Samuel Vanúnio – Wikipédia, a enciclopédia livre
Samuel Vanúnio | |
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Morte | 595 |
Nacionalidade | Império Bizantino |
Etnia | Armênia |
Ocupação | Nobre |
Samuel foi um nobre bizantino de origem armênia do século VI do clã Vanúnio, ativo no reinado do imperador Maurício (r. 582–602), que se rebelou contra o Império Bizantino em 595/6. O intuito da rebelião infrutífera era assegurar a independência do planalto Armênio do controle imperial, mas a desunião dos conspiradores levou ao fracasso de seus planos. A rebelião foi combatida pelos generais de Maurício, que mataram em combate a maioria dos conspiradores, enquanto outros foram executados sob ordens imperiais.
Contexto
[editar | editar código-fonte]Em 591, o imperador Maurício (r. 582–602) aceitou ajudar Cosroes II (r. 590–628) a reaver seu trono que havia sido usurpado por Vararanes VI (r. 590–591). Com a subsequente vitória dos aliados na guerra civil que se seguiu, Cosroes foi reconduzido ao trono e concordou em finalizar a guerra em curso entre o Império Sassânida e o Império Bizantino iniciada em 572. Como consequência da paz, grande parte da Armênia sassânida e da Ibéria Ocidental foram cedidas aos bizantinos e Maurício suspendeu o tributo que anteriormente era pago aos sassânidas.[1]
Vida
[editar | editar código-fonte]Samuel era membro da família principesca dos Vanúnios, que há época detinha um domínio em Airarate.[2] Em 595/6, muitos nobres armênios estavam descontentes com o domínio bizantinos e pretendiam rebelar-se. Cosroes II enviou o hamaracar (oficial fiscal) da Vaspuracânia com grande quantidade de tesouros carregados em camelos com o intuito de comprar a lealdade dos nobres. Samuel e seus companheiros Atato Corcorúnio, Mamaque Mamicônio, Estêvão Siuni, Cotite Amatúnio e Teodoro Atrepatuni, seguidos por dois mil cavaleiros, encontraram o oficial na fronteira com o Azerbaijão, onde capturaram o tesouro, mas pouparam sua vida. Com os recursos que conquistaram, pretendiam contratar o apoio das tribos hunas ao norte do Cáucaso para assegurarem sua independência de bizantinos e sassânidas, mas ao alcançarem Naquichevão, desentenderam-se, dividiram o tesouro e acamparam no pântano de Chauque.[3] Quando Cosroes soube do ocorrido, ordenou que uma carta fosse enviada a Maurício solicitando um exército para confrontá-los. Maurício respondeu enviando o general Heráclio, o Velho, que estava estacionado na Armênia, para encontrar as tropas sassânidas em Naquichevão. Os líderes dos rebeldes, exceto Atato e Samuel, optaram por se submeter aos sassânidas, sob promessas de salvo-conduto garantidas pelo hamaracar da Vaspuracânia.[4]
Samuel e Atato fugiram com suas tropas e passarem pela vila de Saudeque, no canto sudeste do lago Sevã, antes de alcançarem a Albânia e entrarem em contato com os hunos. Pouco depois, acamparam na margem do rio Cura. Outros nobres os seguiram pouco depois e acamparam na margem oposta. Por não se sentirem convencidos de que podiam contar com o apoio huno, alguns revoltosos decidiram se submeter a Maurício, enquanto outros foram para junto do hamaracar sassânida. O oficial de Cosroes reuniu os nobres que foram junto dele e os convenceu a se manterem unidos, formando contingentes. O hamaracar partiu, mas deixou algumas tropas e informou que deviam aguardá-lo. Maurício, por sua vez, convocou Atato com suas tropas ao palácio imperial de Constantinopla e o realocou na Trácia. Samuel, seguido pelos nobres Vanúnios Sérgio, Varazes Narses, Narses, Bestã e Teodoro Atrepatuni, decidiu retomar os planos de rebelião. Os conspiradores pretendiam atacar o curador imperial de Teodosiópolis enquanto se banhava em fontes termais situadas nas imediações. O oficial soube do plano e conseguiu se abrigar na cidade antes dos armênios alcançarem o local. Muito butim foi adquirido e Samuel e seus companheiros fugiram para Corduena.[5]
Um exército bizantino liderado por Heráclio, o Velho e Amazaspes III perseguiu os rebeldes, que foram obrigados a cruzar o rio Centrites, na fronteira de Corduena com a Armênia, através da chamada ponte de Daniel. Samuel e os outros destruíram a ponte e se prepararam no desfiladeiro próximo para proteger a passagem. Os bizantinos foram obrigados a parar a marchar junto ao rio e pretendiam retornar, quando encontraram um sacerdote viajante e o ameaçaram de morte caso não lhes contasse como poderiam cruzar. Todo o exército cruzou o vau que lhes foi mostrado. Parte das forças bizantinas cobriu a retaguarda, parte protegeu a ponte e a entrada do vale circundante e o restante entrou no ponto onde os rebeldes se protegiam e os massacrou. Narses, Bestã e Samuel foram mortos em combate, enquanto os demais foram capturados.[6]
Referências
- ↑ Howard-Johnston 2000.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 215.
- ↑ Sebeos 1999, p. 32.
- ↑ Sebeos 1999, p. 33.
- ↑ Sebeos 1999, p. 34.
- ↑ Sebeos 1999, p. 35.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Howard-Johnston, James (2000). «Ḵosrow II». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Theodorus Rshtuni 167». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8
- Sebeos (1999). The Armenian History Attributed to Sebeos. Traduzido por Thomson, R. W. Liverpul: Imprensa da Universidade de Liverpul. ISBN 0853235643
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press