Bilhetagem eletrônica – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bilhetagem eletrônica (português brasileiro) ou bilhética eletrónica (português europeu) é um conceito usado nos transportes públicos de algumas cidades do mundo que consiste basicamente no pagamento do valor das passagens de forma eletrônica, utilizando dispositivos especiais, como o cartão inteligente ou similar.

Com a bilhetagem eletrônica é possível agregar vários outros benefícios além da vantagem principal de não utilizar dinheiro no pagamento das tarifas, como por exemplo:

  • Criação redes de integrações - que permitem ao usuário do sistema fazer várias viagens pela rede de transportes (ou mesmo entre redes distintas) porém pagando um valor reduzido que o valor de cada uma das passagens durante o seu deslocamento.[1]
  • Melhor gerência da rede de transporte, pois o sistema de bilhetagem gera relatórios onde o gestor do sistema de transporte poderá identificar a necessidade de fazer ajustes, como o incremento do número de veículos circulando numa linha.[2][3]
  • Integração com outros sistemas, tais como o rastreamento dos ônibus por GPS, onde pode ser criada uma rede de informações úteis para o usuário, que poderá saber, por exemplo, quanto tempo levará para o ônibus desejado chegar ao ponto de embarque.[2]

Outra possível vantagem da bilhetagem eletrônica é a segurança dos usuários e funcionários do transporte de passageiros — como motoristas e cobradores — pois os ônibus passam a circular com menos dinheiro, diminuindo o interesse de criminosos em praticar assaltos aos veículos.[2]

Apesar dos benefícios, a bilhetagem eletrônica no Brasil tem apresentado dificuldades em atingir todo o seu potencial, sendo uma das causas a pouca variedade de fornecedores de tecnologias e práticas de mercado anti-competitivas, como demonstram relatórios de entidades representantes do setor de transporte público, como a ANTP.

Nesses casos, fornecedores de tecnologia em bilhetagem eletrônica utilizam softwares proprietários que impedem integrações com provedores terceiros, aumentando os custos de manutenção e atualização dos sistemas. Outros relatos envolvem a exclusividade da compre dos cartões e bilhetes somente dos fornecedores, onerando bastante as compras. Outra grande restrição para os sistemas é a exigência de se pré-formatar/inicializar os cartões inteligentes somente pelo fornecedor de tecnologia, prejudicando muitas vezes a logística de distribuição – compra, armazenamento e venda.

Atualmente a bilhetagem eletrônica tem evoluído para se integrar com outros modais, por exemplo táxis e bicicletas, além de aceitas múltiplos métodos de pagamento, como QR Code, cartões EMV e NFC.

Novas tecnologias digitais para bilhetagem

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Os bilhetes digitais tem se apresentado como a nova fronteira para a bilhetagem eletrônica no transporte público, sobretudo com a ampla digitalização de serviços e o a popularização dos smartphones e redes móveis. Com a evolução da tecnologia de tockenização e Account Based Ticketing (ABT) a mídia física, o cartão inteligente, pode ser substituído por qualquer meio de acesso ao transporte público, seja um smartphone, relógio digital ou cartão bancário. Novos soluções e empresas têm surgido para suprir a demanda por novas tecnologias de pagamento e bilhetagem no transporte público.[4] Com isso, espera-se que usuários possam entrar em ônibus, trens, metrôs e outros modais com qualquer um dos meios usando o saldo de sua carteira digital, sem a necessidade de carregar múltiplos cartões. O saldo da carteira é acessado de maneira online, seja qual for o meio de acesso, por meio da bilhetagem digital.[5]

Para operadores de transporte é uma oportunidade de atrair novos clientes, após anos de queda de demanda de passageiros, além de reduzir os custos da operação com mais competição no mercado de bilhetagem eletrônica.

Boas práticas internacionais recomendam a contratação de bilhetagens que sejam digitais, com uso de software livre, integração com provedores de tecnologia de qualquer origem por meio de API's abertas, além da possibilidade de usar o conceito de ABT para oferecer carteiras digitais.

Listagem de alguns sistemas de bilhetagem eletrônica existentes no Brasil.

País Cidade Cartão Provedor / Fornecedor Tecnologia Introdução
Brasil Brasil Aracaju Mais Aracaju Setransp / Prodata 2008[2]
Santos CT Transporte Prodata / Piracicabana 1998
Praia Grande CT Transporte Prodata / Piracicabana 1998
Baixada Santista - EMTU (ônibus e VLT) BR Card Prodata / Brmobilidade 2016
Bagé Cartão Bá! CTC / Prodata 2009[6]
Belém Passe Fácil Setransbel / Prodata 2008
Belo Horizonte BHBus Transfácil / Tacom 2002[7]
Grande Belo Horizonte Ótimo Consórcio Ótimo/ Empresa1 (até novembro de 2024) e Prodata Mobility (a partir de novembro de 2024) 2008
Belo Horizonte (Metrô) Bipay - Bilhete Digital Bipay / ONBOARD Mobility 2023[8]
Blumenau Cartão SIGA Consórcio SIGA / Prodata 2006
Brasília Fácil DF Facil DF / Transdata 2008
Campina Grande Vale Mais Card SITRANS / Empresa1 (até maio de 2012) e Transdata (atual) 2007
Campinas Bilhete Único TRANSURC / Prodata 2006
Campo Grande PegFacil Assetur / Digicon Não disponível
Caruaru Cartão Leva AETPC / Transdata 2013
Grande Cuiabá (Cuiabá, Santo Antônio de Leverger e Várzea Grande) Cartão TEM Transporte MTU (Associação Matogrossense dos Transportadores Urbanos) 2005
Curitiba Cartão URBS URBS / Dataprom Não disponível
Grande Curitiba Metrocard Associação Metrocard / Transdata 2015
São José dos Pinhais Cartão VEM Consórcio do Vale Eletrônico Municipal / Empresa1 Não disponível
Araucária TRIAR SMPL / Transdata Não disponível
Campo Largo Cartão Cidadão Transpiedade / Não disponível Não disponível
Florianópolis Passe Rápido SETUF / Empresa1 2003
Fortaleza Vale Transporte Eletrônico VTE Fortaleza / Empresa1 2008
Foz do Iguaçu Único Unicofoz / Transdata 2010
Goiânia Cartão Fácil RMTC / SET Não disponível
Grande Florianópolis (Biguaçu, São José e Palhoça) Fácil (Metropolitano) SETUF / Empresa1 2012
Grande Natal (Parnamirim, Macaiba, Ielmo Marinho, São Gonçalo do Amarante) RN Card, antigo Trampolim Card RN Card / Transdata 1996[9]
Grande Salvador Metropasse Associação Baiana de Transportes Metropolitanos[10][11][12]

Associação das Empresas de Transporte Coletivo Rodoviário do Estado da Bahia[13]

Não disponível
Grande Vitória (Cariacica, Fundão, Guarapari, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória) Cartão GV GVBUS / Tacom 2019
Guarujá City + Autopass 2019
Itajaí SIM Coletivo Itajaí / Prodata 2008
Itu Avante Turismo Cittati 2018
João Pessoa Passe Legal AETC-JP (Cartão Cidadão / Vale Transporte / Cartão Estudante) / Transdata 2006
Maceió Bem Legal Transpal / Prodata Não disponível
Manaus Passa Fácil Sinetram / Dataprom Não disponível
Natal NatalCard Seturn / Fujitec (até 2013) e Transdata Smart (atual) 2008
Nova Lima VT Direto Via Ouro / Tacom 2006
Novo Hamburgo Passagem Inteligente Versul 2004
Palmas SBE-Palmas Seturb / Dataprom 2006
Porto Alegre TRI EPTC / Prodata 2008
Porto Velho SIM Digital SigonPass / Empresa1 2016
Recife Vale Eletrônico Metropolitano Grande Recife Consórcio / Prodata e Digicon (Jaboatão) 2009[3]
Ribeirão Preto NOSSO TRANSURBRP / Prodata Não disponível
Rio Branco MEU Cartão Sindcol / Prodata Não disponível
Rio de Janeiro Riocard Fetranspor / Riocard TI [link] 2005
Salvador Salvador Card Transalvador / Tacom 2006
Salvador Cartão CCR Metrô Bahia CCR Metrô Bahia [link] 2016[14]
São Luís Cartão Vale-Transporte SET-São Luís / Dataprom 2006
São João Del Rei Del Rei Card Presidente / Prodata 2011
São Paulo Bilhete Único SPTrans / Prodata e Digicon 2004
RMSP e São Roque Cartão BOM
Cartão TOP
EMTU / Autopass 2006
Sorocaba ComVocê Urbes / Empresa 1 2011
Teresina + Fácil SETUT / Tacom 2003
Toledo PasseBem VST / Transdata 2014
Portugal Portugal Área Metropolitana do Porto Andante Transportes Intermodais do Porto 2002
Área Metropolitana de Lisboa Navegante, Viva, Sete colinas Transportes Metropolitanos de Lisboa 2006

Referências

  1. «O que é Integração Temporal». Portal da SMTU de Manaus. SMTU - Manaus. Consultado em 7 de maio de 2013 
  2. a b c d «Bilhetagem eletrônica». Portal do Mais Aracaju. Setransp - Aracaju. Consultado em 7 de outubro de 2013 
  3. a b «Serviços - Bilhetagem Eletrônica». Portal do Grande Recife Consórcio de Transportes. Consultado em 7 de outubro de 2013 
  4. Moreira, Antonoa (7 de julho de 2019). «Bilhetagem Digital: o novo paradigma do transporte público». Agora é Simples. Consultado em 27 de abril de 2020 
  5. Moreira, Antonia (27 de março de 2019). «Tudo sobre Bilhetagem em Nuvem». Agora é Simples. Consultado em 27 de abril de 2020 
  6. http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=35507&busca=1&palavra=bilhetagem%20eletronica
  7. http://www.revistatechnibus.com.br/destaque_princ/index.php?cod=6&edicao=12&revista=2
  8. «Metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte ganha novo sistema de bilhetagem digital». www.agenciaminas.mg.gov.br. 1 de setembro de 2023. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  9. Trampolim da Vitória: Inovações e Tecnologias da Trampolim da Vitória
  10. «Resolução AGERBA Nº 25 DE 04/08/2015 - Estadual - Bahia - LegisWeb». www.legisweb.com.br. Consultado em 6 de outubro de 2016 
  11. «Metropasse». www.metropasse.com.br. Consultado em 6 de outubro de 2016 
  12. «Jornal Primeira Pagina». www.jornalprimeirapagina.com.br. Consultado em 6 de outubro de 2016 
  13. «PRIMEIRO DIA ÚTIL: Integração de ônibus metropolitano com metrô é ampliada». PRIMEIRO DIA ÚTIL: Integração de ônibus metropolitano com metrô é ampliada. Consultado em 6 de outubro de 2016 
  14. «Metrô começa cobrança hoje; veja todas as formas de usar o sistema». Consultado em 6 de outubro de 2016