Rua Direita (São Paulo) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Rua Direita (São Paulo) | |
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Rua Direita em 2019 | |
Nomes anteriores | Rua Direita de Santo Antônio e Rua Direita da Misericórdia |
Inauguração | Séc. XVI |
Extensão | Aprox. 300 m |
Início | Praça da Sé |
Subprefeitura(s) | Sé |
Distrito(s) | Sé |
Fim | Praça do Patriarca |
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A Rua Direita é um dos mais antigos logradouros da cidade de São Paulo, localizada na região da Sé.[1] Tem início na Praça da Sé e término na Praça do Patriarca. Forma em conjunto com a rua Quinze de Novembro e a rua São Bento, o histórico "triângulo" do centro da cidade.[2] Faz esquina com a rua José Bonifácio, o Largo da Misericórdia e a rua Quintino Bocaiuva.
História
[editar | editar código-fonte]Foi aberta no final do século XVI para ligar o centro da cidade com a antiga estrada que levava à aldeia indígena de Pinheiros.[3]
Delineou-se sem nenhum planejamento, por força da necessidade. Do Pátio do Colégio, berço de São Paulo, seguindo-se pela Igreja da Misericórdia, e após a Igreja de Santo Antônio, precipitava-se para o Vale do Anhangabaú, subia-se no que futuramente seria a Ladeira do Piques (rua Quirino de Andrade), e então o caminho de Pinheiros, atual Rua da Consolação (antiga Estrada de Sorocaba). A partir daí entrava-se no sertão.
Dar a denominação de Rua Direita a principal rua de uma cidade é um costume que veio de Portugal com os colonizadores. Não importando se a rua era reta ou não, sendo a principal rua da cidade ela tinha que se chamar Direita, e geralmente ficava à direita da principal igreja local, devido a influência religiosa na vida das pessoas. A rua inicialmente foi chamada "Direita de Santo Antônio" e também "Direita da Misericórdia", sendo os templos religiosos as referências.[4]
Entre 1700 e início de 1800 a maioria de suas casas eram assobradadas, com comércio no térreo e residência no andar superior.
Em 1828 a rua ganhou iluminação pública com lampiões funcionando à azeite ou óleo de peixe. Somente a partir de 1870, com os melhoramentos da cidade, passa a ter iluminação pública a gás, bondes tracionados por burros, água encanada e calçamento com paralelepípedos. A iluminação elétrica chega em 1890.[5]
Em conjunto com as Ruas São Bento e Quinze de Novembro formou o célebre “Triângulo Paulistano", representando o centro da vida comercial, intelectual e elegante da cidade de São Paulo dos finais do século XIX e início do século XX.[3]
Foram seus moradores ilustres o Barão de Iguape (Antônio da Silva Prado), o Barão do Tietê (José Manuel da Silva), e ainda o senador Nicolau de Campos Vergueiro.
A partir de 1950, a Direita e outras ruas do centro velho passaram a ser destinadas estritamente aos pedestres.[5]
Comércio
[editar | editar código-fonte]Desde os meados do século XIX a série de lojas da rua Direita era iniciada pela Casa Lebre, funcionando em casarão de propriedade do Barão de Tietê na esquina com a rua Quinze de Novembro, loja que sobreviveu por décadas.[6]
No início do século XX começaram a aparecer lojas bem mais sofisticadas, quando foram adotadas vitrinas e atendimento mais elaborado.
Assim surgiu a Casa Alemã (depois Galeria Paulista de Modas), que construiu uma moderna sede na rua Direita e atravessou décadas. A Casa Au Bon Marché, quase na esquina da atual Praça do Patriarca, e depois, quase em frente, instalou-se a Casa Bonilha.
Também foi escolhida pela Casa Bevilaqua, uma das primeiras em instrumentos musicais do Brasil.[7]
Consta no Farol Paulistano de 1828 a divulgação de cadeiras e canapés vindos da Inglaterra que poderiam ser encontrados à Rua Direita, 2 ou na casa do Sr. Joaquim Elias.[8]
E ainda se estabeleceram na rua Ao Preço Fixo, Sedanyl, Tecelagem Francesa, Casa Henrique, Casa Cosmos, Casa Sloper, Lojas Brasileiras, Lojas Americanas, Marcel Modas, e outras tantas que mantiveram longamente a sua tradição comercial.
Imóveis históricos
[editar | editar código-fonte]No antigo prédio nº 33 da rua Direita foi inaugurada em 07 de janeiro de 1884 pela Companhia Telégrafos Urbanos (Ferdinand Rodde & Co.) a primeira central telefônica da cidade de São Paulo (uma das primeiras do Brasil), fazendo parte da história das telecomunicações do país.[9][10]
O Edifício Guinle é considerado o 1º arranha-céu de São Paulo, com 7 andares, sendo o precursor da verticalização na cidade. Construído entre os anos de 1913 a 1916, de autoria do arquiteto Hipólito Pujol Junior, apenas teve sua construção aprovada pela Prefeitura após laudo oficial, pois o então prefeito Barão de Duprat duvidou que um edifício de tal porte tivesse estabilidade.[11]
Para isso foi solicitado um aval ao engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza, então diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O edifício possui figuras que lembram folhas e frutos de café, que remetem à riqueza do "ouro verde" que viabilizou a sua construção no início do século XX.[11]
O luxuoso Cine Alhambra foi construído em 1927 e pertencia aos senhores João Batista de Souza e Manuel Pereira Guimarães. Foi inaugurado no ano de 1928 com a exibição do filme "A Carne e o Diabo", da MGM, cuja exibição foi considerada "imprópria para senhoritas" na época.[12]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- AMERICANO, Jorge: São Paulo Naquele Tempo (1895 - 1915). Carrenho Editorial/Narrativa Um/Carbono 14, 2004.
- PIRES,Mario Jorge: Sobrados e Barões da Velha São Paulo. Editora Manole Ltda., 2006.
Referências
- ↑ «DIC.ruas - RUA DIREITA». dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 31 de agosto de 2023
- ↑ «Rua Direita». SampaArt. Consultado em 1 de março de 2011
- ↑ a b Alex, Felipe; Herculano, re (16 de maio de 2013). «Triângulo Histórico – Rua Direita». SAMPA HISTÓRICA. Consultado em 15 de junho de 2020
- ↑ Minas, Conheça. «Rua Direita: entenda o porque muitas ruas tem esse nome». Consultado em 4 de setembro de 2023
- ↑ a b gibarios (20 de abril de 2015). «RUA DIREITA». São Paulo e Suas Ruas. Consultado em 15 de junho de 2020
- ↑ «ALMANACK PAULISTANO - Casa Lebre». web.archive.org. 19 de dezembro de 2009. Consultado em 31 de agosto de 2023
- ↑ «Rua Direita :: São Paulo - Minha Cidade». www.saopaulominhacidade.com.br. Consultado em 15 de junho de 2020
- ↑ «História do Comércio do Centro de São Paulo: Estabelecimento da Rua Direita número 2 - 1828». www.moyarte.com.br. Consultado em 15 de junho de 2020
- ↑ «A história do telefone em São Paulo » São Paulo Antiga». São Paulo Antiga. 29 de outubro de 2021. Consultado em 31 de agosto de 2023
- ↑ «Um século de telecomunicações - A vez de São Paulo». www.novomilenio.inf.br. Consultado em 31 de agosto de 2023
- ↑ a b «Folha.com - São Paulo - Erguido há 97 anos, edifício Guinle esbanja saúde de concreto - 07/09/2010». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 31 de agosto de 2023
- ↑ «Cine Alhambra». São Paulo Antiga. 26 de março de 2015. Consultado em 15 de junho de 2020
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com Rua Direita (São Paulo) no Wikimedia Commons
- Almanack Paulistano-Rua Direita
- Rua Direita-SampaArt-História
- Edifício Guinle, o 1º arranha-céu de SP