Hiponatremia – Wikipédia, a enciclopédia livre
Hiponatremia | |
---|---|
Sódio | |
Especialidade | nefrologia, endocrinologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | E87.1 |
CID-9 | 276.1 |
CID-11 | 761639036 |
DiseasesDB | 6483 |
MedlinePlus | 000394 |
eMedicine | emerg/275 med/1130 ped/1124 |
MeSH | D007010 |
Leia o aviso médico |
Hiponatremia é um transtorno metabólico causado por um desequilíbrio hidroeletrolítico no organismo que leva a uma concentração anormalmente baixa de sódio no sangue.[1][2] Trata-se de um distúrbio geralmente assintomático, com sinais e sintomas presentes apenas nos casos graves.[3][4][5] Os sintomas incluem letargia, apatia, desorientação, câimbras, anorexia, náuseas, dores de cabeça e agitação. Dentre os sinais clínicos clássicos observados no paciente hiponatrêmico estão anormalidades sensório motoras, reflexos profundos diminuídos, respiração de Cheyne-Stokes, hipotermia, reflexos patológicos, paralisia pseudobulbar, convulsões e coma.[3][4][5][6] Os níveis normais de sódio no soro são de 136-145 mEq/litro (136-145 mmol/L).[2][7] A hiponatremia é geralmente definida quando os níveis séricos de sódio são inferiores a 136 mEq/L. Sintomas graves normalmente só ocorrem quando os níveis estão abaixo de 125 mEq/L.[2][8]
O distúrbio é classificado a partir das causas e de acordo com o volume corporal total do paciente.[9] A hiponatremia com contração do volume extracelular ocorre por diarreia, vômitos, sudorese, uso de diuréticos e ingestão excessiva de água. A hiponatremia com volume extracelular normal pode ter como causas o hipotireoidismo, deficiência de corticosteroides, estresse, dor, drogas, síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIHAD) e ingestão diminuída de solutos (abuso de ingestão de cerveja ou de dietas com baixo teor de proteínas e excesso de ingestão de água). A hiponatremia com expansão do volume extracelular pode ocorrer na insuficiência cardíaca, cirrose hepática, síndrome nefrótica e insuficiência renal.[1][3] Pacientes com hiperproteinemia, como nos casos de mieloma múltiplo, hiperlipidemia e hiperglicemia podem apresentar exames de dosagem de sódio falsamente baixos (pseudohiponatremia ou hiponatremia fictícia).[10][11]
A abordagem terapêutica consiste basicamente em tratar a causa subjacente e pode variar desde a restrição hídrica até a reposição de salina iso ou hipertônica.[1][3] Nos casos sintomáticos, entretanto, deve-se realizar a reposição salina, independente da causa, especialmente se a hiponatremia ocorreu de maneira muito rápida.[3][1] É importante que a reposição não exceda 8 a 10 mEq/L em 24 horas, para evitar um aumento muito rápido dos níveis de sódio, que poderia causar uma desmielinização osmótica da ponte, condição potencialmente fatal conhecida como mielinólise pontina central.[3][12][11]
A hiponatremia é um dos desequilíbrios hidroeletrólitos mais comuns, afetando cerca de 20% das pessoas admitidas nos hospitais e 10% dos atletas durante ou após um evento esportivo de resistência.[11][5][6][10] Pacientes com hiponatremia adquirida em decorrência da internação hospitalar têm um risco aumentado de morte.[10]
Sintomas
[editar | editar código-fonte]Os sintomas típicos incluem náusea, vômito, cefaleia e mal-estar. Com a progressão da hiponatremia pode haver confusão, reflexos diminuídos, convulsões, estupor e coma.
Causas
[editar | editar código-fonte]A hiponatremia possui diversas causas. Ela é melhor avaliada se for considerada em conjunto com a osmolaridade plasmática e estado do volume do líquido extracelular do paciente.
Tipo | Osmolalidade sérica (mOsm/kg) | Descrição |
---|---|---|
Hiponatremia hipotônica | < 280 | Possui diversas causas. É ainda classificada, de acordo com o estado volêmico do paciente, em hipovolêmica, normovolêmica e hipervolêmica. |
Hiponatremia isotônica | entre 280 e 295 | Algumas condições que interferem em testes laboratoriais da concentração de sódio plasmático (como níveis extremamente altos de lipídios ou proteínas no sangue) podem levar a uma aferição errônea de sódio baixo. Isso é chamado de pseudohiponatremia. |
Hiponatremia hipertônica | > 295 | Pode ser associada com mudanças de fluido devido à pressão osmótica. |
Tratamento
[editar | editar código-fonte]O tratamento da hiponatremia depende da causa subjacente. Em situações de hipervolemia (Insuficiência cardíaca e Cirrose), o esteio o tratamento está na restrição hídrica (habitualmente < 800ml/dia). Noutras situações, se a pessoa apresenta sintomas neurológicos leves como esquecimentos e alterações na marcha, a restrição hídrica e suplementação de sal oral (exceto nos casos de Insuficiência cardíaca) costuma ser suficiente. Sintomas neurológicos intermediários, como confusão e letargia, a administração intravenosa de solução salina a 3% pode ser efetiva. Em casos agudos e graves (convulsões) pode ser administrado um bolus de 100ml de solução salina a 3%.
Referências
- ↑ a b c d Lee et al 2014, p. E281–E286.
- ↑ a b c Rocha 2011, p. 248-260.
- ↑ a b c d e f Vieira Neto, Moysés Neto 2003, p. 325-337.
- ↑ a b Williams et al 2016, p. 407-411.
- ↑ a b c Ball, Stephen (2015). «Hyponatremia». Endotext (em inglês). MDText. Consultado em 16 de Setembro de 2016
- ↑ a b Henry 2015, p. ITC1-19.
- ↑ Kuruvilla 2007, p. 329.
- ↑ Gentile et al 2010, p. 159-164.
- ↑ «Guidelines para a Prática Clínica no Diagnóstico e Tratamento da Hiponatrémia» (PDF). European Renal Best Practice. 2015. Consultado em 16 de Setembro de 2016
- ↑ a b c Filippatos et al 2016, p. 22-25.
- ↑ a b c Pfennig, Slovs 2013, p. 1639–1642.
- ↑ Barbosa, Sztajnbok 1999, p. s223-s233.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Barbosa, A.P.; Sztajnbok, J (1999). «Distúrbios hidroeletrolíticos». Jornal de Pediatria. 75 (Supl.2): s223-s233. ISSN 1678-4782. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Filipatos, T.D.; Liamis, G.; Christopoulou, F.; Elisaf, M.S (abril de 2016). «Ten common pitfalls in the evaluation of patients with hyponatremia» (PDF). European Journal of Internal Medicine (em inglês) (29): 22-25. ISSN 0953-6205. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Gentile, J.K.A.; Haddad, M.M.C.B.; Simm, J.A.; Moreira, M.P (2010). «Hiponatremia: conduta na emergência» (PDF). Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. 8 (2): 159-164. ISSN 1679-1010. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Henry, D.A (agosto de 2015). «In the Clinic: Hyponatremia». Annals of internal medicine (em inglês). 163 (3): ITC1–19. ISSN 1539-3704. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Lee, J.J.Y.; Kilonzo, K.; Nistico, A.; Yeates, K (maio de 2014). «Management of hyponatremia». Canadian Medical Association Journal (em inglês). 186 (8): E281–E286. ISSN 1488-2329. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Pfennig, C.L.; Slovis, C.M. (2013). «Capítulo 125: Electrolyte disorders». In: Marx, J.A.; Hockberger, R.S.; Walls, R.M. Rosen's Emergency Medicine - Concepts and Clinical Practice (em inglês). volume 2 8ª ed. Filadélfia: Elsevier Saunders. p. 1639–1642. ISBN 978-1-4557-0605-1. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Rocha, P.N (2011). «Hiponatremia: conceitos básicos e abordagem prática» (PDF). Jornal Brasileiro de Nefrologia. 33 (2): 248-260. ISSN 2175-8239. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Vieira Neto, O.M.; Moysés Neto, M (2003). «Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico» (PDF). Revista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. 36 (2/4): 325-337. ISSN 2176-7262. Consultado em 16 de setembro de 2016
- Williams, D.M.; Gallagher, M.; Handley, J.; Stephens, J.W (julho de 2016). «The clinical management of hyponatraemia». Postgraduate Medical Journal (em inglês). 92 (1089): 407-411. ISSN 1469-0756. Consultado em 16 de setembro de 2016