Trólebus de Araraquara – Wikipédia, a enciclopédia livre
Trólebus de Araraquara | |
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Trólebus nº1, exposto na Praça da Fonte Luminosa, Araraquara. | |
Informações | |
Proprietário | Prefeitura de Araraquara |
Local | Araraquara, São Paulo |
Tipo de transporte | Trólebus |
Número de linhas | 10 (1984) |
Tráfego | 46 mil passageiros por dia (1979) |
Tráfego anual | 3.002.000 (1998) |
Sede | Praça Fonte Luminosa, Araraquara |
Funcionamento | |
Início de funcionamento | 27 de dezembro de 1959 |
Fim de funcionamento | 12 de novembro de 2000 |
Operadora(s) | Companhia Trólebus Araraquara (CTA) |
Número de veículos | 48 |
Dados técnicos | |
Extensão do sistema | 118,3 km (1986) |
O Trólebus de Araraquara foi o primeiro sistema de transporte público da cidade homônima, inaugurado em 27 de dezembro de 1959. Ampliado até a década de 1970, atingiu seu auge em 1986 quando alcançou 118,3 quilômetros de extensão e transportava mais de 46 mil passageiros por dia. Problemas econômicos e a falta de incentivos fiscais causaram a desativação do último trólebus, às vésperas de completar 41 anos, em 11 de novembro de 2000.[1][2][3]
História
[editar | editar código-fonte]Até o final da década de 1950, a cidade de Araraquara não possuía transporte público formal. O então prefeito Rômulo Lupo decidiu implantar um sistema de transporte público e, apoiado pelo governo paulista, optou pelo trólebus. Para operar e manter o futuro sistema de trólebus, a prefeitura resolveu criar a Companhia Trólebus de Araraquara (CTA), que recebeu a concessão do sistema de trólebus através da lei municipal nº 713 de 8 de dezembro de 1958. Com auxílio da iniciativa privada, a empresa mista foi formalmente constituída em 31 de agosto de 1959. A composição acionária ficou assim dividida:[2]
Acionista | Porcentagem | Valor das ações |
---|---|---|
Prefeitura de Araraquara | 87,3% | Cr$ 6.215.700,00. |
Iniciativa privada | 13,7% | Cr$ 875.000,00 |
Total | 100% | Cr$ 7.090.700,00 |
Embora possuísse a maioria das ações, a prefeitura possuía apenas parte do valor para subscrever as ações. Para arrecadar esse valor, foi instituída uma taxa no Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) da cidade por vários anos. Os primeiros veículos foram encomendados junto às empresas Grassi e Villares (que estavam lançando os primeiros trólebus totalmente fabricados no Brasil e entregues em fins de 1959. A viagem inaugural ocorreu em 27 de dezembro de 1959, quando foram inaugurados os primeiros 18 quilômetros e duas linhas: Vila Xavier/Carmo e Fonte Luminosa/Estação Ferroviária. Dessa forma, Araraquara se tornou a segunda cidade brasileira (a primeira foi Belo Horizonte) a operar trólebus nacionais.[2]
O sistema de trólebus foi ampliado em mais 10 quilômetros ao longo da década de 1960, recebendo novos veículos. Com a desativação dos trólebus de Campos, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador, a CTA adquiriu peças e equipamentos destes (incluindo subestações elétricas completas) à preço de sucata. Isso garantiu uma expansão constante do sistema pelos próximos 20 anos.[4]
Com incentivos federais da EBTU, o sistema de trólebus foi ampliado durante as décadas de 1970 e 1980, alcançando em 1986 118,3 quilômetros de extensão. Com o corte em subsídios nas tarifas elétricas em 1985, o trólebus passou a enfrentar dificuldades financeiras. A falência de fabricantes de trólebus como Cobrasma e Mafersa nos anos 1990, somado ao preço alto para aquisição de veículos sob carroceria Marcopolo Torino e chassi Volvo B58, deixou Araraquara sem possibilidade de renovação de parte da frota (em 1994 25 veículos necessitavam de substituição) além de peças e serviços. Em 1989 foi iniciada a implantação de linhas de veículos diesel e os trólebus passaram a ser desativados. A última linha foi desativada em 12 de novembro de 2000.[2][4]
Características do sistema
[editar | editar código-fonte]Linhas
[editar | editar código-fonte]Terminais | Extensão (km) | Inauguração | Desativação |
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Vila Xavier - Campus Unesp | 18,7 | 1959 | 1993 |
Fonte - Melhado | 15,6 | 1959 | 1993 |
São José - Santa Angelina | 16,5 | 1961 | 1989 |
Santana - Pinheirinho | 17,8 | 1970 | 2000 |
Altos - Vila Xavier (Circular) | 22,1 | 1972 | 2000 |
Rodoviária - Santa Cruz | 5,5 | 1980 | 1993 |
Cecap - Universal | 21,9 | 1982 | 1994 |
Frota
[editar | editar código-fonte]Araraquara operou 48 veículos. No ano de desativação do sistema de trólebus (2000), haviam apenas 17 em condições operacionais:[5][1]
Nº | Origem | Ano | Fabricante | Desativação |
---|---|---|---|---|
Brasil | 1959/1960 | Villares (equipamentos elétricos) Grassi (chassi e carroceria) | 1994/1999 | |
Brasil/Itália | 1962 | Ansaldo (equipamentos elétricos) FNM (chassi) CAIO (carroceria) | 1994 | |
10 a 21 | Brasil | 1966/1969 | Villares (equip. elétricos) Massari (chassi e carroceria) | 1994/1999 |
22 a 24 | Brasil | 1974/1975 | Villares (equip. elétricos) Massari (chassi e carroceria) CTA (construção) | 1994 |
25 a 26 | Brasil | 1974 | Villares (equip. elétricos) CMTC (chassi e carroceria) CTA (construção) | 1978 |
25 a 29 | Brasil | 1978 | Villares (equip. elétricos) CAIO/Massari (chassi e carroceria) | 2000 |
30 a 38 | Brasil/Itália | 1980 | Ansaldo (equip. elétricos) Marcopolo (carroceria) Scania (chassi) | 2000 |
Brasil | 1980 | Villares (equip. elétricos) CAIO (carroceria) Scania (chassi) | 2000 | |
Brasil | 1983 | BBC (equip. elétricos) CAIO/Massari (chassi e carroceria) | 2000 | |
41 a 43 | Brasil | 1986 | BBC/Villares (equip. elétricos) Cobrasma (chassi e carroceria) | 2000 |
44 a 46 | Brasil | 1986 | Villares (equip. elétricos) Mercedes-Benz (chassi e carroceria) | 2000 |
Passageiros Transportados
[editar | editar código-fonte]Ano[6][2][4][7] | Passageiros | % em relação ao transporte municipal | Ano | Passageiros | % em relação ao transporte municipal |
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1979 | 16 855 335 | 100% | 1990 | 17 033 717 | 78,78 |
1980 | 16 049 000 | 1991 | 14 220 868 | 69,12 | |
1981 | 15 828 000 | 1992 | 12 920 110 | 62,68 | |
1982 | 15 140 000 | 1993 | 11 360 043 | 55,88 | |
1983 | 16 250 000 | 1994 | 6 462 036[8] | 35,75 | |
1984 | 16 742 000 | 1995 | 4 178 000 | Não disponível | |
1985 | 18 458 489 | 1996 | 4 305 000 | ||
1986 | 22 338 223 | 1997 | 3 476 000 | ||
1989 | 19 184 835 | 90,05 | 1998 | 3 002 000 |
Referências
- ↑ a b Allen Morrison e Emídio Gardé (3 de março de 2004). «Os Tróleibus de Araraquara». Troleibus. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ a b c d e Fernanda Franco (2019). «CTA:60 anos de história» (PDF). ComTexto Cultural. Consultado em 24 de janeiro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 24 de janeiro de 2020
- ↑ «Companhia Tróleibus». Controladoria do Transporte de Araraquara. 2016. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ a b c Enéas Rente Ferreira (fevereiro de 1995). «Trólebus, espaço e sociedade» (PDF). Escola de Engenharia de São Carlos-Universidade de São Paulo. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ Jorge Françozo de Moraes (dezembro de 1996). «Trólebus:As fases de implantação do sistema no Brasil» (PDF). Revista ANTP dos Transportes Públicos, Ano 19, edição 73, páginas 63-82. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ Geipot (1985). «Capítulo 7 - Transporte Urbano-7.2:Transporte por Trólebus (1980-1984)». Anuário Estatístico dos Transportes do Brasil, página 639/Memória Estatística do Brasil-Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro/republicado no Internet Archive. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ Geipot (2001). «Capítulo 6 - Transporte Urbano-6.3:Transporte por Trólebus». Anuário Estatístico dos Transportes do Brasil. Consultado em 24 de janeiro de 2020
- ↑ Dados estimados. Disponíveis apenas dados de janeiro a abril de 1994:2.154.012