Populismo 2.0 – Wikipédia, a enciclopédia livre
Populismo 2.0 ou populismo digital é um tipo de populismo que se soma à web 2.0,[1] ou seja, que se diferencia dos outros populismos por sua capacidade de utilizar a internet de plataforma na difusão de propaganda política.[2][3] Passou a ser usado após o sucesso do uso de redes sociais em protestos populares como Occupy Wall Street e Indignados.[4]
Características
[editar | editar código-fonte]O populismo 2.0 possui as mesmas características do populismo somadas às vantagens da internet de plataforma.[1] Enquanto o populismo clássico unia o "homem comum" em uma democracia direta, o populismo 2.0 une o "usuário de internet genérico" (UIG) em uma democracia interativa. O UIG é a ideia de uma pessoa isolada que está conectada em uma rede e pode facilmente se tornar um usuário ativo dentro dela.[4]
As redes sociais acabaram por permitir um nível de aproximação entre políticos e eleitores nunca antes visto.[5] Nelas, o detentor da conta se mostra como sendo um do povo ao mesmo tempo que ataca o sistema político. Pesquisas mostram que o Facebook é a plataforma com o maior engajamento político, mas que o Twitter é a plataforma mais usada para fazer ataques a outrém.[6] O discurso é caracterizado pela maneira simples de falar e conteúdo feito para ser replicado em massa, que escapa da plataforma original e expande a base eleitoral. Os algoritmos também criam bolhas virtuais, que insuflam ainda mais o discurso. O político usa de seu carisma para chamar atenção, polarizar o debate e insuflar emoções. Nesse tipo de ambiente, entretenimento se mistura com a política e a base eleitoral se torna complexa, com pessoas votando apenas por identificação pessoal com o político.[5][7]
Características principais
[editar | editar código-fonte]- individualização da experiência do usuário
- replicação em massa das mensagens políticas[1]
Características do discurso populista
[editar | editar código-fonte]- apelo ao povo se utilizando de discursos socio-econômicos, identitários e moralistas
- ataque às elites, as chamando de corruptas e distantes do povo
- identificação e combate a um inimigo externo, como imigrantes[6]
Extrema-direita 2.0
[editar | editar código-fonte]Com raízes no fascismo do século XX, a extrema direita 2.0 utiliza das redes sociais para espalhar notícias falsas com o intuito de ameaçar o sistema democrático. Os grupos que compõe esta vertente da extrema-direita não são homogêneos, mas compartilham alguns denominadores em comum, como opiniões sobre imigração, segurança, política externa e corrupção.[3] Eles surgem após um contexto de governos de esquerda, marcada pelos socialistas democratas nos Estados Unidos, Jeremy Corbyn como líder trabalhista no Reino Unido, a vitória do Syriza na Grécia, a ascensão do Podemos na Espanha, a Onda Rosa na América Latina, etc.[1]
Exemplos de populismo 2.0
[editar | editar código-fonte]Continente Europeu | |||
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País | Paridos, entidades e acontecimentos | Principais nomes | Fontes |
Itália | [6] | ||
Espanha |
| [3][8][4] | |
Reino Unido | [1] | ||
Alemanha | [1] | ||
França | [1] | ||
Hungria | [1] | ||
Polônia | [1][9] | ||
Ucrânia | [7] | ||
Continente Americano | |||
País | Paridos, entidades e acontecimentos | Principais nomes | Fontes |
Estados Unidos | [1] | ||
Brasil | [1][10] |
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e f g h i j k Almeida, Helga do Nascimento de; et al. (2019). «Tweetocracia e o populismo 2.0 da direita: o caso do Brasil». Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais. ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS: 1-22. Consultado em 28 de fevereiro de 2022
- ↑ João Guerreiro Rodrigues (5 de fevereiro de 2022). «"O Chega vai crescer e chegar aos dois dígitos". Como lidar com os populismos de Ventura, do BE e do PCP (mas não da IL)». CNN Portugal. Consultado em 28 de fevereiro de 2022. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c Julio Hurtado (26 de fevereiro de 2022). «Reacción en marcha» (em espanhol). La Vanguardia. Consultado em 28 de fevereiro de 2022. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c «Populism 2.0». Social media, politics and the state : protests, revolutions, riots, crime and policing in the age of Facebook, Twitter and YouTube. Daniel Trottier, Christian Fuchs. New York: [s.n.] 2015. OCLC 868642157
- ↑ a b «Politica hoje mexe mais com as paixões que com argumentos, analisa pesquisadora». Uol Notícias. 3 de fevereiro de 2022. Consultado em 28 de fevereiro de 2022. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c Roberta Bracciale, Massimiliano Andretta & Antonio Martella (6 de janeiro de 2021). «Does populism go viral? How Italian leaders engage citizens through social media». Routledge. Information, Communication and Society. 24 (10): 1477-1494. doi:10.1080/1369118X.2021.1874472
- ↑ a b Volodymyr Yermolenko (24 de abril de 2019). «Zelenskyy's populism 2.0. What it means for Ukraine» (em inglês). New Eastern Europe. Consultado em 28 de fevereiro de 2022. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2022
- ↑ Kioupkiolis A. Populism 2.0. The Populist Radical Left in Europe. 2019 Mar 14;1:168.
- ↑ Hockenos, Paul (1 de abril de 2022). «The Secrets to Viktor Orban's Success». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 11 de agosto de 2022
- ↑ Teixeira, Pedro Henrique Abelin (2020). Comunicação populista: uma proposta de quadro analítico a partir do MBL e da Mídia Ninja (Dissertação de Mestrado). Universidade de Brasília