Soyuz 18a – Wikipédia, a enciclopédia livre

Soyuz 18a
Insígnia da missão
Soyuz 18a
Informações da missão
Sinal de chamada Урал (Ural)
Operadora Programa Espacial Soviético
Foguete Soyuz (No. Kh15000-23)[1]
Estação espacial Salyut 4[1]
Espaçonave Soyuz 7K-T
11F615A8 #39
Base de lançamento Baikonur 1/5
Lançamento 5 de abril de 1975
11:04:54 UTC[1]
Cosmódromo de Baikonur
Aterrissagem 5 de abril de 1975
11:26:21 UTC
Cazaquistão
Duração 21m 27s[1]
Altitude orbital 192 km (suborbital)[1]
Imagem da tripulação

Navegação
Soyuz 17
Soyuz 18

Soyuz 18a (também conhecido como Soyuz 7K-T No.39, Soyuz 18-1 ou mesmo Anomalia de 5 de abril[2]:192–3) foi um lançamento mal sucedido de uma nave Soyuz pela União Soviética em 1975. A missão deveria acoplar com a Salyut 4, mas devido a um defeito no foguete, a tripulação não entrou em órbita. A equipe consistia do comandante Vasili Lazarev e do engenheiro de voo civil Oleg Makarov. Apesar da missão ter sido abortada e não alcançado seu objetivo, a nave passou da linha de Kármán, assim realizando um voo suborbital na definição internacional, com a sobrevivência da tripulação. De início a tripulação temeu ter pousado na China, mas foram resgatados em segurança.[3][4]

O acidente foi parcialmente revelado pelos Soviéticos devido a preparação para a Apollo-Soyuz que viria a ocorrer três meses depois. Lazarev jamais retornou ao espaço e nunca se recuperou totalmente do acidente; Makarov realizou outros dois voos abordo da Soyuz com destino à Salyut 6.

[1][5]

Posição Cosmonauta
Comandante União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Vasili Lazarev
Engenheiro de voo União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Oleg Makarov
Suplentes
Posição Cosmonauta
Comandante União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Pyotr Klimuk
Engenheiro de voo União das Repúblicas Socialistas Soviéticas Vitali Sevastyanov

Esperava-se que a missão fosse a segunda missão tripulada à Salyut 4, com duração de 60 dias.[6] Ambos os tripulantes já haviam voado juntos, na Soyuz 12, em setembro de 1973, com o objetivo de testar uma nova variante da Soyuz[7] após a fatalidade da Soyuz 11.[8]

O lançamento ocorreu de acordo com o plano até T+288,6 segundos e numa altitude de 145 km,[6] quando os segundos e terceiros estágios do propulsor iniciaram sua separação. Apenas três das seis travas segurando os estágios se soltaram e o motor do terceiro estágio se ligou com o segundo estágio ainda acoplado. O impulso do terceiro estágio quebrou as travas restantes, libertando o segundo estágio e forçando o propulsor de tal forma inesperada que fez com que ele se desviasse de sua trajetória. Aos T+295 segundos o desvio foi detectado pelo sistema de navegação da Soyuz, o que ativou o aborto. Já que a torre de escape não estava mais acoplada, o aborto foi executado pelos motores da Soyuz. Eles separaram a nave do terceiro estágio e separaram os módulos de habitação e de serviço para a reentrada. Na hora, quando o sistema de segurança iniciou a separação, a nave já estava apontada para a Terra, o que aumentou a velocidade de descida. Em vez da aceleração esperada numa situação de emergência sendo de 15 g, os cosmonautas foram expostos a 21,3 g.[2] Apesar da pressão, os paraquedas foram abertos de forma bem sucedida e a cápsula pousou após 21 minutos.

De acordo com uma fonte, a cápsula pousou ao sudeste de Gorno-Altaisk, num ponto a 829 quilômetros ao norte da borda Chinesa.[6] A cápsula pousou numa descida coberta por neve e rolou na direção de uma queda de 152 metros, mas os paraquedas se enroscaram na vegetação.[2] Tendo pousado numa área cuja neve chegava no peito e uma temperatura ambiente de - 7ºC, os cosmonautas vestiram suas roupas de sobrevivência no frio. Por não saberem se pousaram ou não na China, numa época onde as relações Sino-Soviéticas eram extremamente hostis, eles destruíram os documentos relacionados com um experimento militar de observação que seria realizado durante o voo.[2][8] Eles teriam saído da cápsula pouco após o pouso e feito uma fogueira. Logo a tripulação tinha contato por rádio com a equipe de resgate, que confirmou que estavam na União Soviética, perto da cidade de Aleysk. A neve profunda, alta altitude e o terreno fez com que a equipe de resgate tivesse dificuldade em chegar nos cosmonautas. Eles só foram resgatados no dia seguinte.[2] A tripulação retornou para a Cidade das Estrelas; a cápsula foi resgatada pouco tempo depois.

Os relatos iniciais declaram que os tripulantes não tinham sofrido nenhum dano devido ao voo. Entretanto, depois foi relatado que Lazarev se machucou devido a alta aceleração na reentrada.[1][8] Makarov veio a participar da Soyuz 26, Soyuz 27 e Soyuz T-3.[9][8]

Na época de Leonid Brejnev, era raro que qualquer coisa fosse revelada sobre os fracassos na União Soviética, então a primeira publicação local sobre as realidades do voo ocorreram um mês depois (8 de maio de 1975).[10] Os estadunidenses foram informados em 7 de abril de 1975, após o resgate da tripulação. Entretanto, já que o aborto ocorreu nas preparações para a Apollo-Soyuz, os Estados Unidos requisitaram que um relatório mais detalhado fosse enviado, tento até ocorrido um inquérito congressional sobre esse e outros acidentes.[11] No relatório que os Soviéticos fizeram para os Estadunidenses, o aborto foi chamado de "Anomalia de 5 de abril" e já que foi a única forma que os soviéticos chamavam o acidente, acabou virando o nome "oficial" por anos. Também foi revelado que o propulsor usado no lançamento era de um modelo antigo, não o mesmo que seria usado na Soyuz 19.[12] Em alguns livros a missão é chamada de Soyuz 18a ou Soyuz 18-1, já que a missão seguinte, em maio de 1975, foi chamada de Soyuz 18, já que os Soviéticos só numeravam os lançamentos bem sucedidos.

O ponto exato do pouso da cápsula foi motivo de debate entre historiadores aeroespaciais por anos. Uma fonte russa[13] citada por James Oberg, declarou que o pouso ocorreu na Mongólia.[14]

Esse foi o único caso de um acidente com propulsor em alta altitude com a Soyuz até a Soyuz MS-10 em 11 de outubro de 2018.[1][8]

  1. a b c d e f g h «Soyuz 18a». Spacefacts. 29 de março de 2020. Consultado em 12 de julho de 2021 
  2. a b c d e Hall, Rex; David Shayler (2003). Soyuz, A Universal Spacecraft. [S.l.]: Springer Praxis. p. 193. ISBN 1-85233-657-9 
  3. Newkirk, Dennis (1990). Almanac of Soviet Manned Space Flight. Houston, Texas: Gulf Publishing Company. ISBN 0-87201-848-2 
  4. Clark, Phillip (1988). The Soviet Manned Space Program. New York: Orion Books, a division of Crown Publishers, Inc. ISBN 0-517-56954-X 
  5. Mark Wade. «Soyuz 18-1». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 20 de julho de 2019 
  6. a b c Shayler, David (2000). Disasters and Accidents in Manned Space Flight. [S.l.]: Springer Praxis. p. 159. ISBN 1-85233-225-5 
  7. «Spaceflight mission report: Soyuz 12». 28 de março de 2020. Consultado em 12 de julho de 2021 
  8. a b c d e «Soyuz 18A: The First Crewed Inflight Launch Abort». 5 de abril de 2019. Consultado em 12 de julho de 2021 
  9. «Cosmonaut Biography: Oleg Makarov». 9 de novembro de 2018. Consultado em 12 de julho de 2021 
  10. Сидорчик А. «Союз» без номера. В 1975 году советские космонавты выжили, упав из космоса. — «Аргументы и факты», 27 November 2014. (em russo)
  11. Predefinição:USCongRec "Summary of CIA Report on Soviet Readiness to Participate in ASTP"  Este artigo incorpora texto desta fonte, que está no domínio público.
  12. Soviet Space Programs, 1971-75, Volume 1. [S.l.]: Committee on Aeronautical and Space Sciences, United States Senate. 1976. p. 211  "April 5th Anomaly"  Este artigo incorpora texto desta fonte, que está no domínio público.
  13. Semyonov, Yuri; et al. (1996). Rocket - Space Corporation 'Energiya' (Fiftieth Anniversary). Moscow: [s.n.] 
  14. Oberg, James (19 de março de 1997). «Consultant Report: Soyuz Landing Safety». Consultado em 15 de dezembro de 2007 

Ligações externas

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Precedido por
X-15 F91
Voos suborbitais
Sucedido por
SSO15P