Irmandade Pré-Rafaelita – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dante Gabriel Rossetti, A Noiva, 186566.
Tate Britain, Londres.

A Irmandade Pré-Rafaelita (Pre-Raphaelite Brotherhood ou PRB em inglês), também chamada Fraternidade Pré-Rafaelita ou, simplesmente, Pré-Rafaelitas, foi um grupo artístico fundado em Inglaterra em 1848 por Dante Gabriel Rossetti, William Holman Hunt e John Everett Millais e dedicado principalmente à pintura. Este grupo, organizado ao modo de uma confraria medieval, surge como reação à arte académica inglesa, que seguia os moldes dos artistas clássicos do Renascimento.


Denominação

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Inseridos no espírito revivalista romântico da época, os pré-rafaelitas desejam devolver à arte a sua pureza e honestidade anteriores, que consideravam existir na arte medieval do final do Gótico e do início do Renascimento (Proto-Renascimento).

Ao se autodenominarem pré-rafaelitas realçavam o fato de se inspirarem na arte anterior a Rafael, artista que tanto influenciou a academia inglesa e que era consequentemente criticado pelos pré-rafaelitas. A influenciar este grupo estão também os Nazarenos, uma confraria de pintores alemães que, no início do século XIX, estabeleceu-se em Roma com o objetivo de recuperar a arte paleocristã.

Arte pela arte

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Embora tratando-se de um grupo de artistas unidos em prol do mesmo objetivo, o grupo não se revelou homogéneo nas suas produções podendo-se observar uma ramificação em dois géneros diferentes dentro do movimento: por um lado alguns destes artistas (Millais, Holman Hunt) vão dedicar-se aos temas e problemas da sociedade atual cada vez mais materialista, utilizando para isso uma representação realista; por outro lado outros artistas (Rossetti, Edward Burne-Jones) vão ligar-se mais a temas medievais inspirados em Dante (cujo nome inspirou o primeiro nome de Rossetti) na sua Divina Comédia, em lendas como a do Rei Artur, cenas religiosas, carregando as suas composições de misticismo numa versão mais visionária. Pode-se afirmar que esta segunda variante dominou o movimento.

Independentemente do tema retratado, torna-se essencial que a obra de arte transmita uma ideia autêntica, fruto da individualidade do artista. Este não tem de se submeter a regras rígidas e castradoras de representação, deve antes ser livre na sua criação artística. A sua arte vai-se opor ao método tradicional de representação da natureza prescindindo do trabalho de atelier e recusando a normalidade das composições académicas (ex: eliminando-se a linha do horizonte).

John Everett Millais, Ophelia (pormenor), 1851-1852.
Tate Britain, Londres.

O artista aspira à beleza poética, à representação além da realidade visível: trabalha-se com a matéria da alma e a espiritualidade. Esta representação do “sonho” vai-se traduzir formalmente na busca da harmonia e equilíbrio entre os elementos. A pintura com base no desenho vai resultar em imagens quase ornamentais repletas de pormenores e detalhes fotográficos, onde o traçado fluido e gráfico busca realçar aspectos estéticos, independentemente da sua semelhança ou não com a realidade. Também na aplicação da cor se vão quebrar laços com as técnicas tradicionais surgindo agora cores luminosas, esmaltadas, que ajudam à sensibilidade estética de pinturas poéticas onde o romance e o erotismo, unidos a uma certa inocência, têm lugar de destaque.

O grupo pré-rafaelita vai ser composto maioritariamente por artistas saídos das academias reais que têm o objetivo comum de repor o conceito de arte pela arte, renegando a frivolidade da arte acadêmica. Considerando-se a si próprios como um movimento de reforma, embora sem ser considerado uma vanguarda na totalidade por fazer uso do historicismo e da representação da natureza pela observação, os pré-rafaelistas lançam um periódico denominado The Germ para promover as suas idéias.

Reunem-se no seu currículo algumas exposições geradoras de controvérsia pelo novo conceito de composição e tratamento de temas religiosos, assim como sucessos posteriores, quando seguidores do grupo, produzindo cada vez mais ao gosto vitoriano da época, acabam por vender obras a preços bem elevados.

Além de Ford Madox Brown, que preferiu trabalhar como independente, mas se manteve em contato com o grupo, outros artistas vão ser influenciados pelo estilo linear dos pré-rafaelitas, como é o caso de William Morris. Este movimento será de extrema importância para a arte dos finais do século XIX e despontar do século XX, nomeadamente para a Arte Nova e o Simbolismo.

A partir de 1851 John Ruskin vai ser um defensor inicial e patrono da Irmandade Pré-Rafaelita e os seus escritos vão surtir grande influência nas idéias medievalistas do grupo.

Artistas pré-rafaelitas

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Principais artistas Pré-Rafaelitas

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Artistas e figuras relacionadas

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O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Irmandade Pré-Rafaelita
  • CALADO, Margarida, PAIS DA SILVA,Elker, Jorge Henrique, Dicionário de Termos da Arte e Arquitectura, Editorial Presença, Lisboa, 2005, ISBN 20130007
  • HINDLEY, Geoffrey, O Grande Livro da Arte - Tesouros artísticos dos Mundo, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1982
  • JANSON, H. W., História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992, ISBN 972-31-0498-9
  • KRAUßE, Anna-Carola, Geschichte der Malerei – Von der Renaissance bis heute, Tandem Verlag, Germany, 2005, ISBN 3-8331-1404-5

Outro material informativo

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Ligações externas

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