Viktor Orbán – Wikipédia, a enciclopédia livre

A forma nativa deste nome pessoal é Orbán Viktor. Este artigo usa a ordem de nomes ocidental ao mencionar indivíduos.
Viktor Orbán
Viktor Orbán
Orbán em 2024.
67.º Primeiro-ministro da Hungria
No cargo
Período 29 de maio de 2010 – presente
Antecessor(a) Gordon Bajnai
63.º Primeiro-ministro da Hungria
Período 6 de julho de 1998 até 27 de maio de 2002
Antecessor(a) Gyula Horn
Sucessor(a) Péter Medgyessy
Presidente do Fidesz
No cargo
Período • 17 de maio de 2003 – presente
• 18 de abril de 1993 até 29 de janeiro de 2000
Membro da Assembleia Nacional da Hungria
Período 2 de maio de 1990 – presente
Dados pessoais
Nascimento 31 de maio de 1963 (61 anos)
Székesfehérvár, Hungria
Nacionalidade húngaro
Alma mater Universidade Eötvös Loránd
Pembroke College, Oxford
Cônjuge Anikó Lévai (c. 1986)
Filhos(as) 5
Partido Fidesz
Religião calvinismo
Profissão político

Viktor Mihály Orbán[1] (Székesfehérvár, 31 de maio de 1963) é um político húngaro que serve como primeiro-ministro da Hungria desde 2010, anteriormente tendo ocupado o cargo de 1998 a 2002. Preside o partido nacional-conservador Fidesz, desde 1993, com uma breve pausa entre 2000 e 2003. Sob sua liderança, o governo húngaro mudou para o que Orbán chama "democracia iliberal"[2][3] (ele cita China, Rússia, Índia, Singapura e Turquia como modelos de governança) e passou a promover o antiamericanismo, o euroceticismo e a oposição à democracia ocidental.[4][5] Mantém uma relação amistosa com o presidente da Rússia, Vladimir Putin,[6][7][8] e com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.[9]

Vida política

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Orbán estudou na Universidade Eötvös Loránd e, brevemente, na Universidade de Oxford antes de ingressar na política na esteira das Revoluções de 1989. Liderou o movimento estudantil reformista da Aliança dos Jovens Democratas (Fiatal Demokraták Szövetsége), o nascente Fidesz. Orbán tornou-se conhecido nacionalmente depois de fazer um discurso no enterro de Imre Nagy em 1989 e outros mártires da revolução de 1956, no qual exigiu abertamente que as tropas soviéticas deixassem o país. Após a transição da Hungria para uma democracia multipartidária em 1990, foi eleito para a Assembleia Nacional e liderou a bancada parlamentar do Fidesz até 1993. Sob Orbán, o Fidesz afastou-se de seu programa liberal clássico e favorável ao europeísmo em direção ao conservadorismo nacional e a um modelo de economia mista descrito como social-democrata e democrata-cristão.[10][11][12][13]

O primeiro mandato de Orbán como primeiro-ministro, de 1998 a 2002, à frente de um governo de coalizão conservador, foi dominado pelo foco em questões econômicas e pela adesão da Hungria à OTAN. Serviu como líder da oposição de 2002 a 2010. Em 2010, tornou-se novamente primeiro-ministro após a vitória massiva do Fidesz em coligação com o Partido Popular Democrata-Cristão. As questões centrais durante seu segundo mandato incluíram grandes reformas constitucionais e legislativas, a crise migratória europeia, a regulamentação da CEU e a pandemia de COVID-19. Orbán foi reeleito três vezes consecutivas, em 2014, 2018 e 2022, tornando-se o primeiro-ministro mais duradouro do país.[14] Em dezembro de 2021, tornou-se o chefe de governo com mais tempo em exercício na UE.

Por causa da restrição da liberdade de imprensa, erosão da independência judicial e enfraquecimento da democracia multipartidária, muitos politólogos e observadores consideram que a Hungria sofreu retrocessos durante o mandato de Orbán.[15][16][17][18][19] Os ataques de Orbán à UE ao mesmo tempo que aceita o seu dinheiro e o canaliza para os seus aliados e familiares também levaram seu governo a ser caracterizado como uma cleptocracia.[20] Entre 2010 e 2020, a Hungria caiu 69 lugares no Índice de Liberdade de Imprensa[21][22] e 11 lugares no Índice de Democracia;[23] A Freedom House rebaixou o país de "livre" para "parcialmente livre".[24] Como resultado, o Fidesz foi suspenso do Partido Popular Europeu de março de 2019 a março de 2021,[25] tendo deixado o partido devido a uma disputa sobre a nova linguagem de Estado de direito nos estatutos do mesmo.[26] Outras críticas a Orbán surgem pela abertura da Hungria para investimento chinês[27][28][29] e uso do combate à COVID-19 para alargar seus poderes e promover políticas anti-imigração e anti-LGBT+.[30][31][32]

Ao longo da sua trajetória política, Orbán adotou uma retórica nativista e social-conservadora, sendo considerado um político de extrema-direita por analistas.[33][34][35][36]

Orbán nasceu a 31 de maio de 1963 em Székesfehérvár numa família rural de classe média, como o filho mais velho do empresário e agrônomo Győző Orbán (nascido em 1940)[37] e da educadora especial e fonoaudióloga Erzsébet Sípos (nascida em 1944). Tem dois irmãos mais novos, ambos empresários, Győző, Jr. (nascido em 1965) e Áron (nascido em 1977). O seu avô paterno, Mihály Orbán, praticava agricultura e pecuária. Orbán passou a sua infância em duas aldeias próximas, Alcsútdoboz e Felcsút no condado de Fejér; frequentou a escola lá e em Vértesacsa.[38][39] Em 1977, a sua família mudou-se permanentemente para Székesfehérvár.

Orbán formou-se em 1981 na Blanka Teleki High School, em Székesfehérvár, onde estudou inglês. Depois de completar dois anos de serviço militar, estudou Direito na Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste, escrevendo a sua tese sobre o movimento polonês Solidariedade.[40] Depois de obter o seu diploma de JD (equivalente a um mestrado)[41] em 1987,[39][42] morou em Szolnok por dois anos, indo para Budapeste como sociólogo no Management Training Institute no Ministério da Agricultura e Alimentação da Hungria.[carece de fontes?]

Em 1989, Orbán recebeu uma bolsa da Fundação Soros para estudar ciência política no Pembroke College, Oxford.[39] O seu tutor pessoal foi o filósofo político hegeliano Zbigniew Pełczyński.[43] Em janeiro de 1990, deixou Oxford e retornou à Hungria para concorrer a um assento no primeiro parlamento pós-comunista da Hungria.[44]

Entre 14 e 15 anos, foi secretário da organização juvenil Liga da Juventude Comunista Húngara (em húngaro: Magyar Kommunista Ifjúsági Szövetség, KISZ), da sua escola secundária (a adesão ao KISZ era obrigatória para se matricular numa universidade). Posteriormente, Orbán disse em uma entrevista que suas visões políticas mudaram radicalmente durante o serviço militar: antes considerava-se um "apoiador ingênuo e dedicado" do regime comunista.[carece de fontes?]

Referências

  1. «Orbánnak kiütötték az első két fogát». Origo (em húngaro). 20 de dezembro de 2012. Consultado em 3 de agosto de 2022 
  2. Tóth, Csaba (29 de julho de 2014). «Full text of Viktor Orbán's speech at Băile Tuşnad (Tusnádfürdő) of 26 July 2014». The Budapest Beacon (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  3. «Hungarian PM sees shift to illiberal Christian democracy in 2019 European vote». Reuters (em inglês). 28 de julho de 2018. Consultado em 4 de abril de 2022 
  4. Kelemen, R. Daniel (9 de janeiro de 2017). «Europe's Other Democratic Deficit: National Authoritarianism in Europe's Democratic Union». Cambridge University Press. Government and Opposition (em inglês): 211–238. ISSN 0017-257X. doi:10.1017/gov.2016.41 
  5. Buyon, Noah. «Orban and Trump Want Closer Ties, But Politics Could Get in the Way». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 3 de agosto de 2022 
  6. Herszenhorn, David M.; Bayer, Lili (1 de fevereiro de 2022). «Strongmen strut their stuff as Orbán visits Putin in Russia». Politico (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022 
  7. Baker, Sinéad (4 de abril de 2022). «Hungarian PM Viktor Orbán, a Putin ally, called Zelenskyy one of his 'opponents' in his reelection victory speech». Business Insider (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022 
  8. Rick, Lyman; Alison, Smale (7 de novembro de 2014). «Defying Soviets, Then Pulling Hungary to Putin». The New York Times (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022 
  9. «Speech by Prime Minister Viktor Orbán at the opening of CPAC Hungary». miniszterelnok.hu (em inglês). 19 de maio de 2022. Consultado em 3 de agosto de 2022 
  10. Vieira, Maria Clara (28 de novembro de 2021). «Hungria: conservadora nos costumes, estatista na economia e amiga da Russia: A Hungria de Orban». Gazeta do Povo. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  11. «Stars and soggy bottoms». Europe.view (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2020 
  12. «Így kormányozták a magyar gazdaságot» (em húngaro). 12 de fevereiro de 2012. Consultado em 4 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2012 
  13. «Kétéves költségvetés készül a PM-ben». Origo (em húngaro). 31 de julho de 2001. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  14. Illés, Szurovecz (30 de novembro de 2020). «Varga Judittól kellett megtudnunk, hogy Orbán Viktor többet volt hatalmon, mint bármelyik magyar miniszterelnök a történelemben». 444 (em húngaro). Consultado em 4 de abril de 2022 
  15. Lee, Frances E. (junho de 2020). «Populism and the American Party System: Opportunities and Constraints». Perspectives on Politics (em inglês) (2): 370–388. ISSN 1537-5927. doi:10.1017/S1537592719002664. Consultado em 4 de abril de 2022 
  16. «What to do when Viktor Orban erodes democracy». The Economist (em inglês). 22 de junho de 2017. Consultado em 4 de abril de 2022 
  17. Kingsley, Patrick (10 de fevereiro de 2018). «As West Fears the Rise of Autocrats, Hungary Shows What's Possible». The New York Times (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  18. Kelemen, R. Daniel (abril de 2017). «Europe's Other Democratic Deficit: National Authoritarianism in Europe's Democratic Union». Government and Opposition (em inglês) (2): 211–238. ISSN 0017-257X. doi:10.1017/gov.2016.41. Consultado em 4 de abril de 2022 
  19. Maerz, Seraphine F.; Lührmann, Anna; Hellmeier, Sebastian; Grahn, Sandra; Lindberg, Staffan I. (17 de agosto de 2020). «State of the world 2019: autocratization surges – resistance grows». Democratization (em inglês) (6): 909–927. ISSN 1351-0347. doi:10.1080/13510347.2020.1758670. Consultado em 4 de abril de 2022 
  20. «The EU is tolerating—and enabling—authoritarian kleptocracy in Hungary». The Economist (em inglês). 5 de abril de 2018. Consultado em 4 de abril de 2022 
  21. «World Press Freedom Index 2010». RSF (em inglês). 20 de abril de 2016. Consultado em 4 de abril de 2022. Arquivado do original em 11 de fevereiro de 2022 
  22. «2020 World Press Freedom Index | Reporters Without Borders». RSF (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  23. «Democracy Index 2020: In sickness and in health?». Economist Intelligence Unit (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  24. Kelemen, R. Daniel (7 de fevereiro de 2019). «Hungary's democracy just got a failing grade». The Washington Post (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022 
  25. «Hungary Orban: Europe's centre-right EPP suspends Fidesz». BBC News (em inglês). 20 de março de 2019. Consultado em 4 de abril de 2022 
  26. «Hungary: Viktor Orban's ruling Fidesz party quits European People's Party». Deutsche Welle (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  27. «Milhares protestam na Hungria contra abertura de campus de universidade chinesa». CNN Brasil. 6 de junho de 2021. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  28. «Milhares protestam na Hungria contra universidade chinesa». DW. 6 de junho de 2021. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  29. «Hungria estreita ligações comerciais com a China». Euronews. 5 de maio de 2021. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  30. Harding, Luke. «Authoritarian leaders may use Covid-19 crisis to tighten their grip». The Guardian (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2022 
  31. «Would-be autocrats are using covid-19 as an excuse to grab more power». The Economist (em inglês). 23 de abril de 2020. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  32. «Dismantling democracy? Covid-19 used as excuse to quell dissent in Hungary». RFI (em inglês). 31 de março de 2020. Consultado em 4 de agosto de 2022 
  33. «Will Viktor Orban unite Europe's radical right?». Euronews (em inglês). 30 de novembro de 2021. Consultado em 28 de julho de 2022 
  34. «Extrema-direita avança: o que Le Pen e Orbán têm em comum com Bolsonaro?». UOL. 4 de abril de 2022. Consultado em 28 de julho de 2022 
  35. «Viktor Orbán propaga retórica apocalíptica contra a mistura de raças». G1. 25 de julho de 2022. Consultado em 28 de julho de 2022 
  36. «Quem é Viktor Órban, o ultradireitista húngaro apoiado por Bolsonaro». Metrópoles. 17 de fevereiro de 2022. Consultado em 28 de julho de 2022 
  37. Zrt, HVG Kiadó (11 de julho de 2012). «A Közgép is hizlalhatja Orbán Győző cégét». hvg.hu (em húngaro). Consultado em 4 de abril de 2022 
  38. Árpád, Pünkösti (13 de maio de 2000). «Szeplőtelen fogantatás 7.». NOL.hu (em húngaro). Consultado em 4 de abril de 2022 
  39. a b c «Dr. Orbán Viktor». parlament.hu (em húngaro). Consultado em 4 de abril de 2022 
  40. Padraic, Kenney (2002). A Carnival of Revolution: Central Europe 1989 (em inglês). [S.l.]: Princeton University Press. p. 138. ISBN 0-691-05028-7 
  41. «Faculty of Law». elte.hu (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  42. «Curriculum vitae of Viktor Orbán». 2010-2014.kormany.hu (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2022 
  43. Fulbright report (PDF) (em inglês), Universidade de Oxford, arquivado do original (PDF) em 15 de dezembro de 2015 
  44. Lendvai, Paul (2017), Orbán: Hungary's Strongman, ISBN 978-0190874865 (em inglês), Oxford University Press 

Precedido por
Gyula Horn
Primeiro ministro da Hungria
1998–2002
Sucedido por
Péter Medgyessy
Precedido por
Gordon Bajnai
Primeiro-ministro da Hungria
2010–presente
Sucedido por
Incumbente

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