Arquivo Histórico Municipal (São Paulo) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Arquivo Histórico Municipal
Arquivo Histórico Municipal (São Paulo)
Tipo arquivo
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 23° 31' 47.87" S 46° 38' 1.566" O
Mapa
Localização São Paulo - Brasil
Homenageado Washington Luís

O Arquivo Histórico Municipal de São Paulo é responsável pela guarda, preservação, divulgação e estudo dos documentos considerados de valor histórico produzidos ou adquiridos pela administração pública da cidade de São Paulo.[1][2] A data mais aceita para a sua fundação é 17 de outubro de 1907.[3] Durante 41 anos, de 1969 a 2010, era oficialmente denominado Arquivo Histórico Municipal Washington Luís.[3] Esteve subordinado ao Departamento do Patrimônio Histórico até 2012, quando se torna um departamento subordinado diretamente ao Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura e atende a administração da capital paulista, pesquisadores e interessados em geral[4].

A instituição conserva um acervo de aproximadamente 4,5 milhões de documentos textuais (ou mil metros lineares),[5] abrangendo o período que vai do século XVI às primeiras décadas após a Proclamação da República, além de imagens e registros sonoros. Também existem exposições permanentes e temporárias no local.[2]

O AHM detém a custódia das Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo, dos períodos entre 1555 e 1558, considerados os documentos mais antigos da América Latina.[6]

Desde o ano 2000 tem como sede o Edifício Ramos de Azevedo, antigo prédio da Escola Politécnica de São Paulo, no bairro do Bom Retiro. Anteriormente, o Arquivo Histórico já havia ocupado outros quatro imóveis.[1]

A data de início do acervo é incerta. Pelo menos desde 1899 há registros de um “arquivo” da Prefeitura de São Paulo, ligado à Secretaria Geral, que prioritariamente armazenava documentos correntes relacionados a burocracia da cidade.[3]

Na lei número 1.051 de 1907 é criada uma Seção para ser a responsável pelos serviços de instrução pública, estatística e arquivo municipal. Desde então, os documentos em posse da Prefeitura passaram a ser sistematizados, organizados, e, posteriormente divulgados.[3]

A regulamentação do arquivo só veio a ocorrer quatro anos mais tarde por meio do Ato nº 400. Como a criação do Departamento de Cultura do Município. Em 1935, foi constituída a Divisão de Documentação Histórica e Social, que desempenhava as funções que hoje são do Arquivo Histórico Municipal. No ato nº 861/1935 consta o que deveria ser feito pela subdivisão de Documentação Histórica: “recolher, restaurar e conservar documentos históricos ou antigos, pondo-os em condições de serem consultados e publicados”.[1]

De acordo com o artigo 32 do Decreto-Lei n.° 430 do dia 8 de junho de 1947: "A Divisão do Arquivo Histórico é o órgão incumbido de recolher, restaurar e conservar os papéis e documentos históricos e antigos, pondo-os em condições de serem consultados e publicados; de coligir leis, atos e outras matérias que possam interessar à administração; de propor denominação para os logradouros públicos; de promover concursos históricos; de editar a Revista do Arquivo [...]".[7]

Até 2010 o Arquivo Histórico Municipal levava o nome do prefeito, presidente de Província e presidente da República Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957). Foi na sua gestão a frente da prefeitura de São Paulo, de 1914 a 1919, que começaram a publicação das Atas da Câmara Municipal de São Paulo. Ao todo, foram editados 82 volumes dessas atas, abrangendo o período de 1562 a 1903, com exceção de alguns anos dos quais não foram encontrados os originais. Até o sétimo volume o título foi "Actas da Camara de Vila de São Paulo". Do oitavo em diante, o título foi o "Atas da Câmara da Cidade de São Paulo".Além das Atas também foram também editados pelo Arquivo Histórico 20 volumes de Cartas de Datas de Terra e 38 volumes do Registro Geral da Câmara.[8]

Edifício Ramos de Azevedo

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Visão panorâmica do Edifício Ramos de Azevedo, novembro de 2018

O prédio foi inaugurado em 17 de abril de 1920 e a construção esteve sob responsabilidade do escritório do famoso arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), que dá nome ao edifício.[9] Inicialmente foi construído para ser uma extensão da Escola Politécnica, hoje um braço da Universidade de São Paulo, destinada aos cursos de Eletrotécnica e Mecânica.[3]

Outras obras do Ramos de Azevedo na capital paulista: Theatro Municipal, Casa das Rosas, Museu Catavento, Pinacoteca de São Paulo, Mercado Municipal e Palácio da Justiça[10].

No ano de 1987 o prédio passa a ser propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo e, em 2000, após ser submetido à adequações, foi aberto ao público já abrigando o Arquivo Histórico Municipal.[1][11] Além do AHM, também funcionam no prédio o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo e a Diretoria do Departamento de Preservação Histórica.[9]

Arquitetonicamente, o edifício conta com dois vitrais feitos pela Casa Conrado, a mesma empresa que executou os vitrais do Mercado Municipal. Os lances de escadas que dão acesso ao segundo piso, foram confeccionados pelo Liceu de Artes e Ofícios da cidade.[12]

Entrada do Edifício que abriga o Arquivo Histórico de São Paulo

O AHM é composto pelo Edifício Ramos de Azevedo e mais dois prédios anexos. Um, conhecido como “Torre da Memória” (antiga Casa do Politécnico) abriga a Biblioteca e uma espécie de reserva técnica; o outro é onde estão os arquivos que disponíveis para consulta.[13]

A biblioteca tem um acervo com aproximadamente 7.000 exemplares de livros, a hemeroteca conta com 2.700 exemplares de periódicos além de um arquivo de recortes de jornais e revistas com cerca de 900 pastas, sobre a história dos bairros, dos edifícios e da cidade. Quase a totalidade dos exemplares estão voltados à  História de São Paulo e para a questão da administração da cidade. Também há na biblioteca uma coleção de obras raras. As informações sobre o acervo bibliográfico da instituição integra o Sistema Municipal de Bibliotecas, que pode ser consultado na internet.[1]

O Arquivo Municipal de São Paulo tem um cadastro com cerca de 65 mil históricos das ruas da cidade.[6]

Anfiteatro restaurado da antiga Escola Politécnica

O Arquivo Municipal é organizado em subdivisões, que anteriormente chama-se de secções. A Subdivisão de Documentação Histórica compreende os documentos que tem atendem a requisitos específicos de relevância e tempo de publicação. Já a Subdivisão de Documentação Social e Estatísticas Municipais lida mais diretamente com um arquivos relacionados à administração pública.[14] Antes de serem disponibilizados para consulta, os documentos são higienizados e catalogados.[6]

Para o Ato de 1936 (art. 217, parágrafo único), “papel e documento histórico ou antigo é todo aquele existente no Arquivo Municipal há mais de 30 anos”.[3]

Entre as subdivisões também existe um arquivo especializado no nomes das ruas e praças da cidade.[6]

No subsolo do Edifício existem salas para a restauração e preservação de documentos

Antes de ocupar o Edifício Ramos de Azevedo, o Arquivo Histórico Municipal já esteve sediado em vários imóveis na cidade. Nos anos 1950 era localizado juntamente com vários órgãos do Departamento de Cultura, na Rua da Cantareira, no centro.[1]

A instituição ainda esteve abrigada na Rua Brigadeiro Tobias e na Rua da Consolação, na antiga sede da Chácara Lane. Em seguida, após um processo de restauração, foi transferida para a Casa nº 1, próximo ao Pátio do Colégio (marco zero da capital paulista).[3]

Desde 2000 está no Edifício Ramos de Azevedo, na Praça Coronel Fernando Prestes no bairro do Bom Retiro. Além do AHM, estão localizados nesta praça o Edifício Paula Souza, hoje pertencente à FATEC, o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, e a Escola Estadual Prudente de Moraes.[15]

A revista do Arquivo Municipal foi criada em junho de 1934. Na época o Prefeito da Cidade era Antônio Carlos de Assumpção. Um dos objetivos do impresso é a publicação, na íntegra, dos documentos históricos que constam no acervo.[14]

Um ano após o lançamento foi incorporada ao recém-criado Departamento de Cultura e Recreação e passou a circular mensalmente. A linha editorial foi diversificada e foram publicados artigos de autores estrangeiros e pesquisas sobre história, etnologia, sociologia, antropologia e questões voltadas à preservação da memória nacional.[1]

A publicação foi ganhando destaque e se tornou um importante veículo de comunicação para a intelectualidade paulistana, paulista e brasileira. Nos anos de 1930, a Revista chegou a ser distribuída em outros países, tendo uma tiragem recorde de 2000 exemplares.[1]

Além da transcrição de documentos existentes no Arquivo, também foram publicados estudos de autores como Afonso de Taunay, Caio Prado Jr., Mário de Andrade, Paulo Duarte, Claude LéviStrauss, Florestan Fernandes e Antônio de Alcântara Machado.[1]

A revista não teve por grande parte do tempo uma periodicidade regular, ela chegou a ficar dez anos sem circular e foi retomada no ano de 2002. Entre os volumes mais destacados estão os que homenagearam os 70 anos da própria publicação e os 450 anos da cidade de São Paulo.[14]

Coleção de Fotografias

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O Arquivo Histórico de São Paulo ainda conta com uma coleção de fotografias que estão disponíveis para consulta a cerca de dez anos. O acervo iconográfico que apresenta grande valor histórico tem imagens produzidas sobretudo na primeira metade do século XX[16].

As temáticas principais giram em torno das ações municipais desenvolvidas na estrutura urbana, sobretudo na área em que a expansão urbana ocorre de forma mais acelerada, entre as décadas de 1920 e 1950.[14]

As fotografias têm três eixos temáticos predominantes[17]:

a) documentação urbana: registros do cotidiano na cidade, como por exemplo pavimentação de logradouros, aberturas de vias e construção de edifícios públicos.

b) assessoria de imprensa: cobertura de ações oficias dos prefeitos, como por exemplo inaugurações e eventos políticos.[17]

c) fundos particulares: são as mais recentes e registram a vida social pública e privada dos donos originais do acervo, por exemplo através de retratos de família e ambientes domésticos.[17]

São cerca de 5 mil fotografias, entre álbuns, montagens, positivos e negativos simples.[18] A maioria da coleção de fotografias está disponível na internet[19].

Dicionário de Ruas

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O AHM desenvolveu uma ferramenta intitulada "Dicionário de Ruas" que permite o acesso a informações do nome dos logradouros públicos da capital paulista. Foram compilados os dados da documentação disponível na instituição para a criação do site.[20]

A Associação Amigos do Arquivo Histórico Municipal foi criada no dia 24 de setembro de 2008. A instituição visa contribuir para o aprimoramento cultural, técnico e administrativo do Arquivo Histórico Municipal e fomentar entre a população os valores do direito à Memória e da garantia de acesso universal à informação[6] A Associação produz um informativo sobre o Arquivo.[21]

Como exemplares do acervo, temos: mapas e boletins referentes aos recenseamentos da população; livros de receita e despesa da Câmara Municipal; os livros de contas correntes e caixa da municipalidade; livros de tombo; livros de cemitérios; e os livros de protocolo, entrada e saída de papéis, da Câmara Municipal e da Prefeitura de São Paulo.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j Guia Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. São Paulo: [s.n.] 2007 
  2. a b «www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/upload/guia_arquivo_historico_1253293799.pdf» (PDF). Prefeitura de São Paulo. Consultado em 30 de setembro de 2018 
  3. a b c d e f g «Histórico | Secretaria Municipal de Cultura | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  4. «Legislação Municipal - Catálogo de Legislação Municipal». legislacao.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 14 de março de 2022 
  5. «Ao completar 100 anos, Arquivo Histórico Municipal será ampliado | Secretaria Municipal de Cultura | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  6. a b c d e «Publicação Conhecendo o Arquivo Histórico Municipal-versão FlashPageFlip». www.arquiamigos.org.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  7. Revista do Arquivo Municipal nº191. São Paulo: [s.n.] 1978. pp. pág. 22 
  8. Revista do Arquivo Municipal nº191. São Paulo: [s.n.] 1978. pp. pág.26 
  9. a b «Pontos Turísticos Edifício Ramos de Azevedo - São Paulo - Guia da Semana». Guia da Semana (em inglês). Consultado em 30 de novembro de 2018 
  10. «10. Ramos de Azevedo: o arquiteto que remodelou São Paulo». VEJA SÃO PAULO 
  11. «RESOLUÇÃO Nº 28 / CONPRESP / 2016» (PDF). 2016 
  12. «Edifício Ramos de Azevedo (Arquivo Historico Municipal) – Jornada do Patrimônio». www.jornadadopatrimonio.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  13. «Arquivo Histórico de São Paulo é ampliado e ganha nova sede - SPressoSP». SPressoSP. 16 de julho de 2015 
  14. a b c d «REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL» (PDF). 2006. Consultado em 30 de setembro de 2018 
  15. «Praça Coronel Fernando Prestes - Monumentos». Monumentos. 28 de março de 2014 
  16. «Acervo fotográfico do Arquivo Histórico de São Paulo | Secretaria Municipal de Cultura | Prefeitura da Cidade de São Paulo». www.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  17. a b c «Vista do Vocabulário controlado para acervos fotográficos: iniciativa e desenvolvimento no Arquivo Histórico de São Paulo». www.journals.usp.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  18. «Conheça o Arquivo Histórico de São Paulo». Prefeitura 
  19. [http://www.arquiamigos.org.br/foto/index.php «AHSP - Acervo Fotogr�fico do Arquivo Hist�rico de S�o Paulo - vers�o 1.0 - dezembro 2011»]. www.arquiamigos.org.br. Consultado em 30 de novembro de 2018  replacement character character in |titulo= at position 21 (ajuda)
  20. «DICIONÁRIO DE RUAS». dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  21. «Informativo do Arquivo Histórico de São Paulo - Número 31 - dezembro de 2012». www.arquiamigos.org.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 

Ligações externas

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