Mateus 5 – Wikipédia, a enciclopédia livre
Evangelho segundo Mateus |
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Mateus 5 é o quinto capítulo do Evangelho de Mateus no Novo Testamento da Bíblia. Ele contém a primeira parte do Sermão da Montanha, que tomará também o capítulo seguinte e metade do capítulo sete. Partes do discurso são similares ao chamado Sermão da Planície em Lucas 6, mas muito só é encontrado em Mateus.
Na divisão proposta por John Wesley do Sermão, o capítulo cinco delineia os princípios éticos dos verdadeiramente religiosos e é, por isso, um dos mais discutidos e analisados capítulos do Novo Testamento. Kissinger relata que, entre os primeiros cristãos, nenhum outro capítulo era tão citado quanto este e o mesmo continua verdadeiro até hoje. Na Idade Média, uma interpretação foi proposta afirmando que este capítulo só se aplicava a um grupo seleto e não à população toda. Martinho Lutero, numa discussão sobre Mateus 5, criticou duramente a interpretação católica, afirmando que "este quinto capítulo caiu nas mãos de porcos e asnos vulgares, os juristas e sofistas, a mão direita de um burro de carga de um papa e seus mamelucos".[1]
A fonte de Mateus 5 é incerta. É possível identificar um punhado de paralelos com o Evangelho de Marcos e um número maior em relação ao Sermão da Planície do Evangelho de Lucas. Para os que acreditam na hipótese das duas fontes, seria isto um indicativo de que a maior parte do texto teria vindo da fonte Q. Porém, McArthur[2] lembra que os paralelos com Lucas tendem a ser muito tênues. Há ainda um número considerável de versículos que não tem paralelo em nenhum outro lugar e, por isso, MacArthur teoriza que haveria um passo a mais entre as fontes utilizadas por Mateus e Lucas do que o habitual.
Bem-aventuranças
[editar | editar código-fonte]Depois de uma breve introdução, Mateus introduz a seção conhecida como "Bem-aventuranças" (ou "Beatitudes"), que contém alguns dos ensinamentos mais famosos de Jesus (como "Ofereça a outra face"). Gundry propõe uma divisão em dois quartetos para esta seção. O primeiro delineia a perseguição aos seus discípulos e as recompensas que receberão por suportarem o tormento. O segundo lista o comportamento justo que levou à perseguição. A maior parte dos estudiosos acredita que a nona bem-aventurança, em Mateus 5:11, é distinta das primeiras oito, como se demonstra pela brusca mudança para uma narrativa em segunda pessoa. Quatro bem-aventuranças estão também em Lucas enquanto que as demais só aparecem em Mateus.
Depois das Beatitudes aparecem uma série de metáforas chamadas Sal e Luz, que são geralmente entendidas como comentários sobre elas. Entre elas estão diversas expressões famosas de Jesus, como "sal da terra", "luz do mundo" e "cidade sobre o monte" (que deu origem ao importante conceito político norte-americano da "city upon a hill").
Antíteses
[editar | editar código-fonte]A narrativa depois passa para uma discussão fortemente estruturada ("Tendes ouvido que foi dito ... Eu, porém, vos digo") sobre a "Lei e os Profetas"[a] ou a "Antiga Aliança". Mateus 5:17–48 é tradicionalmente chamada de "As Antíteses", embora Gundry tenha suas objeções.[4] A NVI traduz Mateus 5:17–20 como "A Realização da Lei", a NRSV como "A Lei e os Profetas" e "O Novo Testamento Grego", das Sociedades Bíblicas Unidas, editada por Kurt Aland, Bruce Metzger e outros, como "Ensinamentos sobre a Lei". Seja como for, esta seção está no cerne da discussão sobre a relação as doutrinas atribuídas a Jesus, como o Evangelho, a graça, a Nova Aliança, o Novo Mandamento e a Lei de Cristo em relação àquelas atribuídas a Moisés ou à Lei Mosaica e, portanto, entre o Novo e o Antigo Testamento. É uma seção fundamental para compreender as visões cristãs sobre a Antiga Aliança, a relação entre a Lei e o Evangelho e é a base da ética cristã. Em Mateus 5:17, Jesus afirma que veio realizar a Lei e não destruí-la. Já em Marcião de Sinope no início do século II, a interpretação desta frase tem sido uma constante polêmica, incluindo visões extremas como a da abrogação das leis do Antigo Testamento.
Depois da introdução, os versos seguintes são comentários sobre seis tópicos específicos nos quais Jesus recita a Lei, começando com dois dos Dez Mandamentos, e depois comenta sobre eles. As seis antíteses são:
- "Não matarás" em Mateus 5:21-30
- "Não cometerás adultério" em Mateus 5:32
- Divórcio em Mateus 5:31
- Juramentos em Mateus 5:32-37
- "Olho por olho" em Mateus 5:38-42
- "Ame o próximo como a ti mesmo" em Mateus 5:43-48
Manuscritos
[editar | editar código-fonte]- Codex Argenteus - versículos 5:15-48
- Papiro 86 - versículos 5:13-16, 22-25
Ver também
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Precedido por: Mateus 4 | Capítulos do Novo Testamento Evangelho de Mateus | Sucedido por: Mateus 6 |
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ "5:17 'Lei' e 'Profetas' se referem às duas primeiras partes da Bíblia Hebraica: Lei, Profetas e Escritos. A 'Lei' pode também ser uma referência para toda a Bíblia Hebraica e também para os cinco primeiros livros (o Pentateuco)[3]
Referências
- ↑ Lutero, Martinho, tr. para o inglês de Charles A. Hay. Commentary on “Sermon on the Mount”. Prefácio
- ↑ McArthur, Harvey King. Understanding the Sermon on the Mount. Westport: Greenwood Press, 1978.
- ↑ The Complete Gospels, Robert J. Miller ed., 1992 Polebridge Press, página 66, nota do tradutor
- ↑ Commentary on Matthew, Robert H. Gundry, Baker Academic 2011, Matthew 5:21-48
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Albright, W.F. and C.S. Mann. "Matthew." The Anchor Bible Series. New York: Doubleday & Company, 1971.
- Betz, Hans Dieter. Essays on the Sermon on the Mount. translations by Laurence Welborn. Philadelphia: Fortress Press, 1985.
- Clarke, Howard W. The Gospel of Matthew and its Readers: A Historical Introduction to the First Gospel. Bloomington: Indiana University Press, 2003.
- France, R.T. The Gospel According to Matthew: an Introduction and Commentary. Leicester: Inter-Varsity, 1985.
- Gundry, Robert H. Matthew a Commentary on his Literary and Theological Art. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1982.
- Hill, David. The Gospel of Matthew. Grand Rapids: Eerdmans, 1981
- Kissinger, Warren S. The Sermon on the Mount: A History of Interpretation and Bibliography. Metuchen: Scarecrow Press, 1975.
- Kodjak, Andrej. A Structural Analysis of the Sermon on the Mount. New York: M. de Gruyter, 1986.
- Lapide, Pinchas. The Sermon on the Mount, Utopia or Program for Action? translated from the German by Arlene Swidler. Maryknoll: Orbis Books, 1986.
- McArthur, Harvey King. Understanding the Sermon on the Mount. Westport: Greenwood Press, 1978.
- Schweizer, Eduard. The Good News According to Matthew. Atlanta: John Knox Press, 1975
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Mateus 5 em diversas versões da Bíblia». Bíblia Online