Grupo Ultra – Wikipédia, a enciclopédia livre

Grupo Ultra (Ultrapar)
Grupo Ultra
Razão social Ultrapar Participações S/A
Empresa de capital aberto
Cotação B3UGPA3
NYSE: UGP
Atividade Conglomerado
Gênero Sociedade anônima
Fundação 30 de agosto de 1937
Fundador(es) Ernesto Igel
Sede São Paulo, São Paulo, Brasil
Área(s) servida(s) Brasil
Presidente Marcos Lutz[1]
Pessoas-chave Rodrigo Pizzinatto (CFO)[2]
Empregados 9.778 diretos
76.000 indiretos
Produtos Biometano
Combustíveis
Gás LP
Gás Natural Comprimido
Energia
Logística
Postos de abastecimento
Granéis Líquidos
Subsidiárias Ultragaz
Ultracargo
Hidrovias do Brasil
Ipiranga
Acionistas Ultra S.A. Participações
Parth do Brasil Participações Ltda
Canada Pension Plan Investment Board
BlackRock Inc
Valor de mercado Baixa R$ 14 bilhões (2022)[3]
Lucro Aumento R$ 1.8 bilhão (2022)[3]
Faturamento Aumento R$ 147 bilhões (2022)[3]
Website oficial www.ultra.com.br

Grupo Ultra é uma companhia brasileira com atuação em energia, infraestrutura logística e mobilidade, por meio da Ultragaz, Ultracargo, Hidrovias do Brasil, Ipiranga, AmPm, KMV e ICONIC. Todas são subsidiárias integralmente controladas da holding Ultrapar.[4] A companhia tem suas ações negociadas sob o nome Ultrapar nas bolsas de valores de São Paulo (B3) e de Nova York (NYSE).

O Grupo Ultra é um dos 10 maiores grupos empresariais do Brasil, com receita líquida de R$ 147 bilhões em 2022, segundo demonstrações financeiras do Grupo. No mundo, a companhia está entre as 500 maiores, segundo ranking elaborado pela revista Fortune em 2019[5] e no Brasil, está em as 10 maiores empresas do país segundo o ranking Valor 1000[6].

A Ultrapar Participações S.A. (Ultra) originou-se da Empresa Brasileira de Gás a Domicílio, primeira empresa brasileira a engarrafar e distribuir gás de cozinha, fundada por Ernesto Igel em 1937.[4][7] A empresa começou a operar com uma frota de três caminhões e 166 clientes, mas logo se expandiu e deu origem à Ultragaz.

Constituída em dezembro de 1953, estendeu suas operações por meio do crescimento da Ultragaz e da criação de novas empresas. Outros dois negócios resultantes desse processo de expansão da área de atuação do Ultra fazem parte da história da companhia: a Oxiteno, empresa pioneira na produção de óxido de eteno e derivados no Brasil, criada em 1970; e a Ultracargo, nascida da união das atividades de duas empresas – a Transultra, de transporte rodoviário e armazenagem de produtos químicos e petroquímicos, criada em 1966, e o terminal químico Tequimar, no porto de Aratu (BA), que incorporou a área de armazenagem aos serviços de logística em 1978.

O Ultra atuou no passado também nos segmentos de produção de fertilizantes, por meio da Ultrafértil; varejo de eletrodomésticos, por meio da Ultralar;[8] na engenharia industrial, por meio da Ultratec; e na produção e distribuição de alimentos congelados, por meio da Ultragel. Contudo, deixou esses setores ainda na década de 1970 para se concentrar em atividades em que a companhia enxergava demanda crescente e oportunidade de liderança.

Em outubro de 1999, o Ultra abriu seu capital e passou a ter suas ações negociadas simultaneamente nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York.[9] Foi, na ocasião, a primeira empresa brasileira a abrir seu capital diretamente em Nova York. Essa iniciativa proporcionou uma maior capacidade de investimento para a companhia, que passou a dispor da alternativa de utilizar suas ações como moeda para aquisição de outras empresas. Capitalizado, o Ultra iniciou um processo de expansão de suas atividades na década seguinte.

Quatro anos depois, em agosto de 2003, adquiriu a Shell Gas, empresa de distribuição de GLP (gás de botijão) da Shell no Brasil, o que tornou a Ultragaz líder no mercado nacional de GLP.[10] Em outubro do mesmo ano, a companhia iniciou suas operações no mercado internacional através da aquisição da Canamex,[11] divisão química do grupo mexicano Berci, por meio da Oxiteno.[12]

Em 2005, iniciaram-se as operações da Ultracargo no terminal intermodal do Porto de Santos,[13] aumentando a representatividade da Ultracargo na logística brasileira.

Dois anos depois, em 2007, o Ultra adquiriu a rede de distribuição de combustíveis da Ipiranga nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, bem como a marca Ipiranga. Tornou-se então a segunda maior companhia de distribuição de combustíveis líquidos do Brasil, detendo participação de 15% do mercado.[14]

O Ultra adquiriu a União Terminais, até então pertencente a União das Indústrias Petroquímicas (Unipar), em 2007, e tornou a Ultracargo a maior operadora de armazenagem de granéis líquidos do Brasil, detentora de 30% da capacidade brasileira.[15]

No ano seguinte, concluiu a compra da operação de distribuição de combustíveis da Texaco Brasil,[16] ampliando a participação de mercado da Ipiranga em seu setor para 23% do mercado nacional de combustíveis.

O Ultra aderiu ao Novo Mercado da BM&FBovespa (atual B3) em agosto de 2010, passando a ter suas ações listadas no segmento da bolsa dedicado às companhias com padrões de governança mais altos.[17][18]

Em outubro de 2013, o Ultra se associou à Extrafarma, à época a oitava maior rede de farmácias do país, de origem paraense e com presença em outros estados do Norte e do Nordeste. Com a associação o Ultra incorporou 186 lojas no Pará, Amapá, Maranhão, Ceará e Piauí. O pagamento foi realizado em ações aos donos da Extrafarma, a família Lazera, que passou a deter 2,9% do Ultra.[19]

Em março de 2020, o Grupo Ultra lançou sua nova marca durante evento com acionistas, investidores e analistas financeiros. Segundo a empresa, o lançamento da nova marca é reflexo do posicionamento de uma empresa que olha para o futuro, tendo como base um legado de 86 anos de história, presente no mercado brasileiro e em mais de oito países.[20]

O Grupo Ultra também faz parte do Índice de Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3), que foi criado em 2010 com o propósito de induzir discussões sobre a mudança do clima no Brasil, por meio da adesão de companhias que estejam comprometidas com a transparência das suas emissões.[21] A companhia ainda foi destaque no Carbon Disclosure Project (CDP), obtendo nota B na dimensão Mudanças Climáticas, superando a média regional da América do Sul e do setor de óleo e gás, classificados com D.[22]

Ainda em 2020, ocorreu o lançamento da nova versão do abastece aí, o aplicativo que desde 2016 oferece descontos na compra de combustíveis e outros produtos e serviços nos postos Ipiranga, unidades Jet Oil e lojas AmPm, passando a ter novas funcionalidades e a atuar como uma plataforma completa de serviços, incluindo contas de pagamentos digitais para cada cliente, além de descontos e cashback em uma rede crescente de parceiros varejistas. Com esse movimento, o abastece aí e o Programa Km de Vantagens passaram a formar uma nova empresa independente e não como parte de Ipiranga.[23]

2021 a atualmente

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Em maio de 2021, o Grupo Pague Menos fez uma oferta pela Extrafarma por R$ 700 milhões. E em agosto de 2021, o grupo vendeu a Oxiteno que atuava na produção de especialidades químicas para o grupo tailandês Indorama Ventures.[24]

Em abril e agosto de 2022, foram concluídas as vendas da Oxiteno e da Extrafarma, respectivamente, fortalecendo a posição do Grupo e sua capacidade de investimento nos setores de energia e infraestrutura, além de reforçar sua solidez financeira.[25]

Também em 2022, a Ultragaz concluiu as aquisições da Stella Energia e da NEOgás, que marcam a sua entrada nos segmentos de energia elétrica renovável e de distribuição de gás natural comprimido, respectivamente.[26]

Já em abril de 2023, a Ultracargo adquiriu 50% de participação na Opla Logística Avançada, detida pela Copersucar.[27] A Opla é o maior terminal independente de etanol no Brasil e marca a entrada da Ultracargo no segmento de armazenagem e logística de granéis líquidos de interior, integrado a terminais portuários, em consistência com seu plano de crescimento. O processo de aquisição foi concluído em julho do mesmo ano.[28]

Em agosto de 2023, o CADE aprovou o consórcio entre Ultragaz e Supergasbras (SHV)[29] para compartilhamento operacional de parte de suas estruturas de produção de GLP, o gás de cozinha, proporcionando a clientes e revendedores maior segurança de abastecimento e níveis de serviço nas regiões atendidas, sem qualquer mudança na operação comercial das companhias.

Posição no mercado

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Segundo o Sindigás, sindicato que reúne distribuidoras do produto, a Ultragaz é líder de mercado na distribuição de gás LP com 23,25% do mercado nacional em 2019.[30]

A Ipiranga é a segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil, com mais de 6.500 postos em todo o território nacional.[31]

A Ultracargo é líder no setor de terminais independentes de armazenagem de graneis líquidos no Brasil, presente nos principais portos do país com terminais modernos para armazenagem e movimentação de diferentes produtos. Os seis terminais contam com capacidade de armazenagem estática de 955 mil m³.[32]

Financiamento da tortura

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O Grupo Ultra foi um dos principais financiadores do projeto do general José Canavarro Pereira que criou, em 1969, a Operação Bandeirante (Oban) para coordenar, sob comando do Centro de Informações do Exército (CIE), as forças de repressão política durante a Ditadura Militar e que se tornou o braço da tortura no Estado de São Paulo.[33][34][35] A Oban foi o modelo para a criação dos DOI-Codi.[33]

Pery Igel, filho do fundador e então dono do grupo, foi um dos mais destacados financiadores da Oban, [36] sendo um dos homenageados por sua colaboração pelo chefe do Estado-Maior do II Exército, general Ernani Ayrosa, em 9 de dezembro de 1970.[37]

Outro homenageado na ocasião foi o presidente do Grupo Ultra, Henning Boilesen.[37] Apesar de não ser quem dava os maiores aportes financeiros para a Oban, Boilesen tinha um importante papel de articulador entre os empresários, abordando-os para que se juntassem a esse financiamento.[38] O presidente do Grupo Ultra participava pessoalmente das sessões de tortura, chegando a importar dos Estados Unidos um instrumento de tortura, que ficou conhecido como “pianola Boilesen”.[38][39][40] O executivo foi um ativo militante do IPES, tendo participação ativa no Golpe de Estado que derrubou João Goulart em 1964.[41] Também cumpria missões extra-oficiais para a ditadura militar brasileira, como a ida a Oslo para pressionar o comitê do Instituto Nobel a votar contra Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife para o Prêmio Nobel da Paz.[41]

Referências

  1. «Marcos Lutz se torna CEO do Grupo Ultra». Money Report. Consultado em 4 de janeiro de 2022 
  2. «Conselho da Ultrapar escolhe novo Diretor Financeiro e de RI». Investing.com. Consultado em 26 de outubro de 2021 
  3. a b c «Relatório Integrado 2022» (PDF). Grupo Ultra. 17 de março de 2023. p. 3, 4, 12, 13. Consultado em 15 de maio de 2023 
  4. a b «Ultra». www.ultra.com.br. Ultra. Consultado em 20 de fevereiro de 2020 
  5. «Global 500». Fortune (em inglês). Consultado em 20 de fevereiro de 2020 
  6. «As 1000 maiores | Valor Econômico». Valor Econômico. Consultado em 1 de outubro de 2024 
  7. «Ultra - História». www.ultra.com.br. Consultado em 20 de fevereiro de 2020 
  8. Pedro Paulo Galindo Morales (1 de julho de 2012). «Ultra: Uma das pioneiras no setor de grandes magazines». História de Empresas. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  9. «Grupo Ultra anuncia abertura de capital». UOL. 16 de setembro de 1999. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  10. «Ultragaz compra Shell Gás por R$ 170 milhões». Estadão. 18 de janeiro de 2003. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  11. «Ultrapar anuncia assinatura do contrato definitivo de compra da CANAMEX». 15 de outubro de 2003. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  12. «Informações sobre empresas classificadas por ramo de atividade». EconoInfo. Consultado em 2 de Junho de 2015 [ligação inativa]
  13. «Ultracargo inaugura Terminal Intermodal de Santos». Newslog. 26 de julho de 2005. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  14. Juliana Rangel (19 de março de 2007). «Compra do grupo Ipiranga, de US$4 bilhões, é maior aquisição já realizada no país». O Globo. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  15. «Ultra compra União terminais». PortoGente. 8 de julho de 2008. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  16. «Ultrapar paga R$ 1,1 bi pelos negócios de distribuição da Texaco no BR». 14 de agosto de 2008. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  17. «Grupo Ultra se ajustará ao Novo Mercado». Estadão. 6 de abril de 2011. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  18. «Conselho da Ultrapar aprova adesão ao novo mercado da BM&FBovespa». Estadão. 5 de abril de 2011. Consultado em 2 de Junho de 2015 
  19. «Ultra compra Extrafarma por R$ 1 bi». Valor Econômico. Consultado em 20 de fevereiro de 2020 
  20. «Ultra - Somos o Grupo Ultra». www.ultra.com.br. Consultado em 24 de junho de 2020 
  21. «Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3)». B3. Consultado em 26 de outubro de 2021 
  22. «Grupo Ultra apresenta seu Relatório Integrado 2020». Acionistas.com.br. 17 de maio de 2021. Consultado em 26 de outubro de 2021 
  23. «Novo abastece aí». ABC da Comunicação. 27 de agosto de 2020. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  24. «Ultrapar vende Oxiteno para tailandesa Indorama por US$ 1,3 bilhão». G1. 16 de agosto de 2021. Consultado em 5 de abril de 2022 
  25. «Relatório Integrado 2022» (PDF). Grupo Ultra. Relatório Integrado 2022 Grupo Ultra: 19. 17 de março de 2023. Consultado em 15 de maio de 2023 
  26. «História Grupo Ultra». Consultado em 15 de maio de 2023 
  27. «Copersucar vende sua participação na Opla à Ultrapar por R$ 237,5 milhões». 20 de abril de 2023. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  28. «Ultracargo conclui aquisição da Opla». 3 de julho de 2023. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  29. «Cade aprova consórcio entre Ultragaz e SGB, condicionado a acordo com 'remédios'». Exame. 16 de agosto de 2023. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  30. «Sindigás » Market Share». Consultado em 20 de fevereiro de 2020 
  31. «Dona de 6,5 mil postos, Ipiranga, do grupo Ultra, tem plano para ir além dos combustíveis». Exame. Exame. 9 de março de 2023. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  32. «Ultracargo» (PDF). Grupo Ultra. Relatório Integrado 2022: 64. 17 de março de 2023. Consultado em 9 de outubro de 2023 
  33. a b «Memorial da Democracia - Nasce a Oban, braço da tortura em SP». Memorial da Democracia. Consultado em 10 de outubro de 2024 
  34. Miguel, Marco (26 de junho de 2023). «Pesquisa revela a relação entre empresas e militares durante ditadura». Metrópoles. Consultado em 10 de outubro de 2024 
  35. Dias, José Carlos; Cavalcanti Filho, José Paulo; Kehl, Maria Rita; Pinheiro, Paulo Sérgio; Dallari, Pedro Bohomoletz de Abreu; Cunha, Rosa Maria Cardoso da (dezembro de 2014). Relatório da Comissão Nacional da Verdade (PDF) (Relatório). I. Brasília: Comissão Nacional da Verdade. ISBN 978-85-85142-63-6 
  36. Jensen, Thomaz Ferreira (18 de abril de 2014). «Ditadura & Grandes Empresários: outro caso emblemático». Outras Palavras. Consultado em 10 de outubro de 2024 
  37. a b «O elo da Fiesp com o porão da ditadura». Extra Online. 9 de março de 2013. Consultado em 10 de outubro de 2024 
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  40. «Caixa dois dos empresários financiou o golpe de 64 e a repressão». FUP. 28 de março de 2019. Consultado em 10 de outubro de 2024 
  41. a b Melo, Jorge José de (2012). Boilesen, um empresário da ditadura (PDF). A questão do apoio do empresariado paulista à Oban/Operação Bandeirantes, 1969-1971 (Dissertação de Mestrado). Niterói: Universidade Federal Fluminense. 138 páginas. Consultado em 10 de outubro de 2024 

Ligações externas

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