Vaginose bacteriana – Wikipédia, a enciclopédia livre

Vaginose bacteriana
Vaginose bacteriana
Micrografia das células do colo do útero revestidas por bactérias Gardnerella vaginalis (setas).
Sinónimos Vaginite anaeróbica, vaginite inespecífica, bacteriose vaginal, vaginite por Gardnerella[1]
Especialidade Ginecologia, infectologia
Sintomas Corrimento vaginal fétido, ardor ao urinar[2]
Complicações Parto prematuro entre as grávidas[3]
Causas Desequilíbrio nas bactérias naturalmente presentes na vagina[4][5]
Fatores de risco Duches vaginais, novos ou múltiplos parceiros sexuais, antibióticos, uso de dispositivo intrauterino[5]
Método de diagnóstico Análises ao corrimento vaginal[6]
Condições semelhantes Vaginite por candidíase, tricomoníase[7]
Prevenção Probióticos[6]
Medicação Clindamicina ou metronidazol[6]
Frequência ~ 5% a 70% das mulheres[8]
Classificação e recursos externos
eMedicine 254342
MeSH D016585
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Vaginose bacteriana é uma infeção da vagina causada pela proliferação excessiva de bactérias.[6][9] Os sintomas mais comuns são aumento do corrimento vaginal, na maior parte dos casos com odor semelhante a peixe.[2] O corrimento é geralmente de cor branca ou cinzenta.[2] Pode também ocorrer ardor ao urinar.[2] O prurido é pouco frequente.[2][6] Em alguns casos não se manifestam sintomas.[2] A vaginose bacteriana duplica o risco de contrair infeções sexualmente transmissíveis, incluindo VIH/SIDA.[8][10] Aumenta também o risco de parto prematuro entre as mulheres grávidas.[3][11]

A vaginose bacteriana é causada por um desequilíbrio nas bactérias naturalmente presentes na vagina,[4][5] quer pela alteração do tipo de bactéria mais comum, quer pelo aumento de centenas ou milhares de vezes do número total de bactérias presentes.[6] Geralmente, passam a ser mais comuns outras bactérias que não a Lactobacilli.[12] Entre os fatores de risco estão a utilização de duches vaginais, novos ou múltiplos parceiros sexuais, o uso de antibióticos e o uso de dispositivo intrauterino.[5] No entanto, a doença não é considerada uma infeção sexualmente transmissível.[13] O diagnóstico é suspeito com base nos sintomas e pode ser confirmado com análises ao corrimento vaginal, que podem evidenciar um pH superior ao normal e elevada quantidade de bactérias.[6] A vaginose bacteriana é muitas vezes confundida com vaginite por candidíase ou tricomoníase.[7]

O tratamento consiste geralmente na administração de antibióticos como a clindamicina ou metronidazol,[6] os quais podem também ser administrados no segundo e terceiro trimestres de gravidez.[6] No entanto, é frequente que a doença recorra mesmo após o tratamento.[6] As novas ocorrências podem ser prevenidas com probióticos.[6] Não é ainda claro se o uso de probióticos ou antibióticos afeta o prognóstico da gravidez.[6][14]

A vaginose bacteriana é a infeção vaginal mais comum entre mulheres em idade fértil.[5] A percentagem de mulheres afetadas em dado momento no tempo varia entre 5% e 70%.[8] A doença é mais comum em algumas regiões de África e menos comum na Ásia e na Europa.[8] Nos Estados Unidos afeta cerca de 30% das mulheres entre os 14 e 49 anos de idade.[15] Dentro do mesmo país, a prevalência varia significativamente conforme o grupo étnico.[8] Embora os sintomas de vaginose bacteriana tenham sido frequentemente descritos ao longo da História, o primeiro caso claramente documentado só aconteceu em 1894.[1]

Referências

  1. a b Borchardt, Kenneth A. (1997). Sexually transmitted diseases : epidemiology, pathology, diagnosis, and treatment. Boca Raton [u.a.]: CRC Press. 4 páginas. ISBN 9780849394768. Cópia arquivada em 10 de setembro de 2017 
  2. a b c d e f «What are the symptoms of bacterial vaginosis?». 21 de maio de 2013. Consultado em 3 de março de 2015. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015 
  3. a b Queena, John T. .; Spong, Catherine Y; Lockwood, Charles J., editors (2012). Queenan's management of high-risk pregnancy : an evidence-based approach 6th ed. Chichester, West Sussex: Wiley-Blackwell. p. 262. ISBN 9780470655764 
  4. a b Bennett, John (2015). Mandell, Douglas, and Bennett's principles and practice of infectious diseases. Philadelphia, PA: Elsevier/Saunders. ISBN 9781455748013 
  5. a b c d e «Bacterial Vaginosis (BV): Condition Information». National Institute of Child Health and Human Development. 21 de maio de 2013. Consultado em 3 de março de 2015. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015 
  6. a b c d e f g h i j k l Donders, GG; Zodzika, J; Rezeberga, D (abril de 2014). «Treatment of bacterial vaginosis: what we have and what we miss». Expert Opinion on Pharmacotherapy. 15 (5): 645–57. PMID 24579850. doi:10.1517/14656566.2014.881800 
  7. a b Mashburn, J (2006). «Etiology, diagnosis, and management of vaginitis». Journal of Midwifery & Women's Health. 51 (6): 423–30. PMID 17081932. doi:10.1016/j.jmwh.2006.07.005 
  8. a b c d e Kenyon, C; Colebunders, R; Crucitti, T (dezembro de 2013). «The global epidemiology of bacterial vaginosis: a systematic review.». American Journal of Obstetrics and Gynecology. 209 (6): 505–23. PMID 23659989. doi:10.1016/j.ajog.2013.05.006 
  9. Clark, Natalie; Tal, Reshef; Sharma, Harsha; Segars, James (2014). «Microbiota and Pelvic Inflammatory Disease». Seminars in Reproductive Medicine. 32 (1): 043–049. ISSN 1526-8004. PMC 4148456Acessível livremente. PMID 24390920. doi:10.1055/s-0033-1361822 
  10. Bradshaw, CS; Brotman, RM (julho de 2015). «Making inroads into improving treatment of bacterial vaginosis - striving for long-term cure». BMC Infectious Diseases. 15. 292 páginas. PMC 4518586Acessível livremente. PMID 26219949. doi:10.1186/s12879-015-1027-4 
  11. «What are the treatments for bacterial vaginosis (BV)?». National Institute of Child Health and Human Development. 15 de julho de 2013. Consultado em 4 de março de 2015. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015 
  12. Nardis, C.; Mastromarino, P.; Mosca, L. (setembro–outubro de 2013). «Vaginal microbiota and viral sexually transmitted diseases». Annali di Igiene. 25 (5): 443–56. PMID 24048183. doi:10.7416/ai.2013.1946 
  13. «Bacterial Vaginosis – CDC Fact Sheet». Centers for Disease Control and Prevention. 11 de março de 2014. Consultado em 2 de março de 2015. Cópia arquivada em 28 de fevereiro de 2015 
  14. Othman, M; Neilson, JP; Alfirevic, Z (24 de janeiro de 2007). «Probiotics for preventing preterm labour.». The Cochrane Database of Systematic Reviews (1): CD005941. PMID 17253567. doi:10.1002/14651858.CD005941.pub2 
  15. «Bacterial Vaginosis (BV) Statistics Prevalence». cdc.gov. 14 de setembro de 2010. Consultado em 3 de março de 2015. Cópia arquivada em 22 de fevereiro de 2015 

Ligações externas

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