Sumbe – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sumbe
Localidade de Angola Angola
(Cidade e Município)


Praia de Sumbe

Brasão
Dados gerais
Fundada em 7 de janeiro de 1768 (256 anos)
Província Cuanza Sul
Características geográficas
Área 3 890 km²
População 313 894[1] hab. (2018)
Densidade 56 hab./km²

Sumbe está localizado em: Angola
Sumbe
Localização de Sumbe em Angola
11° 12' " S 13° 50' " E{{{latG}}}° {{{latM}}}' {{{latS}}}" {{{latP}}} {{{lonG}}}° {{{lonM}}}' {{{lonS}}}
Projecto Angola  • Portal de Angola

Sumbe é uma cidade e município litorânea de Angola, capital da província do Cuanza Sul.

Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 313 894 habitantes e área territorial de 3 890 km², sendo o município mais populoso da província.[1][2]

Até 1975 designou-se "Novo Redondo".[3]

O nome "Sumbe" deriva da palavra em língua quimbundo "cussumba", que em português significa "comprar". O ponto onde se encontra situada a cidade do Sumbe constituiu sempre um local de trocas comerciais entre os povos do interior e do litoral: o sal e o peixe, bem como os tecidos trazidos pelos europeus serviram durante muito tempo para alimentar esse circuito comercial, que também envolvia a venda de escravos negros.[4]

Também já se chamou Novo Redondo e Negunza Cabolo. Este último nome se deu após a independência de Angola em 1975, em homenagem ao líder resistente à ocupação colonial também chamado de "Príncipe do Sertão".[4]

Veículo das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, em uma estrada de acesso a Sumbe, em chamas após ataque da forças sul-africanas durante a Operação Savana, em 1975.

A existência de uma espécie de localidade-feira, onde exatamente hoje assenta-se Sumbe, em que se realizavam trocas comerciais entre os povos do interior e do litoral, no escambo do sal, peixe, tecidos e outros produtos levou as autoridades coloniais portuguesas a pensarem na fundação de uma cidade, motivada também pela "necessidade de defesa contra as incursões dos piratas ingleses e franceses e da ligação entre os reinos de Luanda e Benguela, bem como das minas de cobre".[4]

Por sua vez, os portugueses fundaram mais ao norte Benguela-a-Velha (Porto Amboim), e um pouco ao sul da localidade-feira do Sumbe o Fortim do Quicombo. Tal fortificação foi erguida pelas forças da esquadra de Francisco de Souto-Maior (1645-1646), em 1645 e reformada em 1648 pelas da esquadra de Salvador Correia de Sá e Benevides, que daí partiram para a reconquista de Luanda.

A fundação da cidade, porém, só iniciou-se em 7 de janeiro de 1768, quando o governador Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho ordenou a uma brigada de engenheiros para fazer a escolha do local onde se instalaria um presídio com o nome de Novo Redondo. Em 1785 ergue-se a primeira fortaleza de pedra, com a primeira igreja edificada somente em 1811. Porém, os primeiros serviços de saúde somente surgiriam em 1872, com a vinda do médico Francisco Joaquim Vieira.[4]

No século XX, foi a primeira localidade angolana a ter iluminação domiciliária, fornecida a partir da barragem hidroeléctrica do rio Cambongo, depois ampliada e melhorada com a actual estação de captação e tratamento há 50 anos; já com características de vila, foi pela primeira vez visitada por um presidente português em 1954, na altura o general Francisco Higino Craveiro Lopes. Em 1955, pelo decreto 40.225 de 20 de julho, é elevada a capital de distrito e, em 28 de maio do ano seguinte (1956), pelo diploma legislativo número 2757, ascende à categoria de cidade.[4]

Em 1975, às vésperas da proclamação de independência de Angola, a Força de Defesa da África do Sul lança um extenso ataque que ficou conhecido como Operação Savana, com Sumbe ficando sob ocupação estrangeira e da UNITA. No mesmo ano o MPLA com o apoio das Forças Armadas de Cuba lança o contra-ataque na Operação Carlota, expulsando as tropas estrangeiras e recuperando o controle da cidade.

O município do Sumbe é naturalmente delimitado a norte pelo curso inferior do rio Queve, a sul curso inferior do rio Balombo e a oeste Oceano Atlântico e, a leste tem o limite convencional com o município da Conda.

O município compõe-se da comuna sede, equivalente à cidade de Sumbe, e pelas comunas de Gangula, Gungo e Quicombo.[5] O Quicombo, por sua vez, tem sido absorvido pelo enorme crescimento da cidade de Sumbe, comportando-se como um distrito urbano.

Geomorfologia

[editar | editar código-fonte]

Do ponto de vista fisiográfico, o município do Sumbe é parte integrante da peneplanície litoral de Angola, que, com uma profundidade variável, se estende ao longo da costa atlântica. Precisamente a faixa norte corresponde, sensivelmente, à sua largura máxima, por coincidir também com o máximo desenvolvimento da bacia sedimentar do Queve.

Esta peneplanície, que constitui uma unidade geomorfológica bem definida envolve não só as formações sedimentares, de idades compreendidas entre o cretácico inferior e o plistocénico (aplanação litoral) mas também as rochas do maciço antigo (aplanação sub-litorânea).

Dentro da aplanação geral da superfície, poderão contudo observar-se diversas formas e tipos de relevo, de acordo com os diferentes materiais litológicos que aí ocorrem. Assim, é ondulado, com frequência miudamente ondulado, ao longo da faixa periférica interior (nordeste, leste e sudeste) em correspondência com as formações granito-gnássicas do complexo de base, e ainda com certos materiais margoso mais ou menos brandos do cretácico. O relevo torna-se bastante irregular, alternando as superfícies aplanadas de menor cota com outras expressivamente dobradas ou, ainda, com plataformas residuais, no que respeita às formações calcárias do cretácio superior e do eocénico. Esta morfologia está em nítido contraste com as planuras largamente onduladas do oligo-miocénico, quando em correspondência com afloramentos de argilas e margas gipsíferas.

O relevo junto a costa é profundamente ravinado, sobretudo quando atingem as formações de materiais brandos do oligo-miocénico de margas e argilas, contrastando com os estratos de rocha calcária que terminam aí em arribas pronunciadas, onde chegam a marcar desníveis próximos da centena de metros.

Na periferia interior da peneplanície erguem-se alterosos montes-ilha, formas de relevo residuais desgarradas da superfície de escarpa que lhes fica próxima, e que se formaram mercê do seu recuo gradual.

A peneplanície litorânea é bastante recortada por linhas de água secas, que apenas transportam caudais quando sobrevêm fortes e prolongadas chuvadas, principalmente no rigor da época chuvosa.

O rio Cambongo-Negunza, apenas deu origem a reduzidas ou mesmo insignificantes orlas de aluviões, em virtude de, quase até à foz, circular através de plataformas de calcários duros que retalharam profundamente.

Marginal litorânea do Sumbe, em 2009.

O município do Sumbe segundo a classificação climática de Köppen-Geiger engloba-se na faixa de clima semiárido quente o que caracteriza a aplanação litoral do centro de Angola. Em função da sua localização geográfica, as condições de aridez são muito acentuadas chegando mesmo a ser considerada uma região com características de clima árido se considerarmos outros parâmetros, devido à forte evapotranspiração potencial e real que se observa nesta região e à influência, de certa forma, da corrente fria de Benguela.

De acordo a sua eficiência térmica, os valores médios anuais da temperatura do ar variam entre os 22°C e 24°C, sendo por isso considerado o predomínio de um clima megatérmico. A estação das chuvas é de cerca de seis meses (novembro a abril), variando as precipitações entre os 300mm e 400mm, sendo março o mês mais pluvioso, e dezembro e janeiro os meses de menor precipitação, verificando-se normalmente neste último mês um período seco (pequeno cacimbo)[6]. A estação chuvosa coincide com o período mais quente do ano, com um máximo em Março ou Abril (temperatura média diária 26-27°C); os meses mais frios são Julho e Agosto (temperatura média diária 20-21°C).

As oscilações médias diárias da temperatura são sensivelmente uniformes ao longo do ano, sendo que a sua amplitude térmica diurna apresenta valores iguais ou inferiores a 10 o que lhe confere uma característica de clima oceânico. Nos valores médios da umidade relativa observa-se uma variação muito pronunciada sendo que o valor mais alto se encontra entre 75 e 85% chegando a observar-se valores mínimos entre 35 e 45%, sendo mínima a amplitude entre a média dos valores do período chuvoso e os do período seco.

De uma forma geral podemos dizer que na classificação racional de Thornthwaite o clima é semi-árido (D) a árido (E), megatérmico, e na classificação de Köppen é do tipo BSh (clima seco, de estepe, muito quente).

A economia da zona fundamenta-se essencialmente na actividade pesqueira, marítima e fluvial (basicamente no distrito do Quicombo), e na agropecuária em pequena escala, em especial no milho, batata e horticultura assim como a exploração do gado bovino e caprino. A pecuária para corte e leite tem sofrido considerável evolução, em resultado não só do alargamento das áreas de exploração, mas também em consequência do abandono dos métodos tradicionais de cultivo, encaminhando-se decididamente para uma cultura baseada na mecanização.

Além disso, o Sumbe é o centro comercial atacadista da província, além de ser o maior polo industrial do Cuanza Sul, fixando plantas agroindustriais, de bebidas, de calçados e vestimentas[7] e de cimento.[8]

A baía do Quicombo, bem como as praias que a margeiam, são fonte de renda turística.[9]

Infraestrutura

[editar | editar código-fonte]

As prinicipais vias rodoviárias de Sumbe são a EN-100, que a liga ao Porto Amboim, ao norte, e ao Lobito, ao sul. Outra rodovia importante é a EN-245, que conecta o Sumbe ao Ucu-Seles, no leste.

A cidade também é servida pelo Aeroporto de Sumbe, que fica localizado no Morro do Chingo.[10]

Na cidade do Sumbe há vários campi universitários públicos, tais como: Instituto Superior de Ciências de Educação do Sumbe, Instituto Superior Politécnico do Cuanza Sul[11] e Instituto Nacional de Petróleos.[12]

Nas infraestruturas de saúde e cuidados médico-hospitalares, Sumbe conta com o Hospital Geral Comandante Raúl Diaz-Argüelles (inaugurado em 2024).[13]

Cultura e lazer

[editar | editar código-fonte]
Catedral de Nossa Senhora da Conceição, em 2009.

Uma das principais manifestações culturais-religiosas são as Peregrinações da Imaculada Conceição de Sumbe, feitas anualmente à Catedral de Nossa Senhora da Conceição. É uma festividade capitaneada pela Diocese de Sumbe.

Entre seus locais de interesse está a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, um portentoso templo católico. Existem também as ruínas do Fortim do Quicombo e as praias litorâneas da cidade.[14]

Notas

  1. a b Schmitt, Aurelio. Município de Angola: Censo 2014 e Estimativa de 2018. Revista Conexão Emancipacionista. 3 de fevereiro de 2018.
  2. http://www.xist.org/default1.aspx
  3. http://israel-freitas.blogspot.com
  4. a b c d e Sumbe - Imenso potencial turístico. Austral, Revista de Bordo da TAAG/SAP Viajar. 3 de novembro de 2010.
  5. Comunas. Ministério da Administração do Território e Reforma do Estado. 2018.
  6. A. Castanheira Diniz
  7. Sumbe tem primeira fábrica de sapatos. VOA Português. 17 de fevereiro de 2015.
  8. Fábrica de cimento do Sumbe. GBM 2018.
  9. Baía do Quicombo. Gira aos Quarenta. 18 de agosto de 2014.
  10. Sumbe, Angola. Allmetsat.com. [s/d].
  11. Decreto presidencial nº 285, de 29 de outubro de 2020 - Estabelece a reorganização da Rede de Instituições Públicas de Ensino Superior. Diário da República - I Série - nº 173. 29 de outubro de 2020.
  12. O futuro está no Sumbe. Revista Sonangol. N.º 36. Dezembro de 2014. Damer Gráficas, S. A.
  13. Hospital Geral do Cuanza-Sul é inaugurado segunda-feira. Portal Angop. 21 de outubro de 2024.
  14. Cuanza Sul. Welcome to Angola. 2019.
Ícone de esboço Este artigo sobre geografia de Angola, integrado ao projecto Angola, é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.