

Entre seus fundadores estavam eminentes republicanos, entre eles Venâncio Aires, Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado, Demétrio Ribeiro, Alcides Lima, Apolinário Porto Alegre, Ramiro Barcelos, Assis Brasil e João Cezimbra Jacques.

O partido recebeu e acentuou a influência positivista, caracterizando-se pela valorização da ordem social, a preocupação com a segurança do Estado e do indivíduo para a obtenção do bem público e a consciência de serem portadores de uma missão social de "regenerar a sociedade". O Estado deveria se colocar acima das classes, gerenciando conflitos, sem pertencer a nenhuma classe, grupo ou interesse. Seu grande líder intelectual era Júlio de Castilhos.

O partido definiu estratégias de atuação, tais como a realização de congressos, a criação de um periódico, A Federação, surgido em 1884, e a elaboração de "bases do programa dos candidatos republicanos", que deveriam nortear a ação dos candidatos dentro do sistema monárquico.[2]

De acordo com seu programa, o PRR defendia um governo republicano, federativo, presidencial e temporal, com eleição direta dos chefes dos executivos federal, estadual e municipal através do voto livre. Seu programa defendia a liberdade de pensamento e de expressão, de reunião e de associação. Na área administrativa, defendia o livre exercício da autonomia dos estados, regidos por constituições e leis próprias, e dos municípios.

Na área econômica, preconizava o desenvolvimento da agricultura, da pecuária e das indústrias rurais, um plano geral de viação como garantia de defesa do território nacional, desenvolvimento industrial do país e a facilidade das relações exteriores.

No campo social, defendiam a educação e a instrução popular com o ensino primário gratuito, o regime de oito horas de trabalho nas oficinas do estado e nas indústrias o regime de férias para os trabalhadores; a harmonia do capital e do trabalho e a defesa do índio, com demarcação de terras, e o acolhimento deste ao convívio nacional.[3]

Apesar de minoritários, os republicanos eram extremamente ativos e puderam mobilizar, com um programa atraente e duras críticas ao sistema vigente, a atenção dos descontentes, como por exemplo alguns conservadores. Assim conseguiram a eleição de seu primeiro candidato, Joaquim Francisco de Assis Brasil, em 1885.[2] Nas legislaturas de 1885-86 e 1887-88, Assis Brasil, acirrou suas críticas à monarquia e à centralização política existente no Brasil, comparando com a República, sinônimo de democracia, governo popular e fator de progresso.[2]

Com a Proclamação da República o partido assumiu o controle do governo no estado, sob a liderança de Júlio Castilhos.[2]

Na Assembléia Nacional Constituinte que se reuniu no Rio de Janeiro, em novembro de 1890, a representação gaúcha foi constituída somente de elementos republicanos, extremamente jovens, que, sob as ordens de Castilhos e uma orientação positivista, se bateram por uma concepção radical de federalismo.[2]

Uma corrente específica formou o castilhismo, que dominou a política gaúcha ininterruptamente entre 1893 e 1937. Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Carlos Barbosa, Getúlio Vargas e Flores da Cunha sucederam-se no governo do estado durante esse período. Adeptos francos do positivismo em todas as suas facetas, tinham a alcunha de chimangos — como eram chamados os governistas no Rio Grande do Sul desde o segundo reinado. Seus principais adversários foram os maragatos, do Partido Federalista do Rio Grande do Sul de Gaspar Silveira Martins, Apolinário Porto-Alegre e Joaquim Francisco de Assis Brasil (os dois últimos foram membros fundadores do PRR, de matiz liberal, que abandonaram o partido), contra os quais lutaram na Revolução Federalista e na Revolução de 1923.

Em 1928, funde-se com o Partido Libertador, sucessor do Partido Federalista, seu tradicional adversário no estado, formando a Frente Única Gaúcha (FUG). A aliança de conveniência, firmada sob a presidência de Getúlio Vargas sob o Rio Grande do Sul, se desfez em 1932, já com Vargas na Presidência da República. Sob a denominação de Partido Republicano Liberal do Rio Grande do Sul, serviu de apoio ao governo, até o estabelecimento do Estado Novo. O grupo de Vargas daria origem, em 1945, ao PTB.[2]

Partidários famosos

[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/partido-republicano-rio-grandense-prr
  2. a b c d e f g h i PESAVENTO, Sandra Jatahy (1992). «A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul: a trajetória do parlamento gaúcho». Porto Alegre: Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Consultado em 26 fev 2013 
  3. Brasil, CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE (PRR) | CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 21 de novembro de 2019 

Leitura adicional

[editar | editar código-fonte]
  • FÉLIX, Loiva Otero. Coronelismo, borgismo e cooptação política. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987, 200p.