Revolta de Haymarket – Wikipédia, a enciclopédia livre
Revolta de Haymarket | |||||||||||
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Ilustração da Revolta de Haymarket de 1886. | |||||||||||
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Participantes do conflito | |||||||||||
Federação dos Sindicatos Organizados do Trabalho e Comércio | Departamento Policial de Chicago |
A Revolta de Haymarket foi um conflito que eclodiu após a explosão de uma bomba em uma manifestação em prol da jornada de oito horas de trabalho, em 4 de maio de 1886, na Haymarket Square, em Chicago, nos Estados Unidos. Durante a manifestação, inicialmente pacífica, uma bomba estourou junto ao local onde policiais estavam posicionados, matando um e ferindo outros sete. A polícia imediatamente reagiu, abrindo fogo contra os manifestantes em uma ação que resultou em dezenas de feridos, quatro mortos e mais de cem manifestantes presos.
Nos processos que se seguiram, oito anarquistas foram acusados de conspiração, sob a acusação de que um deles teria fabricado a bomba lançada contra os policiais, embora não houvesse provas concretas contra os réus.[1][2][3] Sete deles foram condenados à morte, e o outro foi condenado a 15 anos de prisão. A pena de morte de dois réus foi comutada em pena de prisão perpétua pelo governador de Illinois Richard J. Oglesby, e um deles suicidou-se na prisão. Os outros quatro acusados foram enforcados em 11 de novembro de 1887. Em 1893, os réus sobreviventes foram perdoados pelo novo governador de Illinois, John Peter Altgeld, que também criticou duramente o julgamento dos réus.
Em homenagem às lutas dos trabalhadores de Chicago pela jornada de oito horas e em memória aos acontecimentos de Haymarket, a Segunda Internacional proclamou o 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores.[4][5] O local do incidente foi designado como um ponto histórico da cidade de Chicago em 1992.[6] Em 1997, o Monumento aos Mártires de Haymarket, que está no local de enterro dos réus próximo ao Forest Park, foi declarado um Marco Histórico Nacional.[7]
Contexto histórico
[editar | editar código-fonte]Após a Guerra de Secessão, mais especificamente após a Depressão de 1873, houve uma rápida expansão da produção industrial nos Estados Unidos. Chicago era um importante centro industrial e centenas de emigrantes germânicos foram empregados ganhando $ 1,50 dólares por dia. Os trabalhadores americanos tinham uma jornada de pouco mais de 60 horas semanais, trabalhando 6 dias por semana. A cidade tornou-se palco para várias tentativas de organização sindical, exigindo melhorias nas condições de trabalho. Empregadores reagiam com medidas anti-sindicais, demitindo e "marcando" participantes, bloqueando empregados (tática que consiste em trancar trabalhadores do lado de fora do local de trabalho, impedindo-os de trabalhar), recrutando fura-greves; contratando espiões, criminosos e segurança privada e incitando conflitos étnicos numa tentativa de desunir os trabalhadores. Os jornais locais apoiavam os interesses burgueses e se opunham à mídia sindical e imigrante. Durante o abrandamento econômico entre 1882 e 1886, organizações anarquistas e socialistas estiveram ativas. A organização sindical "Knights of Labor" ("Cavaleiros do Trabalho"), que rejeitava o socialismo e radicalismo, mas apoiava a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, teve um aumento de 70 mil associados, em 1884, para mais de 700 mil, em 1886. O movimento anarquista em Chicago, composto por milhares de trabalhadores (na sua maioria imigrantes), centrava-se sobre o jornal de língua alemã "Arbeiter-Zeitung" ("Times Workers"), editado por August Spies. Outros anarquistas construíam uma militância revolucionária armada. Sua estratégia revolucionária era guiada pela crença de que operações bem sucedidas contra a polícia e a tomada dos meios de produção em importantes centros industriais resultariam num apoio em massa dos trabalhadores, sendo o início de uma revolução e a consequente queda do capitalismo para a instauração de uma economia socialista.
Desfile e greves do Primeiro de Maio
[editar | editar código-fonte]Em outubro de 1884, uma convenção presidida pela Federação de Ofícios e Sindicatos Organizados decidiu por unanimidade que o dia 1 de maio de 1886 seria a data em que a jornada de 8 horas diárias se tornaria padrão. Com a proximidade da data escolhida, os sindicatos estadunidenses organizaram uma greve geral em apoio à causa.
No dia 1 de maio, milhares de trabalhadores entraram em greve e saíram às ruas por todo o país, com o lema "Oito horas por dia sem cortes no pagamento" ("Eight-hour day with no cut in pay"). As estimativas do número de grevistas variam de 300 mil a meio milhão. Estima-se que em Nova Iorque o número de manifestantes chegava a 10 mil e em Detroit, 11 mil. Em Milwaukee, Winsconsin, foram cerca de 10 mil. Em Chicago, o centro do movimento, a estimativa é de 30 a 40 mil grevistas, e havia talvez o dobro de pessoas nas ruas participando dos atos e protestos, em forma de apoio, como por exemplo uma passeata de 10 mil empregados dos estaleiros de Chicago. Embora os participantes desses eventos tenham somado até 80 milhares de pessoas, é discutido se houve uma marcha desse número na Avenida Michigan, liderada pelo anarquista Albert Parsons, fundador da Associação Internacional de Trabalhadores (International Working People's Association [IWPA]), sua esposa Lucy Parsons e seus filhos.
Referências
- ↑ Smith, Carl. «Act III: Toils of the Law». The Dramas of Haymarket. Chicago Historical Society and Northwestern University. Consultado em 14 de junho de 2012. Arquivado do original em 4 de junho de 2012
- ↑ Gilmer, Harry L. (28 de julho de 1886). «Testimony of Harry L. Gilmer, Illinois vs. August Spies et al». Haymarket Affair Digital Collection. Chicago Historical Society. Consultado em 19 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 15 de janeiro de 2008
- ↑ Thompson, Malvern M. (27 de julho de 1886). «Testimony of Malvern M. Thompson, Illinois vs. August Spies et al». Haymarket Affair Digital Collection. Chicago Historical Society. Consultado em 19 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 15 de janeiro de 2008
- ↑ Foner 1986, p. 27-39.
- ↑ Trachtenberg, Alexander. «The History of May Day». Marxists.org. Consultado em 19 de janeiro de 2008
- ↑ «Site of the Haymarket Tragedy». City of Chicago Department of Planning and Development, Landmarks Division. 2003. Consultado em 19 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 14 de julho de 2006
- ↑ «Lists of National Historic Landmarks». National Park Service. Consultado em 19 de janeiro de 2008. Cópia arquivada em 9 de julho de 2008
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- The Dramas of Haymarket, Chicago Historical Society
- The Haymarket Massacre Archive, Anarchy Archives
- «Por uma jornada de oito horas». , Memórias Trabalhistas